quinta-feira, 13 de outubro de 2016

ao poeta amarelo

pinta na minha boca
um poema
que traz das águias os voos e
os seus desenhos de mim

pinta na minha unha um poema
sem solidão
poema carne e costas e
olhos fechados de abraço
de mãos enlaçadas

pinta no peu pescoço um beijo
dobrado de desejo
percorrido de boca y
seios

pinta nos meus pés
os teus passos

voo alado,
sem nenhum tom pesado
que eu já nos vejo  ainda
nesses espaços em branco

pinta na minha floresta uma muda
tribal de caminhos
dos teus olhos sem medo de mim

pinta em nós um destino
descaminho
sem tinta que nos torne algo
que ainda não estamos derramados em ser

pinta na minha boca um poema
caboclo
y deixamos de lados essas penas
que já não nos servem mais
e nada

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