quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
tu beso
então entrou
fez dois giros inteiros com a língua
enfiou o primeiro
depois o segundo dedo
[que era pra ver se estava quente]
depois voltou com a língua e escreveu:
é líquida a matéria do sonho
líquida como as asas das borboletas
a rotação passada
como planetas
a rotação
um sol nos olhos fechados
parou com os giros
depois começou com a língua
de cima pra baixo que era pra ver se tava cheio
não deu tempo de saber,
quando o quando um vulcão da minha boca
te amo é só questão
de invisíveis [eu disse]
ou eu acho que disse,
enquanto sorria
fez dois giros inteiros com a língua
enfiou o primeiro
depois o segundo dedo
[que era pra ver se estava quente]
depois voltou com a língua e escreveu:
é líquida a matéria do sonho
líquida como as asas das borboletas
a rotação passada
como planetas
a rotação
um sol nos olhos fechados
parou com os giros
depois começou com a língua
de cima pra baixo que era pra ver se tava cheio
não deu tempo de saber,
quando o quando um vulcão da minha boca
te amo é só questão
de invisíveis [eu disse]
ou eu acho que disse,
enquanto sorria
a sua
eu poderia beijar todas as bocas de novo
lamber todas as bocetas
fazer carinho em pau
não importa
eu poderia
mas em nenhuma boca,
hoje,
eu danço
nenhum ventre
porque sou a dança
do meu corpo
y hoje ela só é para
y por você
então eu poderia,
mas também nem posso
lamber todas as bocetas
fazer carinho em pau
não importa
eu poderia
mas em nenhuma boca,
hoje,
eu danço
nenhum ventre
porque sou a dança
do meu corpo
y hoje ela só é para
y por você
então eu poderia,
mas também nem posso
da poética
são lindas as histórias
que servem para
serem
penduradas num
barbante
fotografia de comércio
cabe até um pouco de humanidade
mas só
um pouco de sorriso forçado
y tal
eu gosto mesmo é das calcinhas
dos varais
aqueles fios que nunca
nunca
nunca
se contam
y nos costura,
dentais,
uns sorrisos
invisíveis
coisa que o tempo pode não falar
delas
fotografias de desejos
onde menos se espera ou se encontra,
líquidas
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
poeta
o poeta se me
escreve
com a língua
escreve
com a língua
em minha boca
traduz saliva
passeia canteiros
relvas
traduz saliva
passeia canteiros
relvas
ataca minha fome
o poeta
o poeta
dança silêncio
quando eu sou eterna
melancolia
quando eu sou eterna
melancolia
o poeta
rasteja, feito serpente
no meu olvido
rasteja, feito serpente
no meu olvido
se abre em asas
no meu sexo
no meu sexo
o poeta tem caligrafia de garrafa
daquelas que nunca se lê
jogada ao mar
daquelas que nunca se lê
jogada ao mar
ele tem raízes fortes
mas nada que nossas mãos juntas
nao possa plantar de novo y de novo
mas nada que nossas mãos juntas
nao possa plantar de novo y de novo
y.
o poeta tem um verso escondido
daqueles que não se esconde a dor
das asas
daqueles que não se esconde a dor
das asas
o poeta é ela..
porta aberta para delirios
com cheiro aberto
de Fé
com cheiro aberto
de Fé
loba uivante
quando o meu nome
nua
quando o meu nome
nua
de te amar em caos.. de te amar como em casa
eu quero a liberdade de não ir até você
a liberdade que você nunca venha
para percorrer os espaços
onde você não está
sem demora ou fome
onde você não está
sem demora ou fome
o lugar onde por um momento
eterno
você possa
vir
eterno
você possa
vir
um lugar onde seja possível
te encontrar
mas sobretudo um lugar onde não é possível
nunca
te encontrar
te encontrar
mas sobretudo um lugar onde não é possível
nunca
te encontrar
porque eu quero esse lugar-fome
esse lugar onde você não é mais
onde não sou
onde não somos
esse lugar onde você não é mais
onde não sou
onde não somos
inteiros prováveis
Nadas
Nadas
atraídos pela força brusca
de lugar nenhum
não atraídos por asas
sequer pensados liberdade
de lugar nenhum
não atraídos por asas
sequer pensados liberdade
porque é também nesse espaço inabitado
y também inteiro
que faço um pacto com os Deuses
onde a Deusa não mora
mas poderia
y também inteiro
que faço um pacto com os Deuses
onde a Deusa não mora
mas poderia
porque me reconheço matéria
viva de fomes y de silêncios
viva de fomes y de silêncios
porque eu te amo mais
no quando
onde
nada acontece
y mais ainda
quando não te amo
no quando
onde
nada acontece
y mais ainda
quando não te amo
domingo, 12 de novembro de 2017
aqui
agora esse gosto de
mar aqui
fazendo sentido na minha boca
eu
chuva eterna
passado de rio
contrariada
que não era dada a matéria da forma
enclausurada na boca da fome
eu que nunca escolhi ser rio
ou peixe
ou mar
ou nada
que me esqueci num desses vagões de ser
que me tranquei no invisível
me podei no meio de algo que não é
entranhei no corpo do sem nome
para caso você nunca chegasse
então eu te vi
num desses lugares de não te encontrar
então se faz um tempo fascinação
de bocas
seios y entranhas
coisas que não consigo mais falar
de silêncio y amor
onde fechamos os olhos
y somos
lá
mar aqui
fazendo sentido na minha boca
eu
chuva eterna
passado de rio
contrariada
que não era dada a matéria da forma
enclausurada na boca da fome
eu que nunca escolhi ser rio
ou peixe
ou mar
ou nada
que me esqueci num desses vagões de ser
que me tranquei no invisível
me podei no meio de algo que não é
entranhei no corpo do sem nome
para caso você nunca chegasse
então eu te vi
num desses lugares de não te encontrar
então se faz um tempo fascinação
de bocas
seios y entranhas
coisas que não consigo mais falar
de silêncio y amor
onde fechamos os olhos
y somos
lá
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
ontem a noite
ontem
a noite se esticou
em bom dia
seus lábios a me beijar
sonhos
seus dedos a plantar desejos
tuas costas em asas
aquáticas
amanhecemos
y não consigo ir embora
do mar dos teus
das tuas...
direi divagações
de novo
esse mar:
reino de conchas
da sua boca
de pérolas
a noite se esticou
em bom dia
seus lábios a me beijar
sonhos
seus dedos a plantar desejos
tuas costas em asas
aquáticas
amanhecemos
y não consigo ir embora
do mar dos teus
das tuas...
direi divagações
de novo
esse mar:
reino de conchas
da sua boca
de pérolas
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
aquária
como esquecer por um segundo
seus dedos de unhas negras
descascadas em me procurar?
procuro uma imagem
ou um lugar que me faça falar dele
para que eu te esqueça
por baixo da minha saia
nasce uma estrela do [a]mar
ainda
y ela me lembra você
sabem minhas memórias
que são suas essaa asas ou barbatanas
que são minhas
y que para brincar no aquário
é preciso habilidade com os dedos
y uma língua auspiciosa
língua de lugar nenhum
palavra de ninguém
não te esqueço aqui ainda
porque você vem com a língua
sorrateira
contorna um lado
agora o outro
dos meus voos
y
depois em mim um
ai!
como esquecer?
se também no aquário
perdido da sua blusa
um peixe ou dois
se alimentam de língua
y que não há sede
porque o que se passa no aquário
é fome
fome de línguas
dedos
de memórias
y suas divagações
seus dedos de unhas negras
descascadas em me procurar?
procuro uma imagem
ou um lugar que me faça falar dele
para que eu te esqueça
por baixo da minha saia
nasce uma estrela do [a]mar
ainda
y ela me lembra você
sabem minhas memórias
que são suas essaa asas ou barbatanas
que são minhas
y que para brincar no aquário
é preciso habilidade com os dedos
y uma língua auspiciosa
língua de lugar nenhum
palavra de ninguém
não te esqueço aqui ainda
porque você vem com a língua
sorrateira
contorna um lado
agora o outro
dos meus voos
y
depois em mim um
ai!
como esquecer?
se também no aquário
perdido da sua blusa
um peixe ou dois
se alimentam de língua
y que não há sede
porque o que se passa no aquário
é fome
fome de línguas
dedos
de memórias
y suas divagações
terça-feira, 24 de outubro de 2017
superfície
mergulhei
no gelado gostoso da tua língua
vi o que é eterno,
secar
melancolias..
as vezes é pouco o contato
com o rio para se
afogar
às vezes o rio é boca
é gente
y às vezes também é outro
nunca se sabe onde vivem
afogamentos
no gelado gostoso da tua língua
vi o que é eterno,
secar
melancolias..
as vezes é pouco o contato
com o rio para se
afogar
às vezes o rio é boca
é gente
y às vezes também é outro
nunca se sabe onde vivem
afogamentos
domingo, 22 de outubro de 2017
ME
plantou com a língua
três giros,
delicado traço de girassol
embebido de clitória
semeadura de espera espumosa
semente maturada de infâncias
c'oas mãos cheias de infancia
me plantou um sorriso
dedos lambidos de alma
verso escuro de terra
palavradura de ar y alquimias
me plantou
: o desejo..
plantou y me deixou na janela,
aquário de asas
para brotar como quem
ama
onde borbulhante o amor nasce
y nem se vê quem
onde ela..
plantou y também voltava
que era pra ver se o que nasce da língua
germina
agora essa clitória-
girassol rasgando o peito da terra
nos
anunciando
possíveis
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
memória futura
quando eu era pequena,
não acreditava em rio
não acreditava em rio
nunca tinha visto um rio,
isso que corre suave
liquidez de cauda escura
superfície de som que nasce das bordas
isso que corre suave
liquidez de cauda escura
superfície de som que nasce das bordas
mas eu acreditava em subterrâneo
sempre fui boa em nomear segredos
sempre fui boa em nomear segredos
desde pequena
sempre acreditei
naquele que vem depois do que veio
sempre acreditei
naquele que vem depois do que veio
foi então que comecei com um sentimento de Fé
e a Fé brinca,
nunca esconde
ela chega como um vale de borboletas se formando
em infinitas cores
nunca esconde
ela chega como um vale de borboletas se formando
em infinitas cores
então eu levo a sério tudo o que me acontece depois da Fé,
como o seu sorriso
ou o corte impreciso dos teus lábios
como o seu sorriso
ou o corte impreciso dos teus lábios
porque tua boca eu nomeei
rio
rio
y seria bobo não revelar que eu já estava molhada de você,
antes de você chegar
só que agora você veio
antes de você chegar
só que agora você veio
por isso eu quero te viver em quandos
porque mesmo que eu tenha crescido
y não saiba ainda o que é rio
y não saiba ainda o que é rio
hoje eu acredito nele
em você
em você
y é irreversível
o que vem depois da Fé
o que vem depois da Fé
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
decantação poética
se falo do seu beijo
é porque ainda me foge
uma pétala
vadia
presa ao paladar gostoso
do poema
delicada pétala
desprendida
de cor rósea
morrendo seus vermelhos
falo de uma opaca memória
do que foi desejo
a tua língua
emaranhada sobre a minha
pétalas brancas que escrevo
poemas como em páginas
y se falo do seu beijo
é porque ele
planta a tua ausência
sob a métrica escura
da tua presença
então te envolvo
na fome dos meus braços de procura
toco a maravilha
que é este saboroso nada
[inteira]
a sua vinda..
