as abelhas estão morrendo. até ontem todos estávamos morrendo. mas hoje. hoje as abelhas e todo o mel escorre pelo corredor. a morte entre os dedos da vida. e como contar dos mel's e abelhas que um dia de novembro me voavam por entr'as pernas?
como explicar o que sinto por saber algo morrendo? os teamos não ditos no pico. o silêncio derramado para que não se acordassem as abelhas. como explicar este repetido respeito às colmeias? eu que nem gosto de mel que muito doce eu já toda adocicada. nas vidas passadas fui abelha. e agora essa extinção matando também minhas origens preta&amarela. me entendo a ver o que é então essa extinção que se faz do amor. dos silêncios. daquilo que não se repete nome nome nome, mas sobrevive às tempestades, aos furacões, aos corações cheios de tudo para fazer, exceto o abraço. onde se encontram os abraços que eu afastei porque demais eu filhadaputa? para onde vão os abraços que não demos? os beijos. os carinhos? as conversas? as ternuras? os nossos abandonos todos acompanhados de mais abandonos, e as abelhas querem voar. e as flores que só sobrevivem às abelhas? ao amor com que delicadamente as abelhas beijam e ajudam a germinação das cores e das flores? como aceitar que o mundo ao qual eu vivo mata abelhas? e que abelhas somos nós em cada detalhe de abelharia. abrasando o mel todo que se pode doar de amor para que enfim morte. então teremos de morrer esse amor Maior. as fotografias todas sem deus no meio. e deus também no meio a meter a porra da fé para ver se a gente se abraça uma hora ou outra sem morrer tantas vezes mais. ontem eu também morri não sei quantos milhões de anos-abelha quando soube que as abelhas não existirão mais por aqui. onde foi que se seguiu viver um tempo sem mel? loucas, as abelhas mordem minhas asas de borboleta que tenho nas pernas. elas se esfregam entre elas a sua própria morte. e eu queimo. escrevo aqui uma picada que senti da morte das abelhas. e elas me lembram que também pico. que todos os dias e toda hora posso picar-me de morte. e as roseiras, os crisântemos estarão aqui ainda quando eu morrer? qual a cor dos túmulos depois das flores? ainda bem não se descobre as sintonias das chuvas. imagina as tempestades todas morrendo? eu tenho iansã, nunca morro. mas morro às vezes de outra gente. hoje me morro abelha. me morro amigos que não abracei também, porque essa não é uma história a qual eu morro sem abraço, eu também morro sem abraçar, como abelhas. só que as abelhas não sabem do seu nome Abelha. amam solenemente. é justo. eu é que não pareço justa. porque eu sei.
[tudo morre por falta de amor... sobre a extinção: http://super.abril.com.br/ciencia/pela-primeira-vez-abelhas-entram-para-a-lista-de-especies-em-extincao]
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