quarta-feira, 19 de julho de 2017

fazer amor

a primeira vez que fiz amor
ela meteu a caneta azul
na minha

jugular
é coisa séria

passei três dias
bebendo uma tinta amarga
de poesia
até ela estourar
delicadamente uma tempestade de

era saudade
desejo
lonjuras
era tudo tudo o que não sei

separadas

depois de três dias
ela voltou

lambeu o que escorria
da minha boca
chupou meus dedos mudos
manchados ainda daqueles nadas
de tinta seca

em mim
o amar começou assim
um poema absurdo
que estourou
no meio da vida

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