quinta-feira, 23 de novembro de 2017

tu beso

então entrou

fez dois giros inteiros com a língua
enfiou o primeiro
depois o segundo dedo
[que era pra ver se estava quente]

depois voltou com a língua e escreveu:
é líquida a matéria do sonho
líquida como as asas das borboletas
a rotação passada
como planetas
a rotação
um sol nos olhos fechados

parou com os giros
depois começou com a língua
de cima pra baixo que era pra ver se tava cheio

não deu tempo de saber,
quando o quando um vulcão da minha boca

te amo é só questão
de invisíveis [eu disse]

ou eu acho que disse,
enquanto sorria

das águas

ou uma das moradas
de escorpião
é em peixes

casa 8

um dia a gente descobre
que uma das moradas de escorpião
é em aquário

a sua

eu poderia beijar todas as bocas de novo
lamber todas as bocetas
fazer carinho em pau
não importa
eu poderia

mas em nenhuma boca,
hoje,
eu danço

nenhum ventre

porque sou a dança
do meu corpo

y hoje ela só é para
y por você

então eu poderia,
mas também nem posso

da poética

são lindas as histórias
que servem para
serem
penduradas num
barbante

fotografia de comércio 
cabe até um pouco de humanidade
mas só
um pouco de sorriso forçado
y tal

eu gosto mesmo é das calcinhas
dos varais
aqueles fios que nunca
nunca
nunca
se contam
y nos costura,
dentais,
uns sorrisos
invisíveis

coisa que o tempo pode não falar
delas
fotografias de desejos

onde menos se espera ou se encontra,

líquidas

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

poeta

o poeta se me
escreve
c
om a língua
em minha boca
traduz saliva
passeia canteiros
relvas
ataca minha fome
o poeta
dança silêncio
quando eu sou eterna
melancolia
o poeta
rasteja, feito serpente

no meu olvido
se abre em asas
no meu sexo
o poeta tem caligrafia de garrafa
daquelas que nunca se lê
jogada ao mar
ele tem raízes fortes
mas nada que nossas mãos juntas
nao possa plantar de novo y de novo
y.
o poeta tem um verso escondido
daqueles que não se esconde a dor
das asas
o poeta é ela..
porta aberta para delirios
com cheiro aberto
de Fé
loba uivante
quando o meu nome
nua

de te amar em caos.. de te amar como em casa

eu quero a liberdade de não ir até você
a liberdade que você nunca venha

para percorrer os espaços
onde você não está
sem demora ou fome

o lugar onde por um momento
eterno
você possa
vir

um lugar onde seja possível
te encontrar
mas sobretudo um lugar onde não é possível
nunca
te encontrar

porque eu quero esse lugar-fome
esse lugar onde você não é mais
onde não sou
onde não somos

inteiros prováveis
Nadas

atraídos pela força brusca
de lugar nenhum
não atraídos por asas
sequer pensados liberdade

porque é também nesse espaço inabitado
y também inteiro
que faço um pacto com os Deuses
onde a Deusa não mora
mas poderia

porque me reconheço matéria
viva de fomes y de silêncios
porque eu te amo mais
no quando
onde
nada acontece
y mais ainda
quando não te amo

domingo, 12 de novembro de 2017

aqui

agora esse gosto de
mar aqui
fazendo sentido na minha boca

eu
chuva eterna
passado de rio
contrariada
que não era dada a matéria da forma
enclausurada na boca da fome

eu que nunca escolhi ser rio
ou peixe
ou mar
ou nada

que me esqueci num desses vagões de ser
que me tranquei no invisível
me podei no meio de algo que não é
entranhei no corpo do sem nome
para caso você nunca chegasse

então eu te vi
num desses lugares de não te encontrar
então se faz um tempo fascinação
de bocas
seios y entranhas

coisas que não consigo mais falar

de silêncio y amor

onde fechamos os olhos
y somos




quinta-feira, 2 de novembro de 2017

ontem a noite

ontem
a noite se esticou
em bom dia

seus lábios a me beijar
sonhos
seus dedos a plantar desejos
tuas costas em asas
aquáticas

amanhecemos
y não consigo ir embora
do mar dos teus
das tuas...

direi divagações
de novo

esse mar:
reino de conchas
da sua boca
de pérolas


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

aquária

como esquecer por um segundo
seus dedos de unhas negras
descascadas em me procurar?

procuro uma imagem
ou um lugar que me faça falar dele
para que eu te esqueça

por baixo da minha saia
nasce uma estrela do [a]mar
ainda
y ela me lembra você

sabem minhas memórias
 que são suas essaa asas ou barbatanas
que são minhas

y que para brincar no aquário
é preciso habilidade com os dedos
y uma língua auspiciosa
língua de lugar nenhum
palavra de ninguém

não te esqueço aqui ainda
porque você vem com a língua
sorrateira
contorna um lado
agora o outro
dos meus voos
y

depois em mim um
ai!

como esquecer?
se também no aquário
perdido da sua blusa
um peixe ou dois
se alimentam de língua

y que não há sede
porque o que se passa no aquário
é fome

fome de línguas
dedos
de memórias
y suas divagações


terça-feira, 24 de outubro de 2017

superfície

mergulhei
no gelado gostoso da tua língua

vi o que é eterno,
secar
melancolias..

as vezes é pouco o contato
com o rio para se
afogar

às vezes o rio é boca
é gente

y às vezes também é outro

nunca se sabe onde vivem
afogamentos

domingo, 22 de outubro de 2017

ME


plantou com a língua 
três giros,
delicado traço de girassol
embebido de clitória

semeadura de espera espumosa
semente maturada de infâncias

c'oas mãos cheias de infancia
me plantou um sorriso
dedos lambidos de alma
verso escuro de terra
palavradura de ar y alquimias

me plantou
: o desejo..

plantou y me deixou na janela,
aquário de asas
para brotar como quem
ama

onde borbulhante o amor nasce
y nem se vê quem
onde ela..

plantou y também voltava
que era pra ver se o que nasce da língua
germina

agora essa clitória-
girassol rasgando o peito da terra

nos
anunciando
possíveis

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

memória futura

quando eu era pequena,
não acreditava em rio
nunca tinha visto um rio,
isso que corre suave
liquidez de cauda escura
superfície de som que nasce das bordas
mas eu acreditava em subterrâneo
sempre fui boa em nomear segredos
desde pequena
sempre acreditei
naquele que vem depois do que veio
foi então que comecei com um sentimento de Fé
e a Fé brinca,
nunca esconde
ela chega como um vale de borboletas se formando
em infinitas cores
então eu levo a sério tudo o que me acontece depois da Fé,
como o seu sorriso
ou o corte impreciso dos teus lábios
porque tua boca eu nomeei
rio
y seria bobo não revelar que eu já estava molhada de você,
antes de você chegar
só que agora você veio
por isso eu quero te viver em quandos
porque mesmo que eu tenha crescido
y não saiba ainda o que é rio
hoje eu acredito nele
em você
y é irreversível
o que vem depois da Fé

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

desejando..