toco como quem contempla
ir embora
sem te levar
y
nada
é porque ainda me foge
uma pétala
vadia
presa ao paladar gostoso
do poema
delicada pétala
desprendida
de cor rósea
morrendo seus vermelhos
falo de uma opaca memória
do que foi desejo
a tua língua
emaranhada sobre a minha
pétalas brancas que escrevo
poemas como em páginas
y se falo do seu beijo
é porque ele
planta a tua ausência
sob a métrica escura
da tua presença
então te envolvo
na fome dos meus braços de procura
toco a maravilha
que é este saboroso nada
[inteira]
a sua vinda..
toco como quem contempla
ir embora
sem te levar
y
nada
sem bagagem
sinto um tremor
os teus olhos
como trilhos de trens
me acenam
beijo tua boca
como se chegasse a algum lugar
entro
y há algum gosto de sorriso
enquanto te beijo
subo y desço
para saber o que é
isso que
onde estou
um arrepio
gostoso gesto
desesperada espera
isso de não te saber
mas querer
continuar
beijando
sinto um tremor,
enquanto o trem treme
as horas voam
eu teus
trilho
os teus olhos
como trilhos de trens
me acenam
beijo tua boca
como se chegasse a algum lugar
entro
y há algum gosto de sorriso
enquanto te beijo
subo y desço
para saber o que é
isso que
onde estou
um arrepio
gostoso gesto
desesperada espera
isso de não te saber
mas querer
continuar
beijando
sinto um tremor,
enquanto o trem treme
as horas voam
eu teus
trilho
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
..
estive pensando o tempo que se pode ficar em volta de um cadáver. alguns pensamentos são como mortos, voltam para nos assombrar em nossa mínima existência. são pensamento que jamais teríamos se fôssemos outro. y que talvez só pudesse esse agora abraçar sua completude.
há um momento exato de estar sendo algo extraordinário de nós mesmos, que geralmente não percebemos. y fico me perguntando onde foi ou como foi, ou quando foi que perdemos o nosso maravilhamento.
estive pensando. tantas mortes na pele. no não abraço, no não dito. no não! tenho pavor de nãos. ao mesmo tempo que tenho pavor me coloco diante dele com o que ele é: não. então ficou difícil raciocinar algo minimamente sincero. foi então que tive contato com outra parte da história do pensamento: os sentidos. senti um cheiro de chumbo, eu que nem sei se chumbo tem cheiro forte, ácido ou..
como que empoderando-se de si mesmo, feminino ou sorrateiro, de vulcânico! estendi meus olhos com um sentir que sequer parecia meu: era um portal de vento.. corrente onde se pode tudo, inclusive nada. aí fiquei olhando, descansando o olhar sobre o não. os nadas dos nãos.
aí eu voltei um pouco, procurei uma palavra que se parecia com desejo. olhei para a palavra desejo y tentei entender o não desejo.
esse é o tempo de contemplar mortos: o seu contrário. foi então que me percebi cheia de vida. seguindo sorrisos, seguindo almas com corpos y danças. foi então que dei ao tempo o nome de contrário. só que quando o tempo vem com morte no meio [y o mais incrível é que ele sempre vem..] ele parece eterno.
há um momento exato de estar sendo algo extraordinário de nós mesmos, que geralmente não percebemos. y fico me perguntando onde foi ou como foi, ou quando foi que perdemos o nosso maravilhamento.
estive pensando. tantas mortes na pele. no não abraço, no não dito. no não! tenho pavor de nãos. ao mesmo tempo que tenho pavor me coloco diante dele com o que ele é: não. então ficou difícil raciocinar algo minimamente sincero. foi então que tive contato com outra parte da história do pensamento: os sentidos. senti um cheiro de chumbo, eu que nem sei se chumbo tem cheiro forte, ácido ou..
como que empoderando-se de si mesmo, feminino ou sorrateiro, de vulcânico! estendi meus olhos com um sentir que sequer parecia meu: era um portal de vento.. corrente onde se pode tudo, inclusive nada. aí fiquei olhando, descansando o olhar sobre o não. os nadas dos nãos.
aí eu voltei um pouco, procurei uma palavra que se parecia com desejo. olhei para a palavra desejo y tentei entender o não desejo.
esse é o tempo de contemplar mortos: o seu contrário. foi então que me percebi cheia de vida. seguindo sorrisos, seguindo almas com corpos y danças. foi então que dei ao tempo o nome de contrário. só que quando o tempo vem com morte no meio [y o mais incrível é que ele sempre vem..] ele parece eterno.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
dois
se são claros os dias,
teu sorriso
o sol
as estações
se sãos claras as memórias,
é porque já percorreste-me
as raízes
os trilhos onde se aterram
minhas tempestades
se são claras as janelas,
é porque não sei
não sabemos
y sorrimos
em algum lugar
há o verso
bruto y delicado sobre essas luzes
verso e
feito
da mesma linha tênue
de onde nasce
a escuridão
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
do olhar
quando borboletas voam
do estômago
p'ros olhos..
os
cílios todos se fundem
a
íris, como em asa,
infla o verso
de olhar
e vê: é primavera do meu olhar
y o vento dança
é um tempo de eterno,
este de
Fé
do estômago
p'ros olhos..
os
cílios todos se fundem
a
íris, como em asa,
infla o verso
de olhar
e vê: é primavera do meu olhar
y o vento dança
é um tempo de eterno,
este de
Fé
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
eternidade
se eu tivesse uma imagem com a tua fome
ela teria hibiscos vivos dançando sob a xícara de chá
y as cores todas se verteriam
em vermelhos
porque se eu tivesse uma imagem
com a tua fome,
ao olhar assim p'ra ela
teria eu de ser apenas sangue
y transpassar, coagulante
a tua voz líquida
porque se alguma imagem
se verter em tua fome
ela seria a plenitude
cortante de cada verso
o espaço vazio das pétalas vadias
a cutícula arrancada
em cada unha
o batom vermelho triturado na boca infeliz
o sabão grátis do motel que depois lava a mão pesada
a roda do carro estragada de estradas esburacadas sem significados
o espaço onde os passos sem pés y sem asas
cotidiano de pombas
ou a imagem de gira
porque se a imagem se vestisse da sua fome,
ela não existiria
de tão eterna
ela teria hibiscos vivos dançando sob a xícara de chá
y as cores todas se verteriam
em vermelhos
porque se eu tivesse uma imagem
com a tua fome,
ao olhar assim p'ra ela
teria eu de ser apenas sangue
y transpassar, coagulante
a tua voz líquida
porque se alguma imagem
se verter em tua fome
ela seria a plenitude
cortante de cada verso
o espaço vazio das pétalas vadias
a cutícula arrancada
em cada unha
o batom vermelho triturado na boca infeliz
o sabão grátis do motel que depois lava a mão pesada
a roda do carro estragada de estradas esburacadas sem significados
o espaço onde os passos sem pés y sem asas
cotidiano de pombas
ou a imagem de gira
porque se a imagem se vestisse da sua fome,
ela não existiria
de tão eterna
clitoria I
tem a pele de nuvem seca
recem nascida
descuida y bruta
como o vento queimado de sol
asas de serpente
tem um buraco feito de pau
sem fome
na frente
o buraco
relicário de versos:
líquido quente
furacão
língua cadente
dedos de mãos
um buraco feito mar,
que não enche
dizem que se olhar o buraco de perto
como quem olha por uma fechadura
ele dá
no outro lado
outro lado do que é nada
y faz rezar
recem nascida
descuida y bruta
como o vento queimado de sol
asas de serpente
tem um buraco feito de pau
sem fome
na frente
o buraco
relicário de versos:
líquido quente
furacão
língua cadente
dedos de mãos
um buraco feito mar,
que não enche
dizem que se olhar o buraco de perto
como quem olha por uma fechadura
ele dá
no outro lado
outro lado do que é nada
y faz rezar
dos invisíveis
ligadura de sonhos
essas linhas invisíveis que o universo traz
magias
ou orações que eu nunca fiz
mas que...
eu não te chamei
não pedi
não pensei em você
você veio
y não sei o que é isso
de Fé
quando você vem
eu tenho medo do que não peço..
porque também você pode ir embora
caso eu não peça
de novo nesses versos
em que te sonhei,
que fique..
nos sonhos
nos versos
onde eu te encontre assim
sem querer num sonho de sol
onde eu te encontre assim
Você
sem mim..
essas linhas invisíveis que o universo traz
magias
ou orações que eu nunca fiz
mas que...
eu não te chamei
não pedi
não pensei em você
você veio
y não sei o que é isso
de Fé
quando você vem
eu tenho medo do que não peço..
porque também você pode ir embora
caso eu não peça
de novo nesses versos
em que te sonhei,
que fique..
nos sonhos
nos versos
onde eu te encontre assim
sem querer num sonho de sol
onde eu te encontre assim
Você
sem mim..
por acaso
agora o teu piano
afundado
em meus lábios
ouço..
som de fim de noite
ainda preso entre arraias, estrelas
tubarões
y cavalos marinhos
ruído Longe
fechado
como antes o som dos teus lábios
agora esse azul na boca
y algumas serpentes
do mar
que se entranhavam entre as teclas
do teu
piano
piano que talvez invento
porque não consigo inventar você
Deusa ou Lilith
xamã
imagem do teu fogo
de mulher
passeio meus dedos
sob as teclas
ouço ainda o teu nome..
plumagem de versos em cadencia de flor
marinha nos espaços entr'as teclas
y teu piano agora parece dentes
rangendo sobre a minha memória de gente
lembro o teu poema
em que voo,
reptilinea
sob teu poema
todo som é nu
anêmonas y fomes
adornam nossos desejos
abro a boca
como quem abre os dedos ao nada
para nadar seu próprio afogamento
abro pra ti
o meu futuro de mar
y ele tem a sua fome
ouço,
três teclas profundamente desafinadas
assombram a boca do mar
entre carpas,
elas tocam: eu' t' amo'
som de
escala de dois universos
transparentes
ainda que só se encontrem em sonhos
dois invisíveis,
a ouvir rouquidões líquidas
de teamo
enquanto esquecem a voz
humana que também a tecla um dia já
teve..
afundado
em meus lábios
ouço..
som de fim de noite
ainda preso entre arraias, estrelas
tubarões
y cavalos marinhos
ruído Longe
fechado
como antes o som dos teus lábios
agora esse azul na boca
y algumas serpentes
do mar
que se entranhavam entre as teclas
do teu
piano
piano que talvez invento
porque não consigo inventar você
Deusa ou Lilith
xamã
imagem do teu fogo
de mulher
passeio meus dedos
sob as teclas
ouço ainda o teu nome..
plumagem de versos em cadencia de flor
marinha nos espaços entr'as teclas
y teu piano agora parece dentes
rangendo sobre a minha memória de gente
lembro o teu poema
em que voo,
reptilinea
sob teu poema
todo som é nu
anêmonas y fomes
adornam nossos desejos
abro a boca
como quem abre os dedos ao nada
para nadar seu próprio afogamento
abro pra ti
o meu futuro de mar
y ele tem a sua fome
ouço,
três teclas profundamente desafinadas
assombram a boca do mar
entre carpas,
elas tocam: eu' t' amo'
som de
escala de dois universos
transparentes
ainda que só se encontrem em sonhos
dois invisíveis,
a ouvir rouquidões líquidas
de teamo
enquanto esquecem a voz
humana que também a tecla um dia já
teve..
