quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ss

eu estava numa tempestade
y você não me via
porque tinha muito que olhar nas árvores

o jeito como uma folha se move
o vento das janelas
as pessoas de dentro
as pessoas de dentro..
ah, as pessoas

y eu era como um vento
y você não me via passar

então eu girava
girava
girava ao seu redor feito um morto

y você fechava os olhos
para não me ver melhor
porque você não me vê
você só me vê quando sente
y você não me vê, eu sei

sim, querida, nós somos iguais

nós não temos tempestades contidas
porque é escuro se conter
então a gente dobra os poemas
y eles pingam, pingam pingam
como uma canção

sim, sim,
sempre soube a estação do abandono
é onde se dá nosso encontro
frequência da dança
y os desejos escapando dos dedos,
sim, ah, os dedos cheios de correspondencias endereçadas
sem  nome
porque é assim que a gente faz ficção

mas eu me responsabilizo
meu eu-lírico é demoníaco
y ele tem seu nome cravado na língua

porque é assim, é assim,
é assim que foi feita nossas particulas:
a gente só vai ficar juntas de novo
quando infinitos formos
ou onde mordemos as partes do que não é
como versos que esquecemos em páginas
em Z
das ficções de nossas vidas

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