teus dedos
y esse gosto de vermelho-
amoras
escorrendo
da boca..

decantação poética

se falo do seu beijo
é porque ainda me foge
uma pétala
vadia
presa ao paladar gostoso
do poema

delicada pétala
desprendida
de cor rósea
morrendo seus vermelhos

falo de uma opaca memória
do que foi desejo

a tua língua
emaranhada sobre a minha

pétalas  brancas que escrevo
poemas como em páginas

y se falo do seu beijo
é porque ele
planta a tua ausência
sob a métrica escura
da tua presença

então te envolvo
na fome dos meus braços de procura
toco a maravilha
que é este saboroso nada
[inteira]
a sua vinda..

toco como quem contempla
ir embora
sem te levar
y
nada

a mulher libélula

como alguém
consegue
ficar

se asas na boca?

sem bagagem

sinto um tremor

os teus olhos
como trilhos de trens
me acenam

beijo tua boca
como se chegasse a algum lugar

entro
y há algum gosto de sorriso
 enquanto te beijo

 subo y desço
para saber o que é
isso que
onde estou

um arrepio
gostoso gesto
desesperada espera

isso de não te saber
mas querer
continuar
beijando

sinto um tremor,
enquanto o trem treme
as horas voam

eu teus
trilho





quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Florence + The Machine - what the water gave me


..

estive pensando o tempo que se pode ficar em volta de um cadáver. alguns pensamentos são como mortos, voltam para nos assombrar em nossa mínima existência. são pensamento que jamais teríamos se fôssemos outro. y que talvez só pudesse esse agora abraçar sua completude.
há um momento exato de estar sendo algo extraordinário de nós mesmos, que geralmente não percebemos. y fico me perguntando onde foi ou como foi, ou quando foi que perdemos o nosso maravilhamento.
estive pensando. tantas mortes na pele. no não abraço, no não dito. no não! tenho pavor de nãos. ao mesmo tempo que tenho pavor me coloco diante dele com o que ele é: não. então ficou difícil raciocinar algo minimamente sincero. foi então que tive contato com outra parte da história do pensamento: os sentidos. senti um cheiro de chumbo, eu que nem sei se chumbo tem cheiro forte, ácido ou..
como que empoderando-se de si mesmo, feminino ou sorrateiro, de vulcânico! estendi meus olhos com um sentir que sequer parecia meu: era um portal de vento.. corrente onde se pode tudo, inclusive nada. aí fiquei olhando, descansando o olhar sobre o não. os nadas dos nãos.
aí eu voltei um pouco, procurei uma palavra que se parecia com desejo. olhei para a palavra desejo y tentei entender o não desejo.
esse é o tempo de contemplar mortos: o seu contrário. foi então que me percebi cheia de vida. seguindo sorrisos, seguindo almas com corpos y danças. foi então que dei ao tempo o nome de contrário. só que quando o tempo vem com morte no meio [y o mais incrível é que ele sempre vem..] ele parece eterno.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

dois



se são claros os dias,
teu sorriso
o sol
as estações

se sãos claras as memórias,
é porque já percorreste-me
as raízes
os trilhos onde se aterram
minhas tempestades

se são claras as janelas,
é porque não sei
não sabemos
y sorrimos

em algum lugar
há o verso
bruto y delicado sobre essas luzes
verso e
feito
da mesma linha tênue
de onde nasce
a escuridão

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

do olhar

quando borboletas voam
          do estômago
p'ros olhos..
os 
          cílios todos se fundem


          íris, como em asa,
infla o verso
de     olhar
       e vê: é primavera do meu olhar
y o vento dança

é um tempo de eterno,
este de 
         Fé

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

eternidade

se eu tivesse uma imagem com a tua fome
ela teria hibiscos vivos dançando sob a xícara de chá
y as cores todas se verteriam
em vermelhos

porque se eu tivesse uma imagem
com a tua fome,
ao olhar assim p'ra ela
teria eu de ser apenas sangue
y transpassar, coagulante
a tua voz líquida
porque se alguma imagem
se verter em tua fome
ela seria a plenitude
cortante de cada verso
o espaço vazio das pétalas vadias
a cutícula arrancada
em cada unha
o batom vermelho triturado na boca infeliz
o sabão grátis do motel que depois lava a mão pesada
a roda do carro estragada de estradas esburacadas sem significados
o espaço onde os passos sem pés y sem asas
 cotidiano de pombas
ou a imagem de gira

porque se a imagem se vestisse da sua fome,
ela não existiria
de tão eterna

clitoria I

tem a pele de nuvem seca
recem nascida

descuida y bruta
como o vento queimado de sol

asas de serpente

tem um buraco feito de pau
sem fome
na frente

o buraco
relicário de versos:
líquido quente
furacão
língua cadente
dedos de mãos

um buraco feito mar,
que não enche

dizem que se olhar o buraco de perto
como quem olha por uma fechadura
ele dá
no outro lado

outro lado do que é nada

y faz rezar

dos invisíveis

ligadura de sonhos
essas linhas invisíveis que o universo traz

magias
ou orações que eu nunca fiz
mas que...

eu não te chamei
não pedi
não pensei em você

você veio

y não sei o que é isso
de Fé
quando você vem

eu tenho medo do que não peço..

porque também  você pode ir embora
caso eu não peça
de novo nesses versos
em que te sonhei,

que fique..

nos sonhos
nos versos
onde eu te encontre assim
sem querer num sonho de sol

onde eu te encontre assim
Você
sem mim..

por acaso

agora o teu piano
afundado
em meus lábios

ouço..

som de fim de noite
ainda preso entre arraias, estrelas
tubarões
y cavalos marinhos

ruído Longe
fechado
como antes o som dos teus lábios

agora esse azul na boca
y algumas serpentes
do mar
que se entranhavam entre as teclas
do teu
piano

piano que talvez invento
porque não consigo inventar você

Deusa ou Lilith
xamã
imagem do teu fogo
de mulher

passeio meus dedos
sob as teclas
ouço ainda o teu nome..
plumagem de versos em cadencia de flor
marinha nos espaços entr'as teclas
y teu piano agora parece dentes
rangendo sobre a minha memória de gente

lembro o teu poema
em que voo,
reptilinea

sob teu poema
todo som é nu
anêmonas y fomes
adornam nossos desejos

abro a boca
como quem abre os dedos ao nada
para nadar seu próprio afogamento

abro pra ti
o meu futuro de mar

y ele tem a sua fome

ouço,
três teclas profundamente desafinadas
assombram a boca do mar

entre carpas,
elas tocam: eu' t' amo'
som de
escala de dois universos
transparentes
ainda que só se encontrem em sonhos

dois invisíveis,
a ouvir rouquidões líquidas
de teamo
enquanto esquecem a voz
humana que também a tecla um dia já
teve..




