domingo, 30 de outubro de 2016

a bailarina del fuego

minha tatuadora disse que eu sou quente. muito quente. ela se queimou ao tocar no meu braço. porque a agulha mesmo estava se deteriorando a cada investida da tatuadora. foi difícil queimar a agulha na pele para trazer esse ar. agora respirando sob meus braços, consigo escrever...

eu disse que sim
sou quente
queimo

tengo en los brazos,
en las manos
un secreto:
uma dançarina
me habita y queima o amor
em versos

que bebo de manhã
a tarde
y por la noche

mexicana y loca,
cómo tus poemas
en que me tomó por la boca
e eu escorri..

queimo,
desde que llegó al mis poema,
ella

loca,
com a boca desértica
queimando
igual a minha 

.

seus quandos
girosos
aos meus

essa dança que não acaba
quando acaba
a dança

do amor [poesía]

gosto do jeito
que você olha o mundo

ficaria horas
olhando você
olhar

Verônica Sabino - Canção II


Ojalá- Silvio Rodriguez


é lua nova, amor

oi,

...
eu poderia dizer as coisas que queria te dizer, mas algo agora me impede o desejo. impelidas palavras se desamarraram de nós hoje.

sozinha,
escrevo o que poderia ter escrito há tempos. uma maravilha, silfos, metáforas, chuvas y luas: a crua nudez da nossa linguagem-armadilha derramada sobre nossos corpos.

poesia.
poesía.

y eu poderia escrever mais uma vez que te amo, assim sem face, assim todos os nomes-você, poéticas y estelares. y nos veo bailando con las nuvens en el cielo. y el cielo somós nosotros, solas, siguiendo una a la otra sin parar. mismo negandose por todos los passos fundos.

volandose todas las palomas de nós
siguiendo,
locas
futuras
y eternas

 así, separada como nós duas somos. así, minguante, fantasía,
desejo desejo.

como no hablar del deseo...?
esto plantado por ti
tu beso
tua voz
tus lábios
tus manos nuas

[nunca vi mãos tão nuas
poesía-p..]

hoje acordei e sua boca ainda estava em meu ventre. eu poderia escrever com todas as lénguas para qué por un seggundo nossos nós não se desfaçam para sempre. y yo quería adentrar con cuidado lo que nos se espera. pisar con cuidado as vidraças, os cortes sangrarem lentamente sem tormento. no lamentar la oscuridad. te abraçar en los cuandos... te abrazar...

esta línea, esta léngua que tengo por toda vez llegar al luna del méxico. no temer su vinda. su voz, sus carícias. sus passos de bailarina nua..

quería no hablar de la experiência
quero seguir dançando na sua língua
y deixar sua língua assim subir
na minha
descer, poesía, soñar, cómo un beso.

no llorar las distâncias
no brincar con el amor, mismo que distante
no quebrar los infinitos

ser
y sermonos

es luna nueva, amor
y quiero hablar contigo
mismo que tu ya se vista siléncio
sob meu calado ventre

quiero decirte de nuevo,
nueva, me adentra tu
un destino

nu

,

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

presente futuro

sua demora:
pássaros pretos
voando loucos en mi boca

liberte-nos con tu léngua
limpia
los nombres

reescreve Você
íntima
primeira

solar
lluvia de pétalas frescas...

te desejo

morder
essas palavras perdidas em sua boca

morder a bica
das águas me
xicana...

morder você
até que eu morra...

borrado

minha boca
sua

afogada em vinho
enquanto você foi
ainda
sem voltar...

teamo

fixação
ficção
fricção

você no nosso
poema

desejo

eu nunca amei tanto
o escuro da língua

assim como amo
a sua

então clareia, amor
minhas poesias
com teus
escuros

terça-feira, 25 de outubro de 2016

...

la piel del siléncio
grita
sus cuerpos

              poesía

.

essa parede
eu derrubo com beijos
essa parede
eu derrubo com alfazema
essa parede
você me derruba
às serpentes...