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
abuso poético
era uma caneta-
lâmina fina
afiada em versos
que não escreve mais
porque lhe cortaram
a poesia
era só uma caneta
que ainda hoje
as abelhas rainhas morrem
sem história
lâmina fina
afiada em versos
que não escreve mais
porque lhe cortaram
a poesia
era só uma caneta
que ainda hoje
as abelhas rainhas morrem
sem história
domingo, 1 de outubro de 2017
aos amantes, a janela
debruçada sobre a janela
busco qual a estrada que mais trouxe você
aquele
ou outro
para as pedras em que me escondo
sinto gosto de luz branca se aproximando
na escureza das pedreiras inexatas
que rolam aqui perto
enquanto chegava ele
ela
ainda
lembro a primeira vez do teu rosto
aquele ou outro
a mesma face de lamparina que eu toquei num sonho na noite de tango
marítimo
antes da tua vinda
sonho que não tive,
mas pressinto
lembro do quando:
na mesma noite pude ver o arco-íris de artifício
da fresta das tuas pernas
você aquele outro y sempre
me saltou obstáculos
plantados de outras vidas
resistentes a dentes
y unhas
minha janela tinha uma única flor
y algumas ausências
janela-gruta
escura como as esquinas de dentro
que dão nas minhas pernas
até que me iluminassem presenças
você chegou, como aquela
ou ele
pingando estradas
disse que precisava chegar logo
y me fiz algum lugar
secreto ou sujo
de dois lados
dentro-fora
janela-casa
então chegavam todos
como quem estivesse pronto para adentrar
num incêndio
por isso a lamparina, a festa no meio das pernas
todos tinham festas no meio das pernas
todas
incendiosas que eram
incendiosos
então eu fiquei na janela
com esse sabor de eterno
com a lampada acesa de alguém que vem
queimando o escuro do que meus olhos não alcançam
de olhar
porque quando você veio,
aquele ou outra
tudo o mais se tornou passado
as horas, Ela, os poemas não escritos
ele
parada, à janela
sinto o vento y ele faz curva com outro vento,
talvez a mesma curva que te trouxe
fico pensando,
um verso aberto
feito janela onde se pode ver pela manhã
a xícara cheia de promessa
a taça de vinho sagrado na mesa numa noite de lua
ou cheia
corpo nu saindo do banho
boca vermelha entreaberta
ou comendo pipoca
quando você chegou
era ele
que era ela
passos alados ao nome Destino
de plano voo
ou Fé
curva
sem tempo, sem nome
inteireza de promessa
aberto como aberto era também
o meu que não é meu
nome
busco qual a estrada que mais trouxe você
aquele
ou outro
para as pedras em que me escondo
sinto gosto de luz branca se aproximando
na escureza das pedreiras inexatas
que rolam aqui perto
enquanto chegava ele
ela
ainda
lembro a primeira vez do teu rosto
aquele ou outro
a mesma face de lamparina que eu toquei num sonho na noite de tango
marítimo
antes da tua vinda
sonho que não tive,
mas pressinto
lembro do quando:
na mesma noite pude ver o arco-íris de artifício
da fresta das tuas pernas
você aquele outro y sempre
me saltou obstáculos
plantados de outras vidas
resistentes a dentes
y unhas
minha janela tinha uma única flor
y algumas ausências
janela-gruta
escura como as esquinas de dentro
que dão nas minhas pernas
até que me iluminassem presenças
você chegou, como aquela
ou ele
pingando estradas
disse que precisava chegar logo
y me fiz algum lugar
secreto ou sujo
de dois lados
dentro-fora
janela-casa
então chegavam todos
como quem estivesse pronto para adentrar
num incêndio
por isso a lamparina, a festa no meio das pernas
todos tinham festas no meio das pernas
todas
incendiosas que eram
incendiosos
então eu fiquei na janela
com esse sabor de eterno
com a lampada acesa de alguém que vem
queimando o escuro do que meus olhos não alcançam
de olhar
porque quando você veio,
aquele ou outra
tudo o mais se tornou passado
as horas, Ela, os poemas não escritos
ele
parada, à janela
sinto o vento y ele faz curva com outro vento,
talvez a mesma curva que te trouxe
fico pensando,
um verso aberto
feito janela onde se pode ver pela manhã
a xícara cheia de promessa
a taça de vinho sagrado na mesa numa noite de lua
ou cheia
corpo nu saindo do banho
boca vermelha entreaberta
ou comendo pipoca
quando você chegou
era ele
que era ela
passos alados ao nome Destino
de plano voo
ou Fé
curva
sem tempo, sem nome
inteireza de promessa
aberto como aberto era também
o meu que não é meu
nome
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
cartão postal
recebi tua letra,
escritura de saudade
tinta preta
estremecida no fim do verso
o S das tuas costas
me trazendo florestas-
plurais
amoras
primaveras
equinócios
a minha saudade
relembra tuas mãos em S
cadênciando coxas
seio
num dizer amor
a minha saudade
se faz verso
calado
distante das tuas manhãs,
só a tinta sabe da tua ausência
tinta que recebo seca,
mancha inexata num papel cartão
duro
seco
que eu insisto em mim
que vou guardar..
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
terça-feira, 19 de setembro de 2017
tu
tua língua:
esse som de trilhos de trem
que percorro
de olhos fechados
silenciosa
y me sei infinita
esse som de trilhos de trem
que percorro
de olhos fechados
silenciosa
y me sei infinita
presença
nem bem falo de ausência
y meu peito infla
da tua presença
é que eu sou romântica demais
para te colocar num aquário
então o mar é aberto y infinito
y eu vou jogar a nossa garrafa
como quem põe,
certa
o nome no incerto infinito
vou jogar, como quem joga confetes
você saltou,
y era a única esperança a qual
eu não poderia viver
sem
y meu peito infla
da tua presença
é que eu sou romântica demais
para te colocar num aquário
então o mar é aberto y infinito
y eu vou jogar a nossa garrafa
como quem põe,
certa
o nome no incerto infinito
vou jogar, como quem joga confetes
você saltou,
y era a única esperança a qual
eu não poderia viver
sem
liberdade
como alguém
com asas nos olhos?
essa tua mania de me olhar
liberdade
essa tua mania de fome
em partir
eu te escrevi um bilhete
marquei a página secreta do meu livro preferido
ouvi tuas músicas preferidas
li teu poema mais secreto
abri tuas pernas,
como quem abre uma janela que estivesse sempre trancada
y me joguei
essa, de todas as mortes,
a mais feliz
em viver
da tua ausência
da tua ausência
o seu
eu quero um beijo,
delicado beijo
donde vivem todos los silêncios
eu quero o beijo,
estrondoso beijo,
donde moram todas as muralhas
eu quero o beijo,
de todos os teus olhos fechados
o beijo sonho
o beijo poema metáfora de língua
o beijo amante
o beijo-danza
o beijo café da manhã
o beijo horizonte
alamedas
eu quero o seu beijo,
roubo de versos mudos
eternidade daqueles agoras
que continuo
sentindo
delicado beijo
donde vivem todos los silêncios
eu quero o beijo,
estrondoso beijo,
donde moram todas as muralhas
eu quero o beijo,
de todos os teus olhos fechados
o beijo sonho
o beijo poema metáfora de língua
o beijo amante
o beijo-danza
o beijo café da manhã
o beijo horizonte
alamedas
eu quero o seu beijo,
roubo de versos mudos
eternidade daqueles agoras
que continuo
sentindo
imensidão
miro o sol
atento
aos sentidos das pedras
a morte do que foi
passando de boca em boca
agora
o céu azul
vazios,
essas alturas de encontro
agora vazias
as minhas mãos das tuas
tua pele nua
imitando todo som
me lembrando qualquer
tua pele nua..
feito pedra
tua pele sempre
nua
sobre a minha
sinto por dentro um efeito de alturas
de pétalas de rosas cadentes
onde folheio com a ponta dos dedos
folha por folha
até virar
memória
este poema
onde, cheias,
minhas mãos
te alcançam
imensidão
atento
aos sentidos das pedras
a morte do que foi
passando de boca em boca
agora
o céu azul
vazios,
essas alturas de encontro
agora vazias
as minhas mãos das tuas
tua pele nua
imitando todo som
me lembrando qualquer
tua pele nua..
feito pedra
tua pele sempre
nua
sobre a minha
sinto por dentro um efeito de alturas
de pétalas de rosas cadentes
onde folheio com a ponta dos dedos
folha por folha
até virar
memória
este poema
onde, cheias,
minhas mãos
te alcançam
imensidão
terça-feira, 12 de setembro de 2017
sábado, 9 de setembro de 2017
la niña con alas
en el amor
cabe tudo
penas
engrenagens
ódio
amor
passagens
travessia
salto
labaredas
chiclé
danza
s'
t'
sorvete
plumas
barragens
mas y se en el amor
couber mesmo
isso de
trilhos?
recibo el amor
com mis ocos
entre las
piernas
cabe tudo
penas
engrenagens
ódio
amor
passagens
travessia
salto
labaredas
chiclé
danza
s'
t'
sorvete
plumas
barragens
mas y se en el amor
couber mesmo
isso de
trilhos?
recibo el amor
com mis ocos
entre las
piernas
terça-feira, 5 de setembro de 2017
confesso
de todos os meus amores,
sempre levei algo
além do amor
calcinhas
colares
pulseiras
aneis
vertigens
palavras
metáforas
me chamam
cleptomaníaca do amor
mas só de você,
me causa esse espanto
de roubar as tintas
de todas as tuas canetas,
ainda mais as vermelhas
já que não posso tocar os gestos
mudos
onde
calados,
seus versos
me incendeiam
lembra?
chorou
depositou as gotas
na xícara
pegou um cigarro
fumou
disse que era pra gente tomar
depois de foder muito
até nossos corpos suarem
y que, agora,
tomaríamos numa taça
de brinde "encontro"
reza
existe um templo
no de dentro das tuas saias
onde brotam
maravilhas
que sempre volto pra tomar
cálice-
va
gina
gotas
cadências
fuligem
pólen
iluminuras
que só se encontra com a língua
em reza
ave
...
cheia de asas
no de dentro das tuas saias
onde brotam
maravilhas
que sempre volto pra tomar
cálice-
va
gina
gotas
cadências
fuligem
pólen
iluminuras
que só se encontra com a língua
em reza
ave
...
cheia de asas
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
ponte
eu te olhei de novo
essa travessia
carrega um tornado
entre as entranhas
da ponte
a travessia desse desejo
tua língua cifrada dançando ondas
a espera desesperada
tuas mãos a me escrever
méxicos
uma curva em
s
nas tuas costas
me dizendo que no chile
fará sol
o batom vermelho
depositado num poema
teu nome deslizando
)todotempo(
nos meus dias
penso a travessia
como as nuvens dissolvidas
na minha boca,
tuas viagens em mim
meu cabelo molhado
o banho da olívia
tuas mãos com anel
de chiclé
as palavras sem nome
com que busco todos os dias
em mim
o teu nome
travessia travessia,
um lugar nenhum
imensidão
um lugar nenhum
onde você mora
macieira
morangos
colibris
cascatas
os poemas
essa morada
em 9
a tua eterna voz
nos sons da vida
por que você nunca vem
quando te espero?
