segunda-feira, 21 de agosto de 2017

do silêncio dos sons

sentada de novo
sob a chuva do meu quarto

o tempo é só o tempo
quando se esticam métricas y métricas
de sonidos líquidos
sobre a cama

meus pés estão encharcados
de chover no meu lençol
a tua
ausência

cerro os olhos,
posso ouvir sorrisos no quartzo
miro os olhos nos quadros do meu quarto
miro as distâncias
y choro

o tempo sabe que não é só de mim
que chovo

a vida tem sons
ressonância de imagem
o som dos olhos do elvis
o som da tesoura do edward
miro a Dama da Justiça
y ouço o som de sua espada
os livros na estante me lembram deus
bocas
abraços
ausências

demora um tempo até
ouvirmos
te amo de novo
sob o silêncio

uma mulher serpente senta sobre si mesma
y começa a se tocar

então o som da chuva
o som molhado da tua ausência
o som poético da tua presença
o som da liberdade
de estarmos separadas

talvez por isso o sol nasce
as flores colorem
os sorrisos acontecem
as mulheres y serpentes

a vida tem tanta promessa
escondida sob os silêncios

cerro os olhos de novo y de novo
para falar de um tempo
Terra
um tempo onde nada acontece,
possível de tudo
um tempo que cobra ligaduras
um tempo que germina imensidões
um tempo que cria infinitos
um tempo que rasga
o que nasce

movimento meus dedos numa dança
secreta
entre marrons que me escapam

chove no meu quarto
este barulho que ouço ao som de silêncio
barulho com que troco
meus silêncios


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