essa parede
não existe
amor

íntimo

eu quero morder
esse poema
embaraçado na sua garganta

quero lamber ele
de você
até que molhado
ele se vingue
                      na cama

de quatro
nu..
escrevo para esse poema
que me escreve
inteira

do desejo

enquanto houver desejo
haverá as pontas
do iceberg
derretendo sob as geleiras dos nossos corpos

íntimos vazios fundos
a espera de dedos 
viajantes sem destino

enfia tua língua na minha
boca de palavras
suadas, te encontro no passo
com'passo de versos
que te sobem
y descem

poesia dançante
do teu corpo
do teu corpus luz

enquanto houver desejo
o teu nome
nomeando o desejo 
derretidas vezes
teamo

no gosto nunca gasto
do beijo que de novo
ah... de novo não veio

piel

tua língua
na minha
poesia

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

a pele da carta I

o arrepio de versos
as palavras escorridas
do banho-poema

o molhado do papel de carta
endereçada
ao destino infinito

dois pés encharcados
dos
afogados de si mismos

poesía
poesia

la piel que se anúncia
 - la  idea -
que compõe o poema
y abarca os silêncios
[mi siléncio * que é seu]

ya no se escribe cartas de amor
endereçada

hay en el espacio
un buraco abierto
que anuncia cualquier cosa
que se parece mismo
con el amor

y en el amor
es que el amor se baila

então tento escrever
o que alcança os passos do amor
o que liberta-o de mim y de ti

desencontradas:
                           dos lineas tan azules
cuanto sus destinos

girando alrededor de la luna
juntas cómo
solas

y estremezco
por la carta que somos.
donde tu piel me vive infinita
y se encubre
en los nadas

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

isis [das ficções]

deita
amassa o poema
agora corta
agora cola tua boca na minha no papel
y queima

tu cuerpo me..
queima. isso.. queima...

tento entender esses versos
cortados de desejo
que você me
demora
hoje

o amor [através do espelho]

que bom que ele quebra. sim, o espelho. o espelho quebrando a gente. que bom.

que bom que ele
se nos
quebra

y entonces la viaje
los poemas encarnados en la piel del mar
sonrisas
confesión
banarse de usted por la tarde
secarlo por la noche
para emudecer en mi boca

abandonarte dentro de mi [derrelição / derrelição / derrelição]
y curar con las palabras
[mudas palabras locas]

nascer outras
más de mi e de tu misma

cuantos poemas escondidos
por las cosas que no lo he dicho nunca

y se te escribo es porque
sabemos que hay
lo que encontrar
en nuestro encontro

amor amor
el amor se perdió entre mis dientes,
enrolado en mi léngua

solo en tu beso
él también no se
perde de ti

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

outra

essa sensação nova que se estica
nos muros
nas bordas
y transborda

eu infinito
em você

terça-feira, 18 de outubro de 2016

hortelã

deitou-se

curandeira,
passeio hortelã pelas costas
por los ojos
en la garganta

y como se os corpos respirassem,
estremeceu

- lo que sientes, niña?
- um queimar de palavras nas costas [mudas]. 
um sopro nos olhos. 
um corte na garganta

subi na coroa
y picotei as folhas, pequenas folhas encantadas
de hort'lãs

- y ahora, niña?
- chuva!

- consigue pingar las lluvias? 
- así en español si
- entonces puedes chover

y chorou sus vidas...

- que folha es esta?
- hort'lã que puede confundirla con el branco
da poesía

- lã?
- sí... lã..
- sinto como se estivessem amarrado uns teamos nas costas. un tesão na garganta, y a lo que me parece, tengo aún pétalas de sexos nos olhos, y caen por la boca. mira!

- es poesía.