promessa

você,
o sonho

raro como o voo das borboletas

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

abuso poético

era uma caneta-
lâmina fina
afiada em versos
que não escreve mais
porque lhe cortaram
a poesia

era só uma caneta

que ainda hoje
as abelhas rainhas morrem
sem história

domingo, 1 de outubro de 2017

aos amantes, a janela

debruçada sobre a janela
busco qual a estrada que mais trouxe você
aquele
ou outro
para as pedras em que me escondo

sinto gosto de luz branca se aproximando
na escureza das pedreiras inexatas
que rolam aqui perto
enquanto chegava ele
ela
ainda

lembro a primeira vez do teu rosto
aquele ou outro
a mesma face de lamparina que eu toquei num sonho na noite de tango
marítimo
antes da tua vinda

sonho que não tive,
mas pressinto

lembro do quando:
na mesma noite pude ver o arco-íris de artifício
da fresta das tuas pernas

você aquele outro y sempre
me saltou obstáculos
plantados de outras vidas

resistentes a dentes
y unhas
minha janela tinha uma única flor
y algumas ausências
janela-gruta
escura como as esquinas de dentro
que dão  nas minhas pernas

até que me iluminassem presenças

você chegou, como aquela
ou ele
pingando estradas
disse que precisava chegar logo

y me fiz algum lugar
secreto ou sujo
de dois lados
dentro-fora
janela-casa

então chegavam todos
como quem estivesse pronto para adentrar
num incêndio

por isso a lamparina, a festa no meio das pernas
todos tinham festas no meio das pernas
todas
incendiosas que eram
incendiosos

então eu fiquei na janela
com esse sabor de eterno
com a lampada acesa de alguém que vem
queimando o escuro do que meus olhos não alcançam
de olhar

porque quando você veio,
aquele ou outra
tudo o mais se tornou passado
as horas, Ela, os poemas não escritos
ele

parada, à janela
sinto o vento y ele faz curva com outro vento,
talvez a mesma curva que te trouxe

fico pensando,
um verso aberto
feito janela onde se pode ver pela manhã
a xícara cheia de promessa
a taça de vinho sagrado na mesa numa noite de lua
ou cheia

corpo nu saindo do banho
boca vermelha entreaberta
ou comendo pipoca

quando você chegou
era ele
que era ela

passos alados ao nome Destino
de plano voo
ou Fé

curva

sem tempo, sem nome

inteireza de promessa

aberto como aberto era também
o meu que não é meu
nome

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

cartão postal

recebi tua letra,
escritura de saudade

tinta preta
estremecida no fim do verso
o S das tuas costas
me trazendo florestas-
 plurais

amoras
primaveras
equinócios 

a minha saudade
relembra tuas mãos em S
cadênciando coxas
seio
num dizer amor

a minha saudade
se faz verso
calado

distante das tuas manhãs,
só a tinta sabe da tua ausência

tinta que recebo seca,
mancha inexata num papel cartão
duro
seco

que eu insisto em mim
que vou guardar..

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

terça-feira, 19 de setembro de 2017

tu

tua língua:
esse som de trilhos de trem
que percorro
de olhos fechados
silenciosa

y me sei infinita

presença

nem bem falo de ausência
y meu peito infla
da tua presença

é que eu sou romântica demais
para te colocar num aquário

então o mar é aberto y infinito

y eu vou jogar a nossa garrafa
como quem põe,
certa
o nome no incerto infinito

vou jogar, como quem joga confetes

você saltou,
y era a única esperança a qual
eu não poderia viver
sem

liberdade

como alguém
com asas nos olhos?

essa tua mania de me olhar
liberdade

essa tua mania de fome
em partir

eu te escrevi um bilhete
marquei a página secreta do meu livro preferido
ouvi tuas músicas preferidas
li teu poema mais secreto

abri tuas pernas,
como quem abre uma janela que estivesse sempre trancada
y me joguei

essa, de todas as mortes,
a mais feliz
em viver
da tua ausência

beleza

você, metade cobra
metade felina

inspirada,
todas as vidas
a me inspirar
poesia

o seu

eu quero um beijo,
delicado beijo
donde vivem todos los silêncios

eu quero o beijo,
estrondoso beijo,
donde moram todas as muralhas

eu quero o beijo,
de todos os teus olhos fechados

o beijo sonho
o beijo poema metáfora de língua
o beijo amante
o beijo-danza
o beijo café da manhã
o beijo horizonte
alamedas

eu quero o seu beijo,
roubo de versos mudos
eternidade daqueles agoras
que continuo
sentindo

imensidão

miro o sol
atento
aos sentidos das pedras

a morte do que foi
passando de boca em boca
agora
o céu azul

vazios,
essas alturas de encontro

agora vazias
as minhas mãos das tuas

tua pele nua
imitando todo som
me lembrando qualquer
tua pele nua..
feito pedra

tua pele sempre
nua
sobre a minha

sinto por dentro um efeito de alturas
de pétalas de rosas cadentes

onde folheio com a ponta dos dedos
folha por folha
até virar
memória
este poema

onde, cheias,
minhas mãos
te alcançam
imensidão

terça-feira, 12 de setembro de 2017

sábado, 9 de setembro de 2017

la niña con alas

en el amor
cabe tudo

penas
engrenagens
ódio
amor
passagens
travessia
salto
labaredas
chiclé
danza
s'
t'
sorvete
plumas
barragens

mas y se en el amor
couber mesmo
isso de
trilhos?

recibo el amor
com mis ocos
entre las
piernas

terça-feira, 5 de setembro de 2017

confesso

de todos os meus amores,
sempre levei algo
além do amor

calcinhas
colares
pulseiras
aneis
vertigens
palavras
metáforas

me chamam
cleptomaníaca do amor

mas só de você,
me causa esse espanto
de roubar as tintas
de todas as tuas canetas,
ainda mais as vermelhas

já que não posso tocar os gestos
mudos
onde 
calados,
seus versos
me incendeiam

lembra?

chorou

depositou as gotas
na xícara

pegou um cigarro
fumou

disse que era pra gente tomar 
depois de foder muito
até nossos corpos suarem

y que, agora,
tomaríamos numa taça
de brinde "encontro"


reza

existe um templo
no de dentro das tuas saias

onde brotam
maravilhas
que sempre volto pra tomar

cálice-
va
gina

gotas
cadências
fuligem
pólen

iluminuras
que só se encontra com a língua
em reza

ave
...
cheia de asas

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

ponte

eu te olhei de novo

essa travessia
carrega um tornado
entre as entranhas
da ponte

a travessia desse desejo
tua língua cifrada dançando ondas

a espera desesperada

tuas mãos a me escrever
méxicos

uma curva em 
           s
nas tuas costas
me dizendo que no chile
fará sol

o batom vermelho
depositado num poema

teu nome deslizando
)todotempo(
nos meus dias

penso a travessia
como as nuvens dissolvidas
na minha boca,
tuas viagens em mim

meu cabelo molhado
o banho da olívia
tuas mãos com anel
de chiclé

as palavras sem nome
com que busco todos os dias
em mim
o teu nome

travessia travessia,
um lugar nenhum
imensidão
um lugar nenhum
onde você mora
macieira 
morangos
colibris
cascatas

os poemas
essa morada
em 9

a tua eterna voz
nos sons da vida

por que você nunca vem
quando te espero?