vens sempre
terremoto
tornada
invasão
de passagens
compradas
vem toda sendo
esse vulcão que já tenho
há tanto tempo no peito
esse meio
onde eu paro
y não quero saber
nunca mais de início ou fim
uma travessia abandonada,
em amar
poema-pele
é também na pele
que o poema
respira
que o poema
respira
aromático,
o tempo
se estica em infinitos
o tempo
se estica em infinitos
os pelos
arrepiam
na pulsação
da poeira da paz
arrepiam
na pulsação
da poeira da paz
é também na pele
que se me escreve
o poema
você
que se me escreve
o poema
você
y ele voa
pelos
pelos
tateio com o nada
esse meus
seus absurdos
esse meus
seus absurdos
é no poema que a pele
ecoa
ecoa
tuas mãos
teus dedos
é na pele que a pele
respira
poesia
teus dedos
é na pele que a pele
respira
poesia
de quando fui demônia
era noite
tua boca se insistia na minha
teus dedos
tua fantasia
tua boca se insistia na minha
teus dedos
tua fantasia
eu pedi pizza
fiz beijinho
dancei pra noite
fiquei nua pra lua
fiz beijinho
dancei pra noite
fiquei nua pra lua
já havia falado que você era noite
sorrindo p'ros
teus olhos de lua
sorrindo p'ros
teus olhos de lua
você não se sentiu dentro
foi então que você quebrou ao meio
a minha fantasia,
a minha fantasia,
y se não fosse um poema me tocando
eu não queria
eu não queria
y não quis
naquela mesma noite eu
um par de chifres de búfalo
um corpete preto y vermelho
fez a sinta liga estourar
um par de chifres de búfalo
um corpete preto y vermelho
fez a sinta liga estourar
foi então que um vulcão
te engoliu
te engoliu
y se manifestou
domingo, 3 de setembro de 2017
sob teus olhos de mar
tentei ouvir a mutação fresca
dos teus olhos fechados
ouvi formas
geometrias
lágrimas
ondas y suas sedes
anatomias
ouvi escurosos olhos fechados
desejos
tradução de uma canção antiga de futuro
de beira de rio com flores
de ondas espumosas
de quebranto dos meus versos
vestida na minha nudez de raios
elétrica
eu fugia do céu para tocar
o teu som
enquanto ouvia também o barulho
em que eu me caia de você
sem cor,
ouvi lágrimas circulares
águas girosas pelo salão do
teu rosto
y ouvia mais y mais
o escuro dos teus olhos fechados
tecendo esses indizíveis
(sempre do futuro)
ouvi o som dos pássaros que às vezes parecem as tuas pálpebras
fechadas
[y eu queria que elas
se abrissem ao me ver]
ouvi ouvi y
era inteiro abismo
este som enquanto chegava perto
y mais perto..
tudo o que ressoava
era teu som
tinha a sua infinita
assinatura
[olhar é um voo secreto
que só sabe
quando não se sabe nadar]
ouvi
teus olhos de tambor
infinitas asas
piscando piscando
me puxando
numa dança sem volta
feito o mar
era um som mar
depois de mais uma onda
y
me puxava
pra dentro
pra fora
pra dentro
pra fora
eu até então inteira tempestade
percorrendo a corrente fresca
dos teus olhos fechados
[foi então que soube o que estava ali pra saber: toda tempestade quando cai
já é a
mar]
então de novo os teus olhos.
este demônio nos meus ouvidos
a tempestade escorrendo do som do meu peito
y o que não se pode fugir
mar
então cores y sons
outras vidas
sim, outras vidas
futuras
o que não se podia ver
estava bem alí
onde não se podia ver
ouvir o som dessas cores
o som das tuas águas salgadas
ouvir o som Agora
a
mar
mas só se podia ouvir o
que era alma
parada no precipício
de um verso: o teu olhar ainda
fechado
indo
voltando
eu-agora pele
perfeita gota de uma tempestade
puta
a vida que piscava
piscava
piscava
depois fechava a janela
y eu ouvia tão bem esses indizíveis
um som janela
um dom cortina
acrobáticos sons
teus olhos me pescavam
duas vezes o mar dos teus olhos
anunciou minha chegada
num som anzol
de lenços y lencóis
duas vezes o som onde eu
morria
tateando teus abertos
escuros
eu-laroye
som linha tênue de um raio,
tempestuosa,
lembrando apenas o caminho
sonoro do mar
teus olhos
dos teus olhos fechados
ouvi formas
geometrias
lágrimas
ondas y suas sedes
anatomias
ouvi escurosos olhos fechados
desejos
tradução de uma canção antiga de futuro
de beira de rio com flores
de ondas espumosas
de quebranto dos meus versos
vestida na minha nudez de raios
elétrica
eu fugia do céu para tocar
o teu som
enquanto ouvia também o barulho
em que eu me caia de você
sem cor,
ouvi lágrimas circulares
águas girosas pelo salão do
teu rosto
y ouvia mais y mais
o escuro dos teus olhos fechados
tecendo esses indizíveis
(sempre do futuro)
ouvi o som dos pássaros que às vezes parecem as tuas pálpebras
fechadas
[y eu queria que elas
se abrissem ao me ver]
ouvi ouvi y
era inteiro abismo
este som enquanto chegava perto
y mais perto..
tudo o que ressoava
era teu som
tinha a sua infinita
assinatura
[olhar é um voo secreto
que só sabe
quando não se sabe nadar]
ouvi
teus olhos de tambor
infinitas asas
piscando piscando
me puxando
numa dança sem volta
feito o mar
era um som mar
depois de mais uma onda
y
me puxava
pra dentro
pra fora
pra dentro
pra fora
eu até então inteira tempestade
percorrendo a corrente fresca
dos teus olhos fechados
[foi então que soube o que estava ali pra saber: toda tempestade quando cai
já é a
mar]
então de novo os teus olhos.
este demônio nos meus ouvidos
a tempestade escorrendo do som do meu peito
y o que não se pode fugir
mar
então cores y sons
outras vidas
sim, outras vidas
futuras
o que não se podia ver
estava bem alí
onde não se podia ver
ouvir o som dessas cores
o som das tuas águas salgadas
ouvir o som Agora
a
mar
mas só se podia ouvir o
que era alma
parada no precipício
de um verso: o teu olhar ainda
fechado
indo
voltando
eu-agora pele
perfeita gota de uma tempestade
puta
a vida que piscava
piscava
piscava
depois fechava a janela
y eu ouvia tão bem esses indizíveis
um som janela
um dom cortina
acrobáticos sons
teus olhos me pescavam
duas vezes o mar dos teus olhos
anunciou minha chegada
num som anzol
de lenços y lencóis
duas vezes o som onde eu
morria
tateando teus abertos
escuros
eu-laroye
som linha tênue de um raio,
tempestuosa,
lembrando apenas o caminho
sonoro do mar
teus olhos
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
de lá de Longe
se eu disser que não te amo
meu coração acelera
em espanhol
em hebraico
em japonês
em polonês
porque se eu disser que não te amo
eu falo desta
vida
y ela nos separa
continental,
meus pés pisam poças
de agora
enquanto tua blusa
avoa no
varal das nossas vidas
meu coração acelera
em espanhol
em hebraico
em japonês
em polonês
porque se eu disser que não te amo
eu falo desta
vida
y ela nos separa
continental,
meus pés pisam poças
de agora
enquanto tua blusa
avoa no
varal das nossas vidas
la double vie
tatear
o escuro
y de escuro em escuro
encontrar a luz
escura
o escuro
y de escuro em escuro
encontrar a luz
escura
tatear a luz
de luz em luz
encontrar a escura
luz
de luz em luz
encontrar a escura
luz
nodo
era ela a mais nua
que havia
tocado
que havia
tocado
vestia uma capa
invisível
vermelha
invisível
vermelha
por isso a mais difícil
de todas as nudezes
de todas as nudezes
porque invisível
porque vermelha
porque vermelha
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
a mulher de olhos germinantes
ela tinha um girassol
nascendo
na íris
toda vez que chorava,
regava
os médicos diziam que
não demoraria muito
até tudo estourar
y seu mundo virar
Flor
nascendo
na íris
toda vez que chorava,
regava
os médicos diziam que
não demoraria muito
até tudo estourar
y seu mundo virar
Flor
domingo, 27 de agosto de 2017
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
do quando escorpião
o que faço
com esse escorpião alojado
na garganta?
te escrevo poemas
sem futuro,
penso montanhas
pomba gira
tua pele nos ferrões
dos meus versos
você nua,
a tecer demônios
sobre mim
implorando que eu pare
enquanto,
escreve mais um poema
onde eu morro
nos teus braços
você debruçada
sobre minha garganta,
chupando
como quem contem meus venenos
por cima,
chupando
enquanto
louca,
me esqueço
com esse escorpião alojado
na garganta?
te escrevo poemas
sem futuro,
penso montanhas
pomba gira
tua pele nos ferrões
dos meus versos
você nua,
a tecer demônios
sobre mim
implorando que eu pare
enquanto,
escreve mais um poema
onde eu morro
nos teus braços
você debruçada
sobre minha garganta,
chupando
como quem contem meus venenos
por cima,
chupando
enquanto
louca,
me esqueço
Carta a S.
S.,
a nossa história não te parece de vidro demais? a tua presença no que sinto, os teus traços, tua voz, tua melancolia.. S, se eu posso desejar algo como desejo, eu quero estar no mágico lugar das tuas pernas. este espaço onde movimenta perna por perna. este espaço onde cantas violeta parra y me dança. esse lugar onde moram os passos do som elétrico do teu sorriso. Sabe, S.' eu sonhei com você y acordei triste. a tua ausência me dói como um livro nunca escrito. a tua ausência me dói como algo feliz nunca vivido. y se fossemos felizes apenas por sentir, então certamente eu seria a mais feliz das histórias de felicidade. mas eu sou apenas alguém com Fé. y lo que más me alimenta hoy es tener fé en tu sonrisa. sei que tus lábios se cortam em outro sei que tuas mãos escriben sobre solidão também. y porque tus manos estan locas de solidão é que te escrevo estas palavras. porque me reconheço em você. hoje quero nos permitir estarmos triste. quero que o sol rasgue y que não queiramos levantar para ver o dia. quero que as flores nasçam bem longe. porque longe me parece o amor. essas vidraças embaçadas da tua janela. a porta fechada. y tudo parece lugar aberto de temporais. então de novo: não te parece de vidro fino os nossos nomes encontrados?
tem algo entre nós que não suporto. algo que não consigo alcançar nas palavras. algo de infinito. saberiamos pensar o inimaginável? as mãos sobre a neve, teus pés afundabdo passos no gelo. vinhos borrando ainda mais o teu sorriso sobre o meu. eu falo de um canto presente. um lugar onde peço o salto.. ou uma fresta para que eu salte.