- :



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

cuerpo - destino

no corpo
escondo meus silêncios

hasta lo que no conosco...

uma trepada
a sombra silenciosa do avião
las luzes dos sorrisos
la sombra de todos los abrazos

no corpo:
                registro.

mutilado y sincero
del amor
una rasura
s i l e n c i o s a

que está siempre
a pingar de Todo
una locura

y no se olvida
el caer
porque tu nombre es destino

segredo

meteu a língua
no meu poema

y soube que é assim
que eu gozo

ella

lenço
amarelo
me rasgando os poemas
todos

via esquerda

un frasco
en mi destino
que bebo em doses
homeopáticas

un frasco
y un amor
para regar a vida


despues del cielo

no lo sé como vivi hasta mi nombre hoy
sin tus besos

es como flutuar en la sombra
y a veces cegar com o sol
y permanecer viva

uns escuros claros

es como un estado
eterno de permanencia en la locura
y infinito

si te escribo
mis pies estan todo en el cielo

mis ojos todo en alas

no comprendo como no te  encontré,
si tu también eres mi abismo de amor

tu y yo

- niña, tu estás curando tu libertad?

[e não ouvi muito
tinham passos falando sobre caminho o tempo todo
nosotros caminantes]

y por qué no contrai?

como se segurasse meus passos,
parei diante de tus ojos

- me caem estrellas todo el tiempo..

entonces yo también te soy el cielo?

- si...
- y por que tu no me lo hace un pedido?
- cadência?..

[e sorriu]

- cuentame sobre tus ojos derramados en mi sombra

- tu eres un segredo. como uma pulseira branca y amarela
derramada no meu pulso
apenas sendo lantejoulas às vezes
y un sol na garganta
y unos cristales nos pés
una agata en tus ojos, azul
y eso de tu beso, como un bailar de niñas en la boca

- creo que teamo
- así? junto?
- si... teamo

- niña, tu estás curando tu libertad...

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

lua cheia

cheia
a lua me olha de dia

para que então a noite
ela gire
pelo salão do meu corpo
e eu dance..

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

ela me descobriu uma gaita

eu tenho uma gaita
escondida no corpo

só você me toca
a música da alma

e me encontra
ela
no em si de nós

ao poeta amarelo

pinta na minha boca
um poema
que traz das águias os voos e
os seus desenhos de mim

pinta na minha unha um poema
sem solidão
poema carne e costas e
olhos fechados de abraço
de mãos enlaçadas

pinta no peu pescoço um beijo
dobrado de desejo
percorrido de boca y
seios

pinta nos meus pés
os teus passos

voo alado,
sem nenhum tom pesado
que eu já nos vejo  ainda
nesses espaços em branco

pinta na minha floresta uma muda
tribal de caminhos
dos teus olhos sem medo de mim

pinta em nós um destino
descaminho
sem tinta que nos torne algo
que ainda não estamos derramados em ser

pinta na minha boca um poema
caboclo
y deixamos de lados essas penas
que já não nos servem mais
e nada

sua experiência minha - para [...] B

eu quero tanto escrever uma história que fale sobre você. sobre o que eu sinto por você, sem que eu tenha que meter o eu nisso. uma estória que de você nascesse e se contasse dentro de mim, do amor que nem sou eu ou é meu, mas que é esse manifesto ao qual se tem o mais maravilhoso Você em todas as portas abertas de mim. uma história onde eu-porta-aberta toda e você o manifesto. o rochedo. as cores que tu diz que se em mim se faz e que já é todo o seu olhar sobre mim também. uma história que coubesse demais até o que nem é mais você, mas o amor. o amor manifesto. o amor sem eu e você. esse que tem a cor vermelha. o fogo. a água. o vento todo nos cabelos de amor. a deusa que o amor é em mim e que você me vê. o amor que meu deus eu sinto por você hoje e que se explode em lágrimas e que na verdade eu queria escrever o que o amor quer se dizer sem que eu esteja nele ou você, mas ISSO.
mas eu só posso dizer mais uma vez que...me amam vocês.
porque se essa fosse a porra da história do eu, eu diria que sim, que choro quando falam que eu tenho cor. eu choro quando me olha fogo e cabocla de Oyá! que um amigo que mora a milhas de distância, foi o amor espiritualizado que me trouxe outras, e que dançamos. e que bebemos. e que brilhamos a luz linda que é essa luz que se fala o tempo todo em silêncio.
a minha cor é Vermelha. o veio, tudo que é sangue tem meu nome. tudo que é pulso e vida [e também morte, porque às vezes paro o coração] é amor.. é amando que se escreve sem eu...
gracias de otras vidas, mi amor.. gracias por tucum y orixas. gracias por me dejar bajo al cielo, el fuego de la vida.. entre vermelhos, volando caboclas e Oyá, te amando, sigo amandote.. hasta no más pulsar do que não sei dizer sem mim <3