vens sempre
terremoto
tornada
invasão

de passagens
compradas

vem toda sendo
esse vulcão que já tenho
há tanto tempo no peito

esse meio
onde eu paro
y não quero saber
nunca mais de início ou fim

uma travessia abandonada,
em amar

.

somente
teu sorriso
me explica de novo
isso de alma


poema-pele

é também na pele
que o poema
respira
aromático, 
o tempo
se estica em infinitos
os pelos
arrepiam
na pulsação
da poeira da paz
é também na pele
que se me escreve
o poema
você
y ele voa
pelos
tateio com o nada
esse meus
seus absurdos
é no poema que a pele
ecoa
tuas mãos
teus dedos
é na pele que a pele
respira

poesia

de quando fui demônia

era noite
tua boca se insistia na minha
teus dedos
tua fantasia
eu pedi pizza
fiz beijinho
dancei pra noite
fiquei nua pra lua
já havia falado que você era noite
sorrindo p'ros
teus olhos de lua
você não se sentiu dentro
foi então que você quebrou ao meio
a minha fantasia,
y se não fosse um poema me tocando
eu não queria
y não quis
naquela mesma noite eu
um par de chifres de búfalo
um corpete preto y vermelho
fez a sinta liga estourar
foi então que um vulcão
te engoliu
y se manifestou

domingo, 3 de setembro de 2017

sob teus olhos de mar

tentei ouvir a mutação fresca
dos teus olhos fechados

ouvi formas
geometrias
lágrimas
ondas y suas sedes
anatomias

ouvi escurosos olhos fechados
desejos
tradução de uma canção antiga de futuro
de beira de rio com flores
de ondas espumosas
de quebranto dos meus versos

vestida na minha nudez de raios
elétrica
eu fugia do céu para tocar
o teu som
enquanto ouvia também o barulho
em que eu me caia de você

sem cor,
ouvi lágrimas circulares
águas girosas pelo salão do
teu rosto
y ouvia mais y mais
o escuro dos teus olhos fechados
tecendo esses indizíveis
(sempre do futuro)

ouvi o som dos pássaros que às vezes parecem as tuas pálpebras
fechadas
[y eu queria que elas
se abrissem ao me ver]

ouvi ouvi y
era inteiro abismo
este som enquanto chegava perto
y mais perto..

tudo o que ressoava
era teu som
tinha a sua infinita
assinatura

[olhar é um voo secreto
que só sabe
quando não se sabe nadar]

ouvi
teus olhos de tambor
infinitas asas
piscando piscando
me puxando
numa dança sem volta

feito o mar
era um som mar
depois de mais uma onda
y
me puxava
pra dentro
pra fora
pra dentro
pra fora

eu até então inteira tempestade
percorrendo a corrente fresca
dos teus olhos fechados

[foi então que soube o que estava ali pra saber: toda tempestade quando cai
já é a
mar]

então de novo os teus olhos.
este demônio nos meus ouvidos

a tempestade escorrendo do som do meu peito
y o que não se pode fugir
mar

então cores y  sons
 outras vidas
sim, outras vidas
futuras
o que não se podia ver
estava bem alí
onde não se podia ver

ouvir o som dessas cores
o som das tuas águas salgadas
ouvir o som Agora
a
mar
mas só se podia ouvir o
que era alma

parada no precipício
de um verso: o teu olhar ainda
fechado
indo
voltando

eu-agora pele
perfeita gota de uma tempestade
puta

a vida que piscava
piscava
piscava
depois fechava a janela
y eu ouvia tão bem esses indizíveis
um som janela
um dom cortina
acrobáticos sons

teus olhos me pescavam

duas vezes o mar dos teus olhos
anunciou minha chegada

num som anzol
de lenços y lencóis

duas vezes o som onde eu
morria

tateando teus abertos
escuros

eu-laroye
som linha tênue de um raio,

tempestuosa,
lembrando apenas o caminho
 sonoro do mar
teus olhos


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

de lá de Longe

se eu disser que não te amo
meu coração acelera
em espanhol
em hebraico
em japonês
em polonês

porque se eu disser que não te amo
eu falo desta
vida

y ela nos separa

continental,
meus pés pisam poças
de agora

enquanto tua blusa
avoa no
varal das nossas vidas

la double vie

tatear
o escuro
y de escuro em escuro
encontrar a luz
escura
tatear a luz
de luz em luz
encontrar a escura
luz

nodo

era ela a mais nua
que havia
tocado
vestia uma capa
invisível
vermelha
por isso a mais difícil
de todas as nudezes
porque invisível
porque vermelha

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

a mulher de olhos germinantes

ela tinha um girassol
nascendo
na íris

toda vez que chorava,
regava

os médicos diziam que
não demoraria muito
até tudo estourar

y seu mundo virar
Flor

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

do quando escorpião

o que faço
com esse escorpião alojado
na garganta?

 te escrevo poemas
sem futuro,

penso montanhas
pomba gira

tua pele nos ferrões
dos meus versos

você nua,
a tecer demônios
sobre mim

implorando que eu pare
enquanto,
escreve mais um poema
onde eu morro
nos teus braços

você debruçada
sobre minha garganta,
chupando
como quem contem meus venenos

 por cima,
chupando
enquanto

louca,
me esqueço


Carta a S.

 S.,

a nossa história não te parece de vidro demais? a tua presença no que sinto, os teus traços, tua voz, tua melancolia.. S, se eu posso desejar algo como desejo, eu quero estar no mágico lugar das tuas pernas. este espaço onde movimenta perna por perna. este espaço onde cantas violeta parra y me dança. esse lugar onde moram os passos do som elétrico do teu sorriso. Sabe, S.' eu sonhei com você y acordei triste. a tua ausência me dói como um livro nunca escrito. a tua ausência me dói como algo feliz nunca vivido. y se fossemos felizes apenas por sentir, então certamente eu seria a mais feliz das histórias de felicidade. mas eu sou apenas alguém com Fé. y lo que más me alimenta hoy es tener fé en tu sonrisa. sei que tus lábios se cortam em outro sei que tuas mãos escriben sobre solidão também. y porque tus manos estan locas de solidão é que te escrevo estas palavras. porque me reconheço em você. hoje quero nos permitir estarmos triste. quero que o sol rasgue y que não queiramos levantar para ver o dia. quero que as flores nasçam bem longe. porque longe me parece o amor. essas vidraças embaçadas da tua janela. a porta fechada. y tudo parece lugar aberto de temporais. então de novo: não te parece de vidro fino os nossos nomes encontrados?
tem algo entre nós que não suporto. algo que não consigo alcançar nas palavras. algo de infinito. saberiamos pensar o inimaginável? as mãos sobre a neve, teus pés afundabdo passos no gelo. vinhos borrando ainda mais o teu sorriso sobre o meu. eu falo de um canto presente. um lugar onde peço o salto.. ou uma fresta para que eu salte.
há pequenos cacos que sabemos onde não pisar y permanecer vivas. você me conhece. traçou poemas sobre meus sonhos. meteu a língua no meu peito..  derrubou minhas armaduras quando sequer sabia que as tinha.. você dançou sob o lenço vermelho y o envolveu sobre teu corpo suado de me dançar. você me convidou.. existe tanto passado que os vidros me confundem em dor. por isso, S., preciso do teu voo futuro, ou a promessa incerta de que não há futuro. mas eu preciso que você me mande parar de te olhar. porque da onde estou
eu não quero
conseguir
parar

da onde Sou,
você é poema
onde cada verso meu,
te danço

com amor,
P.