há pequenos cacos que sabemos onde não pisar y permanecer vivas. você me conhece. traçou poemas sobre meus sonhos. meteu a língua no meu peito.. derrubou minhas armaduras quando sequer sabia que as tinha.. você dançou sob o lenço vermelho y o envolveu sobre teu corpo suado de me dançar. você me convidou.. existe tanto passado que os vidros me confundem em dor. por isso, S., preciso do teu voo futuro, ou a promessa incerta de que não há futuro. mas eu preciso que você me mande parar de te olhar. porque da onde estou
eu não quero
conseguir
parar
da onde Sou,
você é poema
onde cada verso meu,
te danço
com amor,
P.
tem algo entre nós que não suporto. algo que não consigo alcançar nas palavras. algo de infinito. saberiamos pensar o inimaginável? as mãos sobre a neve, teus pés afundabdo passos no gelo. vinhos borrando ainda mais o teu sorriso sobre o meu. eu falo de um canto presente. um lugar onde peço o salto.. ou uma fresta para que eu salte.
há pequenos cacos que sabemos onde não pisar y permanecer vivas. você me conhece. traçou poemas sobre meus sonhos. meteu a língua no meu peito.. derrubou minhas armaduras quando sequer sabia que as tinha.. você dançou sob o lenço vermelho y o envolveu sobre teu corpo suado de me dançar. você me convidou.. existe tanto passado que os vidros me confundem em dor. por isso, S., preciso do teu voo futuro, ou a promessa incerta de que não há futuro. mas eu preciso que você me mande parar de te olhar. porque da onde estou
eu não quero
conseguir
parar
da onde Sou,
você é poema
onde cada verso meu,
te danço
com amor,
P.
enquanto você não chega
enquanto você não chega
as chuvas percorrem
o varal do meu corpo
penduradas,
as calcinha de fio
y dentais
vermelhas
amarelas
cor-de-pele de você chegar
enquanto você não chega,
me banho florais
aromas da tua ausência
enquanto você não chega,
visto o casaco
troco os vestidos
invento vozes para personagens
de livro
me reinvento poema
mudo seu nome
salto o escuro das presenças
para me lembrar da
tua ausência
porque enquanto você
não vem
tudo y todos
eus
estamos de passagem
pingando,
melancólicas vestes
da nudez que se esconde
nos varais
as chuvas percorrem
o varal do meu corpo
penduradas,
as calcinha de fio
y dentais
vermelhas
amarelas
cor-de-pele de você chegar
enquanto você não chega,
me banho florais
aromas da tua ausência
enquanto você não chega,
visto o casaco
troco os vestidos
invento vozes para personagens
de livro
me reinvento poema
mudo seu nome
salto o escuro das presenças
para me lembrar da
tua ausência
porque enquanto você
não vem
tudo y todos
eus
estamos de passagem
pingando,
melancólicas vestes
da nudez que se esconde
nos varais
pleno voo
foi a primeira vez
no amor
que não me sentia como num aquário
pássaro de mim que sou,
fui à tua janela
a mesma janela onde
de longe podia se ver
o dourado das tuas asas
nem seca nem molhadas
demais
para viver um encontro
foi a primeira vez que
voei junto de verdade
da sua janela
olhamos para baixo
o molhado das asas
já pesando
y o mundo parecia inteiro
mesmo os voos se desfazendo
em te olhar
em te beijar
em ficar
porque ficar junto
é um eterno molhar-se
então, pingando
eu tinha que ir embora
também é de secura a vida dos
pássaros
encharcado,
o pássaro gira
em volta do seu cadáver
y essa é uma história feliz
de duas vivas asas
refletidas em outras duas
partindo
de sua morte
deixando feliz
as xícaras abraçadas na janela
enquanto se voa
y talvez volte
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
do silêncio dos sons
sentada de novo
sob a chuva do meu quarto
o tempo é só o tempo
quando se esticam métricas y métricas
de sonidos líquidos
sobre a cama
meus pés estão encharcados
de chover no meu lençol
a tua
ausência
cerro os olhos,
posso ouvir sorrisos no quartzo
miro os olhos nos quadros do meu quarto
miro as distâncias
y choro
o tempo sabe que não é só de mim
que chovo
a vida tem sons
ressonância de imagem
o som dos olhos do elvis
o som da tesoura do edward
miro a Dama da Justiça
y ouço o som de sua espada
os livros na estante me lembram deus
bocas
abraços
ausências
demora um tempo até
ouvirmos
te amo de novo
sob o silêncio
uma mulher serpente senta sobre si mesma
y começa a se tocar
então o som da chuva
o som molhado da tua ausência
o som poético da tua presença
o som da liberdade
de estarmos separadas
talvez por isso o sol nasce
as flores colorem
os sorrisos acontecem
as mulheres y serpentes
a vida tem tanta promessa
escondida sob os silêncios
cerro os olhos de novo y de novo
para falar de um tempo
Terra
um tempo onde nada acontece,
possível de tudo
um tempo que cobra ligaduras
um tempo que germina imensidões
um tempo que cria infinitos
um tempo que rasga
o que nasce
movimento meus dedos numa dança
secreta
entre marrons que me escapam
chove no meu quarto
este barulho que ouço ao som de silêncio
barulho com que troco
meus silêncios
sob a chuva do meu quarto
o tempo é só o tempo
quando se esticam métricas y métricas
de sonidos líquidos
sobre a cama
meus pés estão encharcados
de chover no meu lençol
a tua
ausência
cerro os olhos,
posso ouvir sorrisos no quartzo
miro os olhos nos quadros do meu quarto
miro as distâncias
y choro
o tempo sabe que não é só de mim
que chovo
a vida tem sons
ressonância de imagem
o som dos olhos do elvis
o som da tesoura do edward
miro a Dama da Justiça
y ouço o som de sua espada
os livros na estante me lembram deus
bocas
abraços
ausências
demora um tempo até
ouvirmos
te amo de novo
sob o silêncio
uma mulher serpente senta sobre si mesma
y começa a se tocar
então o som da chuva
o som molhado da tua ausência
o som poético da tua presença
o som da liberdade
de estarmos separadas
talvez por isso o sol nasce
as flores colorem
os sorrisos acontecem
as mulheres y serpentes
a vida tem tanta promessa
escondida sob os silêncios
cerro os olhos de novo y de novo
para falar de um tempo
Terra
um tempo onde nada acontece,
possível de tudo
um tempo que cobra ligaduras
um tempo que germina imensidões
um tempo que cria infinitos
um tempo que rasga
o que nasce
movimento meus dedos numa dança
secreta
entre marrons que me escapam
chove no meu quarto
este barulho que ouço ao som de silêncio
barulho com que troco
meus silêncios
promessa
vejo o meu corpo-ilha
estendido sobre a mudez
das horas
se eu disser que ainda
teamo
tu me verias inteira,
sem memória?
que há sobre o reflexo
dos segundos
uma vontade
uma saudade
uma volta
inteira entre um segundo y outro
o teu nome
mesmo sem te precisar
se eu disser que ainda,
o que?
você faria..
estendido sobre a mudez
das horas
se eu disser que ainda
teamo
tu me verias inteira,
sem memória?
que há sobre o reflexo
dos segundos
uma vontade
uma saudade
uma volta
inteira entre um segundo y outro
o teu nome
mesmo sem te precisar
se eu disser que ainda,
o que?
você faria..
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
da poesia
se movia
poema sobre mim
as pernas de galhos frescos
se voando sobre as minhas
os dedos de gota
chuvosos sobre meu ventre
aquela sempre
margarida na boca
y aquele aquario nos olhos?
eu que sempre fui trapezista
demais
para caber em aquário
fui cabendo
me cavou uma liberdade no sorriso
y eu fui cabendo
mesmo que a gente sempre
vá embora
porque é isso que um poema faz
ele vem
mas VEM mesmo
pra ir embora
poema sobre mim
as pernas de galhos frescos
se voando sobre as minhas
os dedos de gota
chuvosos sobre meu ventre
aquela sempre
margarida na boca
y aquele aquario nos olhos?
eu que sempre fui trapezista
demais
para caber em aquário
fui cabendo
me cavou uma liberdade no sorriso
y eu fui cabendo
mesmo que a gente sempre
vá embora
porque é isso que um poema faz
ele vem
mas VEM mesmo
pra ir embora
terça-feira, 15 de agosto de 2017
saturnica
lembrar os espaços da cama
onde um chocolate
ou outro
derretia
antes de ser devorado
por dois
sorrisos
lembrar o dia que nossos sorrisos
se devoravam um ao outro
lembrar da sua mão sobre o meu corpo
em Fé
lembrar um tempo
um tempo de Fé
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
agosto
ontem choveu no meu quarto bem no meio de um incêndio. eu metia meus dedos para conter o fogo y nada de você se afogar. nada de você apagar
choveu porque eu chovia
o fogo
o tempo das chamas
choveu
granizo
chuva daquelas que machucam
enquanto se está nela
choveu
era você em mim,
no que eu nunca mais havia encontrado
foi um sonho
daqueles que se acorda depois do ponto alto
de um trovão
sem saber o nome
choveu porque eu chovia
o fogo
o tempo das chamas
choveu
granizo
chuva daquelas que machucam
enquanto se está nela
choveu
era você em mim,
no que eu nunca mais havia encontrado
foi um sonho
daqueles que se acorda depois do ponto alto
de um trovão
sem saber o nome
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
um poema meio puto
entrego tudo num poema
meus dedos
minha língua
meus joelhos
meus olhos fechados
no poema é possível
encontrar segredos
no depois
algo nunca escrito
ou revelado
[ algo possível de sentir ]
sem pensar,
sem criar
algo de verdade
de antes agora ou depois
depende do poema sem tempo
que vier
nunca quis guardar segredos
no poema
porque se existe mesmo epifanias
ela está logo no
depois de um verso
onde a mudez se instala,
corriqueira,
como se não fosse
é como o amor,
corriqueiro,
ele transcende
enquanto a gente enfia a mão por dentro
da blusa
y busca o bico marro
da vida
meus dedos
minha língua
meus joelhos
meus olhos fechados
no poema é possível
encontrar segredos
no depois
algo nunca escrito
ou revelado
[ algo possível de sentir ]
sem pensar,
sem criar
algo de verdade
de antes agora ou depois
depende do poema sem tempo
que vier
nunca quis guardar segredos
no poema
porque se existe mesmo epifanias
ela está logo no
depois de um verso
onde a mudez se instala,
corriqueira,
como se não fosse
é como o amor,
corriqueiro,
ele transcende
enquanto a gente enfia a mão por dentro
da blusa
y busca o bico marro
da vida
domingo, 6 de agosto de 2017
lateral
queixo
jeitos
curvas
peitos volumosos
derramados sobre os meus
também cheios de
uma pinta lateral,
porque não podia ser apenas
então era uma pinta
lateral
linda
que eu beijava y beijava y beijava
tinha a fome
tanta fome
fome de dedos
de unhas
de bocas y bocetas
tinha fome de águas
de aquários
de trapézio
de profano
[às vezes de sagrado]
tinha fome de trapezista
y eu já disse que o que me faz te Amar
é o sem tamanho da
fome?