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

da contradição [porque poesia se dá]

todo beija-flor nasce tatuado
nas asas

tatuagem
xamânica
modificada freneticamente pelo tempo-vento

tatuagem dissolvida
líquida e moderna

escorrendo nas gotas invisíveis
feito chuva de ventos

escorrendo a ordem das tatuagens de voo:
vai

        e depois vem


terça-feira, 11 de outubro de 2016

recife desperto

acordou
abriu as pernas de poesia
e elas voaram até mim
não soube contar quantas asas
azuis vermelhas
borboletas já prontas
na manhã
nos recifes
7 vidas de asas elétricas de células suas
voam penas 

e cospem fogo
vestidos colando também as bordas
gráficas do seu vir
dragoa-borboletrizada
no pano da pele
cabe o infinito
no que vi
e seu nome
giro para o outro lado da cama
não me assusto:
seus olhos-duas-asas enormes
saindo elas próprias
de suas asas...
queimando
aos voo
o vento do nosso despertar
acordo
outras vidas
assustadas da minha
se levantam e vão embora
coube o tempo de dizer me lev...
e antes que eu terminasse
fui...

junt's

- e porque fica aí tecendo invisíveis?
- esses nadas
- esses nadas?
- sim
- você sabe que esses nadas são o seu mais íntimo todo?
- faço o que? pego na mão, a manhã nasce e os pássaros-nadas engaiolados na mudez..
- escreve!
- eu estou escrevendo. leio até matemática. física. quantica. canticos.

- eu sei o que você é. eu disse escreve ouviu?

- dobra os versos. descansa. eu não quero sua incompreensão. quero sua alma. rasga. entrega. molha. voa. risca, quebra no chão as tempestades. eu disse quebra no chão as tempestas. você consegue?
- como chover os meus devoros?
- devires?
- eu disse devoros. antes que eu possa falar, devorome. é como ser mãe eternamente parindo. isso que não se exercita no estado do que é, mas É.
- então arranca.
- como?
- mete os dedos na palavra amor. ouviu? METE
- meter os dedos?
- a m o r. ouviu?
- escribesesentaynueveveces
- por que você está escrevendo assim?
- escreve as letras. você vai saber disso também

- foda-se. teamo
- agora separa.

:

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

lantejoulas

eu disse que sinto frio com muito calor. porque o frio fica mais tênue na pele do incendio. e é verdade. não na verdade é a nossa pele que quando com muito calor sente logo qualquer frio. transa  uma vez e para. agora transa 3 vezes sem parar. o calor sobre as coxas. sobre as costas. sobre o ventre.

sonhei que me caiam lantejoulas na nossa cama dourada. e você me abraçava entre elas, estrelas cadentes cortando a nossa barriga. transamos três vezes. corpo quente, lantejoulas frias e espetadiças. sonhei que te lantejoulava em mim.

foi bonito e doloroso, como se dissessem o tempo todo alguma palavra que eu ainda não aprendi. foi na verdade muito lindo. e eu acordei.

