agora o teu piano
afundado
em meus lábios
ouço..
som de fim de noite
ainda preso entre arraias, estrelas
tubarões
y cavalos marinhos
ruído Longe
fechado
como antes o som dos teus lábios
agora esse azul na boca
y algumas serpentes
do mar
que se entranhavam entre as teclas
do teu
piano
piano que talvez invento
porque não consigo inventar você
Deusa ou Lilith
xamã
imagem do teu fogo
de mulher
passeio meus dedos
sob as teclas
ouço ainda o teu nome..
plumagem de versos em cadencia de flor
marinha nos espaços entr'as teclas
y teu piano agora parece dentes
rangendo sobre a minha memória de gente
lembro o teu poema
em que voo,
reptilinea
sob teu poema
todo som é nu
anêmonas y fomes
adornam nossos desejos
abro a boca
como quem abre os dedos ao nada
para nadar seu próprio afogamento
abro pra ti
o meu futuro de mar
y ele tem a sua fome
ouço,
três teclas profundamente desafinadas
assombram a boca do mar
entre carpas,
elas tocam: eu' t' amo'
som de
escala de dois universos
transparentes
ainda que só se encontrem em sonhos
dois invisíveis,
a ouvir rouquidões líquidas
de teamo
enquanto esquecem a voz
humana que também a tecla um dia já
teve..
Nenhum comentário:
Postar um comentário