então era um amor lateral,
daqueles de qualquer lateral
de qualquer
sem lugar
era uma amor quase
inventado
poético
alucinado
um amor borda
um amor indo
embora
múltiplo, inteiro
todo ido
embora
era o amor,
lateral de um beijo molhado
o amor feito um choque
o frizzzzz
a luz no seu quando
rasgando escuros
era o amor
com um nome [de novo]
no meio
como aquele Todo que não se sabe
D'le
jeitos
curvas
peitos volumosos
derramados sobre os meus
também cheios de
uma pinta lateral,
porque não podia ser apenas
então era uma pinta
lateral
linda
que eu beijava y beijava y beijava
tinha a fome
tanta fome
fome de dedos
de unhas
de bocas y bocetas
tinha fome de águas
de aquários
de trapézio
de profano
[às vezes de sagrado]
tinha fome de trapezista
y eu já disse que o que me faz te Amar
é o sem tamanho da
fome?
então era um amor lateral,
daqueles de qualquer lateral
de qualquer
sem lugar
era uma amor quase
inventado
poético
alucinado
um amor borda
um amor indo
embora
múltiplo, inteiro
todo ido
embora
era o amor,
lateral de um beijo molhado
o amor feito um choque
o frizzzzz
a luz no seu quando
rasgando escuros
era o amor
com um nome [de novo]
no meio
como aquele Todo que não se sabe
D'le
segunda-feira, 31 de julho de 2017
da última vez que chovi
X dançava no meu corpo
enquanto me dizia aos ouvidos
"você..
tem vento na língua"
eu disse:
"y água, muita água
no céu de mim"
fechou os olhos y me beijou
de novo
fechou os olhos como quem dissesse
com esses mesmos olhos fechados
"vamos..."
y eu fui ficando..
indo
y esses seilás lindos
que acontecem
y só acontecem
enquanto me dizia aos ouvidos
"você..
tem vento na língua"
eu disse:
"y água, muita água
no céu de mim"
fechou os olhos y me beijou
de novo
fechou os olhos como quem dissesse
com esses mesmos olhos fechados
"vamos..."
y eu fui ficando..
indo
y esses seilás lindos
que acontecem
y só acontecem
sexta-feira, 28 de julho de 2017
grito
sonhei uivo,
grito eslástico
moveres
assombração de toda noite que te
me assombram
sonhei gruta
direção múltipla
raiz ou metáfora
silêncio
um buraco sorriu
seus dentes
sonhei lua
leoa
lampião
só as pedras se formavam a todo
som
pedras y suas fomes
de alturas
fome de tudo
fundo demais
para
fundo
y elétrico
sonhei piano
uivo
parecia alma
quinta-feira, 27 de julho de 2017
él
ele tinha voz de vento falhado
daqueles ventos preciosos
que falham
para serem silêncio
y infinito
ele tinha voz de vento
a voz que me soprava as melhores histórias
enquanto ele piscava os olhos
de me ver
de novo
a voz que me fazia chover
enquanto
ah, y como eu trovoava
y chovia
agora um risco no céu me faz lembrar
que o seu nome
mora
no silêncio do meu sorriso
um som
lembrança
onde vibra qualquer
movimento
y eu vivo feliz
a sorrir-
nos
daqueles ventos preciosos
que falham
para serem silêncio
y infinito
ele tinha voz de vento
a voz que me soprava as melhores histórias
enquanto ele piscava os olhos
de me ver
de novo
a voz que me fazia chover
enquanto
ah, y como eu trovoava
y chovia
agora um risco no céu me faz lembrar
que o seu nome
mora
no silêncio do meu sorriso
um som
lembrança
onde vibra qualquer
movimento
y eu vivo feliz
a sorrir-
nos
codinome borboleta
veio
linguagem y desejo
mãos por debaixo da saia
invadiu boca
seios
girou assim por um tempo
no fundo de algo
corpo
o cristal batendo
o mundo gerando suas cores
as mensagens
a porta do carro batendo
os estados
y as avenidas levando gente
trazendo gente
as mensagens
as mensagens de teamo
só o amor sabe o cristal escondido: ele não se esconde
agora as mensagens apagadas
antes apegadas
[...]
na manhã seguinte não fiz o café
chorei algumas gotas
de liberdade
vesti um sutiã vermelho com blusa mostrando a alça
dele
y fui embora [de novo]
não deu tempo de dizer que
não era no meio das pernas que eu me
molhava
era no meio das
asas
linguagem y desejo
mãos por debaixo da saia
invadiu boca
seios
girou assim por um tempo
no fundo de algo
corpo
o cristal batendo
o mundo gerando suas cores
as mensagens
a porta do carro batendo
os estados
y as avenidas levando gente
trazendo gente
as mensagens
as mensagens de teamo
só o amor sabe o cristal escondido: ele não se esconde
agora as mensagens apagadas
antes apegadas
[...]
na manhã seguinte não fiz o café
chorei algumas gotas
de liberdade
vesti um sutiã vermelho com blusa mostrando a alça
dele
y fui embora [de novo]
não deu tempo de dizer que
não era no meio das pernas que eu me
molhava
era no meio das
asas
quarta-feira, 26 de julho de 2017
luz
eu te chamei duas vezes
você não me dizia nada
eu senti:
duas vezes você apertou minha mão
duas silenciosas vezes
y uma terceira você
me beijou
eu não sou guardiã,
eu sou gente
mordo
lambo
danço
guardo
escrevo
faço careta
piruetas
y também nada
eu faço muito bem
nada
enquanto aprendo
silenciosa
a literatura das tuas mãos
y parece que estou mesmo a fazer
tudo
você não me dizia nada
eu senti:
duas vezes você apertou minha mão
duas silenciosas vezes
y uma terceira você
me beijou
eu não sou guardiã,
eu sou gente
mordo
lambo
danço
guardo
escrevo
faço careta
piruetas
y também nada
eu faço muito bem
nada
enquanto aprendo
silenciosa
a literatura das tuas mãos
y parece que estou mesmo a fazer
tudo
terça-feira, 25 de julho de 2017
quarta-feira, 19 de julho de 2017
fazer amor
a primeira vez que fiz amor
ela meteu a caneta azul
na minha
jugular
é coisa séria
passei três dias
bebendo uma tinta amarga
de poesia
até ela estourar
delicadamente uma tempestade de
era saudade
desejo
lonjuras
era tudo tudo o que não sei
separadas
depois de três dias
ela voltou
lambeu o que escorria
da minha boca
chupou meus dedos mudos
manchados ainda daqueles nadas
de tinta seca
em mim
o amar começou assim
um poema absurdo
que estourou
no meio da vida
ela meteu a caneta azul
na minha
jugular
é coisa séria
passei três dias
bebendo uma tinta amarga
de poesia
até ela estourar
delicadamente uma tempestade de
era saudade
desejo
lonjuras
era tudo tudo o que não sei
separadas
depois de três dias
ela voltou
lambeu o que escorria
da minha boca
chupou meus dedos mudos
manchados ainda daqueles nadas
de tinta seca
em mim
o amar começou assim
um poema absurdo
que estourou
no meio da vida
quinta-feira, 13 de julho de 2017
perdições
vejo pessoas
felizes sexualmente
ainda bem
ao menos alguma coisa
acontece
tantos sorrisos vazios
por aí
ainda bem que
transam pelo menos
já que a alma
não importa
muito
mais
meste mundo
felizes sexualmente
ainda bem
ao menos alguma coisa
acontece
tantos sorrisos vazios
por aí
ainda bem que
transam pelo menos
já que a alma
não importa
muito
mais
meste mundo
quarta-feira, 12 de julho de 2017
esquecimento
no fundo
eu já esqueci de buscar tantos amores
onde eu os esqueci..
só me resta partir ao rio
ou ao chile
para ver se o amor
vem de onde
parei..
eu já esqueci de buscar tantos amores
onde eu os esqueci..
só me resta partir ao rio
ou ao chile
para ver se o amor
vem de onde
parei..
terça-feira, 11 de julho de 2017
quando eu parei pra pensar em você
o mundo anda tão esquisito
as musas estão soltas
correndo com as lobas
dragões
escorpiãs
y serpentes
os homens falsamente
acompanhados
pelo menos é o que eles acham
eu já acho que eles estão sozinhos. isso é medonho
um peixe imaginário no aquário
pequenininho onde só cabe dois
[medo]
o homem se faz tão grande
por que?
será ainda aquela história do pau?
é por isso que eu sento y rodo
depois vou embora
pulo fora do aquário
preferindo morrer
essa é a unica brincadeira de pra sempre que gosto
pra sempre ir embora dos paus da vida
deus me livre um pau duro
y nada mais
porque eu até gosto de aquário por uma ou duas horas
mas eu gosto mesmo é de
asas
as musas estão soltas
correndo com as lobas
dragões
escorpiãs
y serpentes
os homens falsamente
acompanhados
pelo menos é o que eles acham
eu já acho que eles estão sozinhos. isso é medonho
um peixe imaginário no aquário
pequenininho onde só cabe dois
[medo]
o homem se faz tão grande
por que?
será ainda aquela história do pau?
é por isso que eu sento y rodo
depois vou embora
pulo fora do aquário
preferindo morrer
essa é a unica brincadeira de pra sempre que gosto
pra sempre ir embora dos paus da vida
deus me livre um pau duro
y nada mais
porque eu até gosto de aquário por uma ou duas horas
mas eu gosto mesmo é de
asas
na floresta
escreveu dois poemas de bosta
que se multiplicam
na imagem
um som irritante
no verso
antes fosse embargada
a voz
mas não, não era nada
era só mais um poema morto
falando sobre
o ego de um leão
morrendo
na boca da leoa
que se multiplicam
na imagem
um som irritante
no verso
antes fosse embargada
a voz
mas não, não era nada
era só mais um poema morto
falando sobre
o ego de um leão
morrendo
na boca da leoa
o cara do bar
ele tinha um peitoral gostoso
braços largos
fortes
boca macia
cabelos cacheados
mas nunca teve um sorriso eletrizante
nunca teve poesia
sempre foi aquela prosa
onde a gente senta y goza por fora
ele nunca foi de dentro
ideia desconexa
coração só batendo
sem café
sem poema
sem vinhos
ainda bem que tinha drogas
mas ele é um porre drogado
que bosta!
ele é lindo,
mas dura umas horas comigo
é o tipo que a gente mente o telefone
não tenho paciência pra gente bonita
eu gosto mesmo é de quem morde minha garganta
quem mete em mim uns cometas
y me acorda lambendo
ele acordava
lindo
e só
que bosta!
braços largos
fortes
boca macia
cabelos cacheados
mas nunca teve um sorriso eletrizante
nunca teve poesia
sempre foi aquela prosa
onde a gente senta y goza por fora
ele nunca foi de dentro
ideia desconexa
coração só batendo
sem café
sem poema
sem vinhos
ainda bem que tinha drogas
mas ele é um porre drogado
que bosta!
ele é lindo,
mas dura umas horas comigo
é o tipo que a gente mente o telefone
não tenho paciência pra gente bonita
eu gosto mesmo é de quem morde minha garganta
quem mete em mim uns cometas
y me acorda lambendo
ele acordava
lindo
e só
que bosta!
convite de amor
só aceite convites em lugares
onde te ofereçam vinho
& café,
minha filha
eu, que sou filha de Deusa
não escuto isso de beber água
de beber poema
de beber chá
de beber paus ou bocetas
eu bebo é café de manhã,
depois de uma noite de tomar muito vinho
o resto é brincadeira de irmandade..