enquanto você não chega

enquanto você não chega
as chuvas percorrem
o varal do meu corpo

penduradas,
as calcinha de fio
y dentais
vermelhas
amarelas
cor-de-pele de você chegar

enquanto você não chega,
 me banho florais
aromas da tua ausência

enquanto você não chega,
visto o casaco
troco os vestidos
invento vozes para personagens
de livro

me reinvento poema
mudo seu nome
salto o escuro das presenças
para me lembrar da
tua ausência

porque enquanto você
não vem
tudo y todos
eus
estamos de passagem

pingando,
melancólicas vestes
da nudez que se esconde
nos varais

pleno voo

foi a primeira vez
no amor
que não me sentia como num aquário

pássaro de mim que sou,
fui à tua janela
a mesma janela onde
de longe podia se ver

o dourado das tuas asas
nem seca nem molhadas
demais
para viver um encontro

foi a primeira vez que
voei junto de verdade

da sua janela
olhamos para baixo
o molhado das asas
já pesando
y o mundo parecia inteiro
mesmo os voos se desfazendo
em te olhar
em te beijar
em ficar

porque ficar junto
é um eterno molhar-se

então, pingando
eu tinha que ir embora

também é de secura a vida dos
pássaros

encharcado,
o pássaro gira
 em volta do seu cadáver

y essa é uma história feliz
de duas vivas asas
refletidas em outras duas

partindo
de sua morte

deixando feliz
as xícaras abraçadas na janela
enquanto se voa
y talvez volte

sobre o que se passa com aqueles que se encontram

olho pra ela
y é clara
uma memória de
infinitos

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

estação

o corpo é inteiro
trem

partida

do silêncio dos sons

sentada de novo
sob a chuva do meu quarto

o tempo é só o tempo
quando se esticam métricas y métricas
de sonidos líquidos
sobre a cama

meus pés estão encharcados
de chover no meu lençol
a tua
ausência

cerro os olhos,
posso ouvir sorrisos no quartzo
miro os olhos nos quadros do meu quarto
miro as distâncias
y choro

o tempo sabe que não é só de mim
que chovo

a vida tem sons
ressonância de imagem
o som dos olhos do elvis
o som da tesoura do edward
miro a Dama da Justiça
y ouço o som de sua espada
os livros na estante me lembram deus
bocas
abraços
ausências

demora um tempo até
ouvirmos
te amo de novo
sob o silêncio

uma mulher serpente senta sobre si mesma
y começa a se tocar

então o som da chuva
o som molhado da tua ausência
o som poético da tua presença
o som da liberdade
de estarmos separadas

talvez por isso o sol nasce
as flores colorem
os sorrisos acontecem
as mulheres y serpentes

a vida tem tanta promessa
escondida sob os silêncios

cerro os olhos de novo y de novo
para falar de um tempo
Terra
um tempo onde nada acontece,
possível de tudo
um tempo que cobra ligaduras
um tempo que germina imensidões
um tempo que cria infinitos
um tempo que rasga
o que nasce

movimento meus dedos numa dança
secreta
entre marrons que me escapam

chove no meu quarto
este barulho que ouço ao som de silêncio
barulho com que troco
meus silêncios


líquida

ela tinha a lua no peito
y estrelas nos olhos

como não beber
dessas gotas?

presença

não estou


estou sempre
sob a companhia do
vento

promessa

vejo o meu corpo-ilha
estendido sobre a mudez
das horas

se eu disser que ainda
teamo
tu me verias inteira,
sem memória?

que há sobre o reflexo
dos segundos
uma vontade
uma saudade
uma volta

inteira entre um segundo y outro
o teu nome
mesmo sem te precisar

se eu disser que ainda,
o que?

você faria..

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

da poesia

se movia
poema sobre mim

as pernas de galhos frescos
se voando sobre as minhas

os dedos de gota
chuvosos sobre meu ventre

aquela sempre
margarida na boca

y aquele aquario nos olhos?

eu que sempre fui trapezista
demais
para caber em aquário

fui cabendo

me cavou uma liberdade no sorriso
y eu fui cabendo

mesmo que a gente sempre
vá embora

porque é isso que um poema faz
ele vem
mas VEM mesmo
pra ir embora


terça-feira, 15 de agosto de 2017

saturnica

lembrar os espaços da cama
onde um chocolate
ou outro
derretia
antes de ser devorado 
por dois
sorrisos

lembrar o dia que nossos sorrisos
se devoravam um ao outro

lembrar da sua mão sobre o meu corpo
em Fé

lembrar um tempo

um tempo de Fé 

na cama

espumosa,
ela gira entre os lençóis
ao som dos ventres

fico pensando
o que é
Fé..

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

agosto

ontem choveu no meu quarto bem no meio de um incêndio. eu metia meus dedos para conter o fogo y nada de você se afogar. nada de você apagar

choveu porque eu chovia

o fogo
o tempo das chamas

choveu
granizo

chuva daquelas que machucam
enquanto se está nela

choveu

era você em mim,
no que eu nunca mais havia encontrado

foi um sonho
daqueles que se acorda depois do ponto alto
de um trovão

sem saber o nome


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

rouxinol

o que fazer com esse canto que é
o teu sorriso
em nossa vida
de morte?

um poema meio puto

entrego tudo num poema

meus dedos
minha língua
meus joelhos
meus olhos fechados

no poema é possível
encontrar segredos
no depois

algo nunca escrito
ou revelado
[ algo possível de sentir ]
sem pensar,
sem criar

algo de verdade
de antes agora ou depois
depende do poema sem tempo
que vier

nunca quis guardar segredos
no poema
porque se existe mesmo epifanias
ela está logo no
depois de um verso

onde a mudez se instala,
corriqueira,
como se não fosse

é como o amor,
corriqueiro,

ele transcende

enquanto a gente enfia a mão por dentro
da blusa
y busca o bico marro
da vida

domingo, 6 de agosto de 2017

lateral

queixo
jeitos
curvas
peitos volumosos
derramados sobre os meus
também cheios de

uma pinta lateral,
porque não podia ser apenas
então era uma pinta
                                lateral
linda

que eu beijava y beijava y beijava

tinha a fome
tanta fome

fome de dedos
de unhas
de bocas y bocetas

tinha fome de águas
de aquários
de trapézio
de profano
[às vezes de sagrado]

tinha fome de trapezista

y eu já disse que o que me faz te Amar
é o sem tamanho da
fome?