que gosto também,
mas isso é coisa de se fazer sem precisar de convite
a gente vai y toma isso aquilo
e aquele y outro
se lambuza
numa liquidez de sorrisos momentâneos
[que gosto]
só que eu gosto mais de convites inesperados
que começam a noite y terminam de dia
pode ser também de começar de dia
y terminar a noite
ou seguir em recomeços
vinho y café
café y vinho, sabe como é
requer sempre
um convite de amor
o resto, como disse, são amigxs..
que a gente bebe
mas.. sabe como é, eu já falei,
sou filha de Deusa
y eu já falei que minha mãe tem olhos de uvas?
y que seus cachos me puxam
onde quer que eu esteja..
então..
vinho..
bom dia, y um café preto, por favor.
onde te ofereçam vinho
& café,
minha filha
eu, que sou filha de Deusa
não escuto isso de beber água
de beber poema
de beber chá
de beber paus ou bocetas
eu bebo é café de manhã,
depois de uma noite de tomar muito vinho
o resto é brincadeira de irmandade..
que gosto também,
mas isso é coisa de se fazer sem precisar de convite
a gente vai y toma isso aquilo
e aquele y outro
se lambuza
numa liquidez de sorrisos momentâneos
[que gosto]
só que eu gosto mais de convites inesperados
que começam a noite y terminam de dia
pode ser também de começar de dia
y terminar a noite
ou seguir em recomeços
vinho y café
café y vinho, sabe como é
requer sempre
um convite de amor
o resto, como disse, são amigxs..
que a gente bebe
mas.. sabe como é, eu já falei,
sou filha de Deusa
y eu já falei que minha mãe tem olhos de uvas?
y que seus cachos me puxam
onde quer que eu esteja..
então..
vinho..
bom dia, y um café preto, por favor.
poema II.2
com os dedos flambados
fez dois giros inteiros
antes de entrar
enlouquecidamente
tremi
até ontem,
6 gaiolas de aquário
abertas
esperam a nossa volta
eu continuava fora
a queimar
vida
com ele entrando y saindo
como quisesse
era como eu queria
enquanto ele queimava as minhas barbatanas
no Agora
três dedos afogados na argola
das minhas ventanas
ardências,
eu disse uau
ele se derrubou sobre mim
dormimos assim,
todo o peso do corpo de uma asa em mim
nunca acordei tão leve
para dizer tchau
sem pra sempre
ou nunca mais
enquanto ele arrumava o cinto
pra voltar pra casa
enquanto ele arrumava o cinto
pra voltar pra casa
poema 7
estive olhando escuros
olhando onde a pedra é pedra
onde a pedra não é mais
onde ela já foi
onde pode ser
estive olhando escuros
no aquário
onde o peixe y sua boca
onde as conchas
onde as serpentes nascem antes de atacar a fome
de todas as fomes, estive olhando os escuros
do escuro olhei o escuro
metálico, líquido,
esquizoventoso
nem bem olhei, já era outro
pedindo nome
] imensidão [
eu estava vestida de um escuro vermelho
um vestido escuro vermelho
escuro vermelha
segurei a barra vermelha [escura]
pedi pra ele entrar
agora só germino
são infinitos esses escuros
no meio das penas
aí eu voei,
porque do escuro eu só quero o escuro,
y tudo que é asa, que é dentro fora
meio
vestido
é só isso que é
escuro é sempre outro
olhando onde a pedra é pedra
onde a pedra não é mais
onde ela já foi
onde pode ser
estive olhando escuros
no aquário
onde o peixe y sua boca
onde as conchas
onde as serpentes nascem antes de atacar a fome
de todas as fomes, estive olhando os escuros
do escuro olhei o escuro
metálico, líquido,
esquizoventoso
nem bem olhei, já era outro
pedindo nome
] imensidão [
eu estava vestida de um escuro vermelho
um vestido escuro vermelho
escuro vermelha
segurei a barra vermelha [escura]
pedi pra ele entrar
agora só germino
são infinitos esses escuros
no meio das penas
aí eu voei,
porque do escuro eu só quero o escuro,
y tudo que é asa, que é dentro fora
meio
vestido
é só isso que é
escuro é sempre outro
lua aquariana
não consigo escrever em verso o que tenho pra dizer, porque isso é uma conversa com um possível que escorre em linha reta y desemboca em nada, porque quando se fala em amor é sempre escuro demais ou claro demais.. então assim, eu não quero ser profundamente amada. eu já senti o que é ser amada. isso é legal. esse lance do nome y tal. mas assim, eu quero amar. eu quero conseguir amar. amar melhor. amar loucamente. amar pouco ou nada mas ter isso de amar, sabe? A M A R!
P.s: isso é só uma nota. uma importante nota sobre nada sob a lua em aquário..
P.s: isso é só uma nota. uma importante nota sobre nada sob a lua em aquário..
para ti
se desfez no meu corpo
uns escuros
...poema problematizado
tu, jardineiro de flores mortas
uns escuros
...poema problematizado
tu, jardineiro de flores mortas
é sua esta corrente elétrica
de escurezas?
raio polarizado nos vulcões do ser
morada d'um céu
roxo
machucado
...chovedura
de invernos
geleiras pontiagudas saltitantes de céu estrelado
nascedura em ocos
de escurezas?
raio polarizado nos vulcões do ser
morada d'um céu
roxo
machucado
...chovedura
de invernos
geleiras pontiagudas saltitantes de céu estrelado
nascedura em ocos
deságua no meu corpo
essa tua ideia
monogamias ilustradas de sorrisos a dois
passeia [só você] sobre o meu ventre
cintilante
que te mostro uma passagem que eu vejo do futuro:
portal onde em mim está o seu nome
essa tua ideia
monogamias ilustradas de sorrisos a dois
passeia [só você] sobre o meu ventre
cintilante
que te mostro uma passagem que eu vejo do futuro:
portal onde em mim está o seu nome
acrobática,
eu entro
sento
chamo [em chamas]
y anuncio o buraco onde você mora
eu entro
sento
chamo [em chamas]
y anuncio o buraco onde você mora
escuroso, você entra
não senta
atende meu chamado [in ardências]
y vai embora
não senta
atende meu chamado [in ardências]
y vai embora
de silêncio em silêncio
a vida anuncia passagem
a vida anuncia passagem
é seu este escuro que carrego nas costas?
você sabe o que é passagem?
você foi embora
você foi embora
agora chovo pra dentro,
correntes elétricas
solitárias sob a cama
correntes elétricas
solitárias sob a cama
meus poemas estavam em coma
até você fazer de novo
isso de prender o meu nome ao seu
estes escuros, essas geleiras,
até você fazer de novo
isso de prender o meu nome ao seu
estes escuros, essas geleiras,
parto
agora meus poemas voltam a si
brancura de um tempo de Fé,
brancura de um tempo de Fé,
que você se foda,
ou não
tanto faz
ou não
tanto faz
segunda-feira, 10 de julho de 2017
poema 8
como pode uma escorpiã na garganta
perfurando o nervo das palavras?
mastigo esse silêncio
que te envenena por dentro
meto a língua no seu em si de me picar
ardo
y vou embora
y vou embora
como pode uma scorpiã
na garganta do medo?
são tuas essas palavras
escondidas no silêncio?
é por isso que me olhas com fome?
como pode uma scorpiã?
y se houvessem palavras,
quais seriam os silêncios
scor'pianicos?
eu escolho ao som
de jazz
na garganta do medo?
são tuas essas palavras
escondidas no silêncio?
é por isso que me olhas com fome?
como pode uma scorpiã?
y se houvessem palavras,
quais seriam os silêncios
scor'pianicos?
eu escolho ao som
de jazz
sábado, 8 de julho de 2017
scorpiã - poema 9
é ela
será y é ela
só poderia ser
ela
que germina um escorpião na garganta
venenosa
na língua
é ela
que tem as piscadas mais loucas
y me desfaço em inteira
para me começar de novo
nela..
será y é ela
só poderia ser
ela
que germina um escorpião na garganta
venenosa
na língua
é ela
que tem as piscadas mais loucas
y me desfaço em inteira
para me começar de novo
nela..
sexta-feira, 7 de julho de 2017
poema 5
voos rasos
tapam um ou dois
buracos no dente
meu sorriso
inteiro
vai ao rio
ao que me espera
em parati
tapam um ou dois
buracos no dente
meu sorriso
inteiro
vai ao rio
ao que me espera
em parati
quarta-feira, 5 de julho de 2017
terça-feira, 4 de julho de 2017
poemas de julho II
então afogou dois dedos
no arco dos meus seios
suavemente
enrijeci
até hoje hoje
duas argolas giram
enquanto algas marinhas
sorriem aquários
no arco dos meus seios
suavemente
enrijeci
até hoje hoje
duas argolas giram
enquanto algas marinhas
sorriem aquários
poemas de julho I
as garras
banhadas de algas marinhas
sangravam
sob minhas costas
é claro q não se vive muito
tempo depois
de construir um trapézio
embaixo do rio onde nascemos
juntas
juntas
não se vive muito tempo
mesmo
então a gente volta
sangra
depois dorme abraçada
sorrindo vermelhos
poesia
então a gente volta
sangra
depois dorme abraçada
sorrindo vermelhos
poesia
quinta-feira, 29 de junho de 2017
terça-feira, 27 de junho de 2017
bioessência
o mundo é líquido
metal pesado
escorrendo
vulcânico sob nossas ideias
a ideia é só ideia
o amor mora fora
da ordem
y é chumbo
em ventania
quem diz VEM
sem também dizer SIM?
é um perfume
cuja essência desconhecida incorpora
toda a luz que não é verde vermelho ou amarelo
dos vaga-lumes
metal pesado
escorrendo
vulcânico sob nossas ideias
a ideia é só ideia
o amor mora fora
da ordem
y é chumbo
em ventania
quem diz VEM
sem também dizer SIM?
é um perfume
cuja essência desconhecida incorpora
toda a luz que não é verde vermelho ou amarelo
dos vaga-lumes
dos infinitos [bobagem]
o mais belo da vida
é ainda poder olhar o amor
y sorrir
com ele
[também faz cócegas o amor]
o resto parece
bagagem
carta a I
I,
toda dor é urgente. unge o nosso passado presente y futuro. pousa sob o ventre de tudo o que nasce do verbo. pousa sob a fala, sangra. a porra da dor não fala nada, ela só fica lá contando os passos enquanto as gotas secam no nosso corpo, corpus diante da dor, as gotas são só faíscas lembrando que estamos a queimar vida.
também toda dor é passagem, é abandono, é asfalto, é caminho, estação, mendigo pedindo visitação. a diferença é que depois pode-se construir muros gigantes aos quais só a gente entra depois.
mas hoje eu resolvi falar. resolvi falar que joguei teu nome no infinito y mandei você embora. bati com força os muros daquela avenida entre meus estados. mandei você se foder. mas se foder gostoso.
não sei o que você pode entender com isso, mas espero que você entenda bem o que é isso pra você.
choveu y eu não trouxe guarda-chuva de você. choveu y eu aceito essa dança a qual você foi embora não de mim, mas de você, mais uma vez, como todas essas dores que a gente não aguenta com um outro a nos olhar, com um outro.
me livrei de ser seu Outro. cuspi na vitamina elétrica dos teus olhos verdes, y verdes são os caminhos das ervas que plantei nas tuas costas com as minhas unhas. eu li teu poema. uma última vez para lembrar que há janelas em todos os muros que a gente constrói y espero que você não pule sem antes saber das tuas asas. eu te falei na cama, no chuveiro, no sofá, na cozinha, no café, no vermelho do vinho, eu te falei puta santa bêbada, eu te falei de muitas formas que eu te amava. eu rasguei também todos os meus poemas y queimei antes de você chegar. eu mandei lavar as roupas dos meus poemas para que só entrasse essa nudez que era a sua chegada. 14 dias é o tempo da sua nudez. agora essa nudez sem você, fazendo a dor urgente sangrar vermelhos em rituais. agora um guardião segurando a porra do seu nome y me mandando agir. agora essa porra de mensagem que você não manda, essa merda de sorriso que eu grudei no meu y que carrego dos dias que a sua deusa era eu, não essa porra de consciência desajuízada, presa à carne do que você nunca me viu. agora essa borda onde nos desencontramos sem ao menos nos encontrar.. o vermelho levado por rodas surrealistas, onde eu senti a sua morte.
eu queria dizer que foi a mim que você matou quando foi embora, mas hoje eu recebi um e-mail que não era seu mas falava de você. y ninguém nunca soube que eu te amava como te amo [ainda].. mas o universo sabe porque veio até mim essa verdade. eu chorei. quero que saiba que chorei, y continuo desejando que você se foda. é urgente a dor, I. é muito urgente. fique vivo. eu sei porque precisei ir. embora não quisesse ainda. y não foi você quem me expulsou. não foi você.
eu recebi um e-mail [ainda bem que não é seu]. ninguém sabe. você está vivo. agora eu sei!
de passagem,
P. Andreza
transmutação
eu te escreveria poemas
se eu te amasse
mas agora só esse desejo
de amassar o teu nome
y jogar na fogueira
y pedir que você me queime
se eu te amasse
mas agora só esse desejo
de amassar o teu nome
y jogar na fogueira
y pedir que você me queime
él
y porque cuspiu
nos meus olhos
comeu
duro
os meus sorrisos
bloqueou o meu nome
no seu
eu te odeio
com todo o meu amor
nos meus olhos
comeu
duro
os meus sorrisos
bloqueou o meu nome
no seu
eu te odeio
com todo o meu amor
quinta-feira, 22 de junho de 2017
estrangeiro
poema bate a porta
pede pra entrar
abro a janela
ele entra mesmo assim,
descansa tuas asas
passo um café
esfarelo alguns beijos
y ele bica
poema tem medo de amor
y sempre quanso quase
ele vai embora,
só que pela porta
eu agradeço mais um dia de fé
mas não espero
sua volta,
mesmo ele voltando
o poema sabe
a minha poesia
só não sei porque volta
pede pra entrar
abro a janela
ele entra mesmo assim,
descansa tuas asas
passo um café
esfarelo alguns beijos
y ele bica
poema tem medo de amor
y sempre quanso quase
ele vai embora,
só que pela porta
eu agradeço mais um dia de fé
mas não espero
sua volta,
mesmo ele voltando
o poema sabe
a minha poesia
só não sei porque volta
incendio surrealista
então eu desabo o vinho
tinto
sobre a mesa
mergulho geometricas folhas de nós
principalmente meus desejos em branco em que falei de amor
sob vermelhos
y uns mares de azul (salgado) de você
anzol
trapezistas
janelas abertas de frutos do mar
você: esse furto de mar
espero que dissolva
as palavras em borrados
de nadas
espero que nasçam muitas cores
[não vou ficar aqui na superfície para ver]
mergulho!
quadro exposto de imagem
cubista
onde se pode deixar
uma bela história emoldurada
y ir embora
triangular,
só minhas pontas doem agora,
congelo infinita
sob o cosmos
sem esperar secar..
nota: esse quadro nasceu de um incendio! ou esse incendio nasceu de um quadro
mudo
tinto
sobre a mesa
mergulho geometricas folhas de nós
principalmente meus desejos em branco em que falei de amor
sob vermelhos
y uns mares de azul (salgado) de você
anzol
trapezistas
janelas abertas de frutos do mar
você: esse furto de mar
espero que dissolva
as palavras em borrados
de nadas
espero que nasçam muitas cores
[não vou ficar aqui na superfície para ver]
mergulho!
quadro exposto de imagem
cubista
onde se pode deixar
uma bela história emoldurada
y ir embora
triangular,
só minhas pontas doem agora,
congelo infinita
sob o cosmos
sem esperar secar..
nota: esse quadro nasceu de um incendio! ou esse incendio nasceu de um quadro
mudo
temporal de inverno
porque todas as vezes que falei teamo
na verdade não sei o que é
não se pode amar y continuar escrevendo
pensamentos
quando escrevo, não é no amor que estou
é na ideia
y escrevo teamo
porque estou te chamando
para o que em mim é amar
em você,
surrealismos
dobras no nariz
sons metálicos
poesia
um ventre desenhadas serpentes
y um dragão cuspindo fogo dos olhos
essa tempestade que só se me anuncia
essas gotas que enchem a boca
do meu desejo de amar
essa alma sensível ao outro
essa alma sensível a si
eu nunca soube o amor
y sinto que posso ser
com você
depois desse temporal de inverno
do desejo
na verdade não sei o que é
não se pode amar y continuar escrevendo
pensamentos
quando escrevo, não é no amor que estou
é na ideia
y escrevo teamo
porque estou te chamando
para o que em mim é amar
em você,
surrealismos
dobras no nariz
sons metálicos
poesia
um ventre desenhadas serpentes
y um dragão cuspindo fogo dos olhos
essa tempestade que só se me anuncia
essas gotas que enchem a boca
do meu desejo de amar
essa alma sensível ao outro
essa alma sensível a si
eu nunca soube o amor
y sinto que posso ser
com você
depois desse temporal de inverno
do desejo
noite longa
inverno,
primeiro despertar
desta noite longa.
trocou voos com o desejo, passarinha?
chamou-o de aberto
daí fechou os olhos
y abriu as asas pra dentro:
sem amor
mais uma noite em que não se reconhece
mastigou alguns vazios
de libedade
guardou as asas
y dormiu com apenas algumas doses de desejo para comer depois
esse desejo que pinga do corpo
esse desejo suor
carne
espinho
ferradura
arraias de sons miúdos
traqueias furadas
ouvindo o próprio som de quase morte
som sonífero que toca os ouvidos
y só os ouvidos y algumas concretudes do pensamento
que não perfura a própria voz
que não silencia silencios
barulhosos
que não traz sons de galáxias antigas de sorrisos
mas traz o som da vida
pacatos desejos
era isso
apenas a superfície de gelo
ancorada no desejo (hilda)
y porque não acreditava no amor,
começou acreditar em pássaros
essa ideia
y só ideia
de liberdade
porque a verdadeira liberdade, se existe,
está em algum lugar
de Amar,
primeiro despertar
desta noite longa.
trocou voos com o desejo, passarinha?
chamou-o de aberto
daí fechou os olhos
y abriu as asas pra dentro:
sem amor
mais uma noite em que não se reconhece
mastigou alguns vazios
de libedade
guardou as asas
y dormiu com apenas algumas doses de desejo para comer depois
esse desejo que pinga do corpo
esse desejo suor
carne
espinho
ferradura
arraias de sons miúdos
traqueias furadas
ouvindo o próprio som de quase morte
som sonífero que toca os ouvidos
y só os ouvidos y algumas concretudes do pensamento
que não perfura a própria voz
que não silencia silencios
barulhosos
que não traz sons de galáxias antigas de sorrisos
mas traz o som da vida
pacatos desejos
era isso
apenas a superfície de gelo
ancorada no desejo (hilda)
y porque não acreditava no amor,
começou acreditar em pássaros
essa ideia
y só ideia
de liberdade
porque a verdadeira liberdade, se existe,
está em algum lugar
de Amar,
domingo, 18 de junho de 2017
espera
lambeu minhas costas
passou a linha colorida
de fios dourados
beijou minha boca
depois limpou os dentes
com a linha
y foi dormir
só
o bico dos meus seios
flutuam
endurecidos de desejos
efemeridad
também é função do nome
a liberdade da altura
um eu carbonizado
faz amor com o céu
em cinzas
só o amor
nos livra do passado
y da ânsia pelo Todo
meu nome é Poesia
y eu vivo a
Nadar
a liberdade da altura
um eu carbonizado
faz amor com o céu
em cinzas
só o amor
nos livra do passado
y da ânsia pelo Todo
meu nome é Poesia
y eu vivo a
Nadar
madrugada I
há um tempo em que
os lábios secam
sob rachaduras de solidão
um tempo onde sorrimos
para espantar o medo de cair de novo
sob o abismo de si mesmo
um tempo de janelas triangulares
a contrair pontas
geometrias da ausência
então há o tempo do amigo,
aquele que chega no tempo de um café feito na hora
que chama teu nome Andreza
alto,
y te puxa
abismo é o nome
em que não sou
é o nome
em que me prendo
os lábios secam
sob rachaduras de solidão
um tempo onde sorrimos
para espantar o medo de cair de novo
sob o abismo de si mesmo
um tempo de janelas triangulares
a contrair pontas
geometrias da ausência
então há o tempo do amigo,
aquele que chega no tempo de um café feito na hora
que chama teu nome Andreza
alto,
y te puxa
abismo é o nome
em que não sou
é o nome
em que me prendo
presente
se você me visse onde estou,
você me puxaria de volta à margem em que me esqueço?
vou te contar que hoje tive um sonho
vou te contar porque não te puxei
do sonho que você não estava nele
você sumia sobre o teu nome concreto
líquida
y é assim que eu gosto da nossa história
lugar onde você escorre de mim
acena,
eu gosto que você vá embora de mim
eu já fui
quando você começou a contar o tempo dos passos
começou a ponderar desejos
a iludir ideias,
então vou encontrar uma árvore bem grande para
escrever teu nome nela
y fim
aí você pega a máquina de moldar papéis secundários
encontra teu nome,
lamina roxa
afia
enfia na garganta
y faz um colar
vai ficar lindo
você me puxaria de volta à margem em que me esqueço?
vou te contar que hoje tive um sonho
vou te contar porque não te puxei
do sonho que você não estava nele
você sumia sobre o teu nome concreto
líquida
y é assim que eu gosto da nossa história
lugar onde você escorre de mim
acena,
eu gosto que você vá embora de mim
eu já fui
quando você começou a contar o tempo dos passos
começou a ponderar desejos
a iludir ideias,
então vou encontrar uma árvore bem grande para
escrever teu nome nela
y fim
aí você pega a máquina de moldar papéis secundários
encontra teu nome,
lamina roxa
afia
enfia na garganta
y faz um colar
vai ficar lindo
bosque encantado
gosto de falar sobre a ponta
dos dedos se tocando
frenesi de borboletas
agudas de liberdade
se amando
dois animais,
apenas
há penas
embora borboletas
se amando
se
amando para ir
se
amando para ir
embora
amando
amando
quarta-feira, 14 de junho de 2017
terça-feira, 13 de junho de 2017
mais uma noite de lua cheia
os poemas que se manifestam em
estrelas cadentes
brincam com o infinito...
ninguém sabe
onde um espaço de céu
y nada
estrelas cadentes
brincam com o infinito...
ninguém sabe
onde um espaço de céu
y nada
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