então era um amor lateral,
daqueles de qualquer lateral
de qualquer

sem lugar

era uma amor quase
inventado

poético
alucinado

um amor borda
um amor indo
embora

múltiplo, inteiro

todo ido
embora

era o amor,
lateral de um beijo molhado

o amor feito um choque
o frizzzzz

a luz no seu quando
rasgando escuros

era o amor
com um nome [de novo]
no meio
como aquele Todo que não se sabe
D'le

segunda-feira, 31 de julho de 2017

da última vez que chovi

X dançava no meu corpo
enquanto me dizia aos ouvidos

"você..
tem vento na língua"

eu disse:

 "y água, muita água
no céu de mim"

 fechou os olhos y me beijou
de novo
fechou os olhos como quem dissesse
com esses mesmos olhos fechados

"vamos..."

y eu fui ficando..
indo
y esses seilás lindos
que acontecem
y só acontecem






sexta-feira, 28 de julho de 2017

colagens

às vezes apenas não se sabe
porque se
grita

grito


sonhei uivo,
grito eslástico
moveres
assombração de toda noite que te
me assombram

sonhei gruta
 direção múltipla
raiz ou metáfora

silêncio

um buraco sorriu
seus dentes

sonhei lua
leoa
lampião

só as pedras se formavam a todo
som

pedras y suas fomes
de alturas
fome de tudo

fundo demais
para 

fundo
y elétrico

sonhei piano
uivo

parecia alma

quinta-feira, 27 de julho de 2017

chris cornell - like a stone


él

ele tinha voz de vento falhado
daqueles ventos preciosos
que falham
para serem silêncio
y  infinito

ele tinha voz de vento
a voz que me soprava as melhores histórias
enquanto ele piscava os olhos
de me ver
de novo

a voz que me fazia chover
enquanto

ah, y como eu trovoava
y chovia

agora um risco no céu me faz lembrar
que o seu nome
mora
no silêncio do meu sorriso

um som
lembrança

onde vibra qualquer
movimento
y eu vivo feliz
a sorrir-
nos

fotografia

eu quero a liberdade
dos teus pés
enlaçados
nos meus

codinome borboleta

veio
linguagem y desejo

mãos por debaixo da saia
invadiu boca
seios
girou assim por um tempo

no fundo de algo
corpo
o cristal batendo

o mundo gerando suas cores
as mensagens
a porta do carro batendo
os estados
y as avenidas levando gente
trazendo gente
as mensagens
as mensagens de teamo

só o amor sabe o cristal escondido: ele não se esconde

agora as mensagens apagadas
antes apegadas

[...]

na manhã seguinte não fiz o café
chorei algumas gotas
de liberdade
vesti um sutiã vermelho com blusa mostrando a alça
dele
y fui embora [de novo]

não deu tempo de dizer que
não era no meio das pernas que eu me
molhava

era no meio das
asas

quarta-feira, 26 de julho de 2017

luz

eu te chamei duas vezes

você não me dizia nada

eu senti:
duas vezes você apertou minha mão
duas silenciosas vezes
y uma terceira você
me beijou

eu não sou guardiã,
eu sou gente

mordo
lambo
danço
guardo
escrevo
faço careta
piruetas
y também nada
eu faço muito bem
nada

enquanto aprendo
silenciosa
a literatura das tuas mãos
y parece que estou mesmo a fazer
tudo

quarta-feira, 19 de julho de 2017

fazer amor

a primeira vez que fiz amor
ela meteu a caneta azul
na minha

jugular
é coisa séria

passei três dias
bebendo uma tinta amarga
de poesia
até ela estourar
delicadamente uma tempestade de

era saudade
desejo
lonjuras
era tudo tudo o que não sei

separadas

depois de três dias
ela voltou

lambeu o que escorria
da minha boca
chupou meus dedos mudos
manchados ainda daqueles nadas
de tinta seca

em mim
o amar começou assim
um poema absurdo
que estourou
no meio da vida

quinta-feira, 13 de julho de 2017

perdições

vejo pessoas
felizes sexualmente

ainda bem

ao menos alguma coisa
acontece

tantos sorrisos vazios
por aí

ainda bem que
transam pelo menos

já que a alma
não importa
muito
mais
meste mundo

quarta-feira, 12 de julho de 2017

esquecimento

no fundo
eu já esqueci de buscar tantos amores
onde eu os esqueci..

só me resta partir ao rio
ou ao chile
para ver se o amor
vem de onde
parei..

terça-feira, 11 de julho de 2017

de novo falando de você

acontece que ele tem
a lua em escorpiã

quando eu parei pra pensar em você

o mundo anda tão esquisito

as musas estão soltas
correndo com as lobas
dragões
escorpiãs
y serpentes

os homens falsamente
acompanhados

pelo menos é o que eles acham

eu já acho que eles estão sozinhos. isso é medonho

um peixe imaginário no aquário
pequenininho onde só cabe dois
[medo]

o homem se faz tão grande
por que?
será ainda aquela história do pau?

é por isso que eu sento y rodo
depois vou embora
pulo fora do aquário
preferindo morrer

essa é a unica brincadeira de pra sempre que gosto
pra sempre ir embora dos paus da vida

deus me livre um pau duro
y nada mais

porque eu até gosto de aquário por uma ou duas horas
mas eu gosto mesmo é de
asas

amor

qualquer simetria
é mera poesia

na floresta

escreveu dois poemas de bosta
que se multiplicam
na imagem

um som irritante
no verso

antes fosse embargada
a voz

mas não, não era nada
era só mais um poema morto
falando sobre
o ego de um leão
morrendo
na boca da leoa

o cara do bar

ele tinha um peitoral gostoso
braços largos
fortes
boca macia
cabelos cacheados

mas nunca teve um sorriso eletrizante
nunca teve poesia

sempre foi aquela prosa
onde a gente senta y goza por fora

ele nunca foi de dentro
ideia desconexa
coração só batendo
sem café
sem poema
sem vinhos

ainda bem que tinha drogas

mas ele é um porre drogado
que bosta!

ele é lindo,
mas dura umas horas comigo
é o tipo que a gente mente o telefone

não tenho paciência pra gente bonita

eu gosto mesmo é de quem morde minha garganta
quem mete em mim uns cometas
y me acorda lambendo

ele acordava
lindo
e só
que bosta!

convite de amor

só aceite convites em lugares
onde te ofereçam vinho
& café,
minha filha

eu, que sou filha de Deusa
não escuto isso de beber água
de beber poema
de beber chá
de beber paus ou bocetas

eu bebo é café de manhã,
depois de uma noite de tomar muito vinho

o resto é brincadeira de irmandade..
que gosto também,
mas isso é coisa de se fazer sem precisar de convite

a gente vai y toma isso aquilo
e aquele y outro
se lambuza
numa liquidez de sorrisos momentâneos
[que gosto]

só que eu gosto mais de convites inesperados
que começam a noite y terminam de dia
pode ser também de começar de dia
y terminar a noite
ou seguir em recomeços

vinho y café
café y vinho, sabe como é

requer sempre
um convite de amor

o resto, como disse, são amigxs..
que a gente bebe

mas.. sabe como é, eu já falei,
sou filha de Deusa

y eu já falei que minha mãe tem olhos de uvas?
y que seus cachos me puxam
onde quer que eu esteja..

então..
vinho..
bom dia, y um café preto, por favor.

poema II.2

com os dedos flambados
fez dois giros inteiros
antes de entrar

enlouquecidamente
tremi

até ontem,
6 gaiolas de aquário 
abertas
esperam a nossa volta

eu continuava fora
a queimar
vida
com ele entrando y saindo
como quisesse
era como eu queria

enquanto ele queimava as minhas barbatanas
no Agora
três dedos afogados na argola
das minhas ventanas

ardências,

eu disse uau
ele se derrubou sobre mim

dormimos assim,
todo o peso do corpo de uma asa em mim

nunca acordei tão leve
para dizer tchau
sem pra sempre
ou nunca mais

enquanto ele arrumava o cinto
pra voltar pra casa

poema 7

estive olhando escuros

olhando onde a pedra é pedra
onde a pedra não é mais
onde ela já foi
onde pode ser

estive olhando escuros
no aquário
onde o peixe y sua boca
onde as conchas
onde as serpentes nascem antes de atacar a fome

de todas as fomes, estive olhando os escuros
do escuro olhei o escuro

metálico, líquido,
esquizoventoso

nem bem olhei, já era outro
pedindo nome
] imensidão [

eu estava vestida de um escuro vermelho
um vestido escuro vermelho
escuro vermelha
segurei a barra vermelha [escura]
pedi pra ele entrar

agora só germino

são infinitos esses escuros
no meio das penas

aí eu voei,
porque do escuro eu só quero o escuro,
y tudo que é asa, que é dentro fora
meio
vestido
é só isso que é

escuro é sempre outro

lua aquariana

não consigo escrever em verso o que tenho pra dizer, porque isso é uma conversa com um possível que escorre em linha reta y desemboca em nada, porque quando se fala em amor é sempre escuro demais ou claro demais.. então assim, eu não quero ser profundamente amada. eu já senti o que é ser amada. isso é legal. esse lance do nome y tal. mas assim, eu quero amar. eu quero conseguir amar. amar melhor. amar loucamente. amar pouco ou nada mas ter isso de amar, sabe? A M A R!

P.s: isso é só uma nota. uma importante nota sobre nada sob a lua em aquário..

para ti

se desfez no meu corpo
uns escuros
...poema problematizado
tu, jardineiro de flores mortas
é sua esta corrente elétrica
de escurezas?
raio polarizado nos vulcões do ser
morada d'um céu
roxo
machucado
...chovedura
de invernos
geleiras pontiagudas saltitantes de céu estrelado
nascedura em ocos
deságua no meu corpo
essa tua ideia
monogamias ilustradas de sorrisos a dois
passeia [só você] sobre o meu ventre
cintilante
que te mostro uma passagem que eu vejo do futuro:
portal onde em mim está o seu nome
acrobática,
eu entro
sento
chamo [em chamas]
y anuncio o buraco onde você mora
escuroso, você entra
não senta
atende meu chamado [in ardências]
y vai embora
de silêncio em silêncio
a vida anuncia passagem
é seu este escuro que carrego nas costas?
você sabe o que é passagem?
você foi embora
agora chovo pra dentro,
correntes elétricas
solitárias sob a cama
meus poemas estavam em coma
até você fazer de novo
isso de prender o meu nome ao seu
estes escuros, essas geleiras,
parto
agora meus poemas voltam a si
brancura de um tempo de Fé,
que você se foda,
ou não
tanto faz

segunda-feira, 10 de julho de 2017

poema 8

como pode uma escorpiã na garganta
perfurando o nervo das palavras?

mastigo esse silêncio
que te envenena por dentro

meto a língua no seu em si de me picar
ardo
 y vou embora

como pode uma scorpiã
na garganta do medo?

são tuas essas palavras
escondidas no silêncio?

é por isso que me olhas com fome?

como pode uma scorpiã?

y se houvessem palavras,
quais seriam os silêncios
scor'pianicos?

eu escolho ao som
de jazz 

sábado, 8 de julho de 2017

scorpiã - poema 9

é ela
será y é ela
só poderia ser
ela

que germina um escorpião na garganta

venenosa
na língua

é ela
que tem as piscadas mais loucas
y me desfaço em inteira
para me começar de novo

nela..

sexta-feira, 7 de julho de 2017

poema 5

voos rasos
tapam um ou dois
buracos no dente

meu sorriso
inteiro
vai ao rio

ao que me espera
em parati

quarta-feira, 5 de julho de 2017

terça-feira, 4 de julho de 2017

poema 4

o que silenciam os peixes
no aquário?

poemas de julho III

no alto da acrobacia
um silêncio
invade o movimento

onde tua ausência
flutua

poemas de julho II

então afogou dois dedos
no arco dos meus seios

suavemente
enrijeci

até hoje hoje
duas argolas giram
enquanto algas marinhas
sorriem aquários

poemas de julho I

as garras
banhadas de algas marinhas
sangravam 
sob minhas costas

é claro q não se vive muito
tempo depois
de construir um trapézio
embaixo do rio onde nascemos
juntas

não se vive muito tempo
mesmo

então a gente volta
sangra
depois dorme abraçada
sorrindo vermelhos

poesia

terça-feira, 27 de junho de 2017

bioessência

o mundo é líquido
metal pesado
escorrendo
vulcânico sob nossas ideias

a ideia é só ideia

o amor mora fora
da ordem
y é chumbo
em ventania

quem diz VEM
sem também dizer SIM?

é um perfume
cuja essência desconhecida incorpora
toda a luz que não é verde vermelho ou amarelo
dos vaga-lumes

dos infinitos [bobagem]

o mais belo da vida
é ainda poder olhar o amor
y sorrir
com ele
[também faz cócegas o amor]

o resto parece 
bagagem

escura

o teu nome hoje
me lambem
lamparinas

carta a I

I,

toda dor é urgente. unge o nosso passado presente y futuro. pousa sob o ventre de tudo o que nasce do verbo. pousa sob a fala, sangra. a porra da dor não fala nada, ela só fica lá contando os passos enquanto as gotas secam no nosso corpo, corpus diante da dor, as gotas são só faíscas lembrando que estamos a queimar vida.
também toda dor é passagem, é abandono, é asfalto, é caminho, estação, mendigo pedindo visitação. a diferença é que depois pode-se construir muros gigantes aos quais só a gente entra depois.

mas hoje eu resolvi falar. resolvi falar que joguei teu nome no infinito y mandei você embora. bati com força os muros daquela avenida entre meus estados. mandei você se foder. mas se foder gostoso.

não sei o que você pode entender com isso, mas espero que você entenda bem o que é isso pra você.
choveu y eu não trouxe guarda-chuva de você. choveu y eu aceito essa dança a qual você foi embora não de mim, mas de você, mais uma vez, como todas essas dores que a gente não aguenta com um outro a nos olhar, com um outro.

me livrei de ser seu Outro. cuspi na vitamina elétrica dos teus olhos verdes, y verdes são os caminhos das ervas que plantei nas tuas costas com as minhas unhas. eu li teu poema. uma última vez para lembrar que há janelas em todos os muros que a gente constrói y espero que  você não pule sem antes saber das tuas asas. eu te falei na cama, no chuveiro, no sofá, na cozinha, no café, no vermelho do vinho, eu te falei puta santa bêbada, eu te falei de muitas formas que eu te amava. eu rasguei também todos os meus poemas y queimei antes de você chegar. eu mandei lavar as roupas dos meus poemas para que só entrasse essa nudez que era a sua chegada. 14 dias é o tempo da sua nudez. agora essa nudez sem você, fazendo a dor urgente sangrar vermelhos em rituais. agora um guardião segurando a porra do seu nome y me mandando agir. agora essa porra de mensagem que você não manda, essa merda de sorriso que eu grudei no meu y que carrego dos dias que a sua deusa era eu, não essa porra de consciência desajuízada, presa à carne do que você nunca me viu. agora essa borda onde nos desencontramos sem ao menos nos encontrar.. o vermelho levado por rodas surrealistas, onde eu senti a sua morte. 

eu queria dizer que foi a mim que você matou quando foi embora, mas hoje eu recebi um e-mail que não era seu mas falava de você. y ninguém nunca soube que eu te amava como te amo [ainda].. mas o universo sabe porque veio até mim essa verdade. eu chorei. quero que saiba que chorei, y continuo desejando que  você se foda. é urgente a dor, I. é muito urgente. fique vivo. eu sei porque precisei ir. embora não quisesse ainda. y não foi você quem me expulsou. não foi você.

eu recebi um e-mail [ainda bem que não é seu]. ninguém sabe. você está vivo. agora eu sei!

de passagem,
P. Andreza

transmutação

eu te escreveria poemas
se eu te amasse

mas agora só esse desejo
de amassar o teu nome
y jogar na fogueira
y pedir que você me queime

él

y porque cuspiu
nos meus olhos
comeu
duro
os meus sorrisos
bloqueou o meu nome
no seu

eu te odeio
com todo o meu amor

quinta-feira, 22 de junho de 2017

estrangeiro

poema bate a porta
pede pra entrar

abro a janela

ele entra mesmo assim,

descansa tuas asas
passo um café
esfarelo alguns beijos
y ele bica

poema tem medo de amor
y sempre quanso quase
ele vai embora,
só que pela porta

eu agradeço mais um dia de fé
mas não espero
sua volta,
 mesmo ele voltando

o poema sabe
a minha poesia
só não sei porque volta


incendio surrealista

então eu desabo o vinho
tinto
sobre a mesa

mergulho geometricas folhas de nós
principalmente meus desejos em branco em que falei de amor
sob vermelhos
y uns mares de azul (salgado) de você
anzol
trapezistas
janelas abertas de frutos do mar
você: esse furto de mar

espero que dissolva
as palavras em borrados
de nadas
espero que nasçam muitas cores
[não vou ficar aqui na superfície para ver]

mergulho!

quadro exposto de imagem
cubista
onde se pode deixar
uma bela história emoldurada
y ir embora

triangular,
só minhas pontas doem agora,

congelo infinita
sob o cosmos
sem esperar secar..

nota: esse quadro nasceu de um incendio! ou esse incendio nasceu de um quadro
mudo

madrugada II

pássaros sabem o voo
não o voar!

temporal de inverno

porque todas as vezes que falei teamo
na verdade não sei o que é

não se pode amar y continuar escrevendo
 pensamentos

quando escrevo, não é no amor que estou
é na ideia

y escrevo teamo
porque estou te chamando
para o que em mim é amar

em você,
surrealismos
dobras no nariz
sons metálicos
poesia
um ventre desenhadas serpentes
y um dragão cuspindo fogo dos olhos

essa tempestade que só se me anuncia
essas gotas que enchem a boca
do meu desejo de amar
essa alma sensível ao outro
essa alma sensível a si

eu nunca soube o amor
y sinto que posso ser
com você

depois desse temporal de inverno
do desejo


noite longa

inverno,
primeiro despertar
desta noite longa.

trocou voos com o desejo, passarinha?
chamou-o de aberto
daí fechou os olhos
y abriu as asas pra dentro:
sem amor

mais uma noite em que não se reconhece

mastigou alguns vazios
de libedade
guardou as asas
y dormiu com apenas algumas doses de desejo para comer depois

esse desejo que pinga do corpo
esse desejo suor
carne
espinho
ferradura
arraias de sons miúdos
traqueias furadas
ouvindo o próprio som de quase morte

som sonífero que toca os ouvidos
y só os ouvidos y algumas concretudes do pensamento

que não perfura a própria voz
que não silencia silencios
barulhosos
que não traz sons de galáxias antigas de sorrisos
mas traz o som da vida
pacatos desejos

era isso
 apenas a superfície de gelo
ancorada no desejo (hilda)

y porque não acreditava no amor,
começou acreditar em pássaros
essa ideia
y só ideia
de liberdade

porque a verdadeira liberdade, se existe,
está em algum lugar
de Amar,






domingo, 18 de junho de 2017

espera

lambeu minhas costas
passou a linha colorida
de fios dourados
beijou minha boca

depois limpou os dentes
com a linha
y foi dormir

o bico dos meus seios
flutuam
endurecidos de desejos


efemeridad

também é função do nome
a liberdade da altura

um eu carbonizado
faz amor com o céu
em cinzas

só o amor
nos livra do passado
y da ânsia pelo Todo

meu nome é Poesia
y eu vivo a
Nadar

madrugada I

há um tempo em que
os lábios secam
sob rachaduras de solidão

um tempo onde sorrimos
para espantar o medo de cair de novo
sob o abismo de si mesmo

um tempo de janelas triangulares
a contrair pontas

geometrias da ausência

então há o tempo do amigo,
aquele que chega no tempo de um café feito na hora
que chama teu nome Andreza
alto,

y te puxa

abismo é o nome
em que não sou

é o nome
em que me prendo

presente

se você me visse onde estou,
você me puxaria de volta à margem em que me esqueço?

vou te contar que hoje tive um sonho
vou te contar porque não te puxei
do sonho que você não estava nele
você sumia sobre o teu nome concreto
líquida
y é assim que eu gosto da nossa história

lugar onde você escorre de mim
acena,

eu gosto que você vá embora de mim
eu já fui
quando você começou a contar o tempo dos passos
começou a ponderar desejos
a iludir ideias,

então vou encontrar uma árvore bem grande para
escrever teu nome nela
y fim

aí você pega a máquina de moldar papéis secundários
encontra teu nome,
lamina roxa
afia
enfia na garganta
y faz um colar

vai ficar lindo

bosque encantado

gosto de falar sobre a ponta
dos dedos se tocando

frenesi de borboletas

agudas de liberdade
se amando

dois animais,
apenas
há penas

embora borboletas
se amando
se
amando para ir
embora
amando

tesão

ela tem um sorriso
de alta
tensão

quarta-feira, 14 de junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

mais uma noite de lua cheia

os poemas que se manifestam em
estrelas cadentes
brincam com o infinito...

ninguém sabe
onde um espaço de céu
y nada