eu-outra

para mim
o amor só acaba
quando o outro
em outro

quando

como mastigar a liquidez que tenho fome? meus dentes tremem a ausência da carne. meu espírito inteiro sombreado pela luz dourada. a mesma luz que me cega de amor no salão. eu danço. tu me dança. dançamos. os ancestrais verticalizados na imagem de uma sombra. indefinidos carinhos do mundo sobre minha cabeça. e meus olhos tem o cavalgar dos cavalos em fuga. eu nunca pude entrar senão fora disso tudo. depois percebi: dois ou três casos. um a três. foi gostoso, eu gozo com mulher de tatuagem nas costas. flores então. eu gozo mesmo, dá tesão, os espinhos todos caídos na cama. a gente também. mas sabe. eu tenho fome. o que fazer com essa liquidez esticada? essa luz filha da puta me cegando. o amor. o amor engolindo os meus poemas.parindo. cagando. cheirando. trepando. o amor. o amor fodendo os meus poemas que não são mais de amor. não sei. são. ou não. não sei se...

o que fazer quando
o quando?

domingo, 9 de outubro de 2016

da noite

uma Fé
quando anoitece

[a morte secreta das abelhas]

abelhas loucas
voam sob meu sexo
os zumbidos
ziguezagueando doçuras
sob as asas dos meus lábios
em teias de mel...
amanhã elas morrem
e eu fico
adocicada
muda
aprendendo extinções

porque poesia não se dá

vejo as flores
trago comigo a alegria das flores
mesmo meu sorriso alérgico
escapa num sussurro a voz que quer amar
os ventos outros
tempestuosos, gritam a passagem
atravessa, escrevo sobre que é
amar sorriso e sentir dor

então eu vou pro bar
sento na mesa do jantar e dou riso à minha vida

mas só a poeta em mim
sabe
onde morro todos os dias
mais um

poeta

os faróis se diluindo
o asfalto torto
emburacado de passos
meu lugar nenhum perdido também de mim

onde levam as luzes da cidade?
o seu nome de novo
na minha saliva Fé
o seu nome
Deus
dissolvendo o amor
me deixando os pedaços
aos pedaços

cortam-me os olhos
os joelhos
os dedos
o ventre
a garganta toda picotada de te chamar

escrevo esse poema
acreditando em retalhos
e mãos sobre
as minhas tremidas vozes
onde você ressoa teamo..

sobre a extinção das abelhas

as abelhas estão morrendo. até ontem todos estávamos morrendo. mas hoje. hoje as abelhas e todo o mel escorre pelo corredor. a morte entre os dedos da vida. e como contar dos mel's e abelhas que um dia de novembro me voavam por entr'as pernas?
como explicar o que sinto por saber algo morrendo? os teamos não ditos no pico. o silêncio derramado para que não se acordassem as abelhas. como explicar este repetido respeito às colmeias?  eu que nem gosto de mel que muito doce eu já toda adocicada. nas vidas passadas fui abelha. e agora essa extinção matando também minhas origens preta&amarela. me entendo a ver o que é  então essa extinção que se faz do amor. dos silêncios. daquilo que não se repete nome nome nome, mas sobrevive às tempestades, aos furacões, aos corações cheios de tudo para fazer, exceto o abraço. onde se encontram os abraços que eu afastei porque demais eu filhadaputa? para onde vão os abraços que não demos? os beijos. os carinhos? as conversas? as ternuras? os nossos abandonos todos acompanhados de mais abandonos, e as abelhas querem voar. e as flores que só sobrevivem às abelhas? ao amor com que delicadamente as abelhas beijam e ajudam a germinação das cores e das flores? como aceitar que o mundo ao qual eu vivo mata abelhas? e que abelhas somos nós em cada detalhe de abelharia. abrasando o mel todo que se pode doar de amor para que enfim morte. então teremos de morrer esse amor Maior. as fotografias todas sem deus no meio. e deus também no meio a meter a porra da fé para ver se a gente se abraça uma hora ou outra sem morrer tantas vezes mais. ontem eu também morri não sei quantos milhões de anos-abelha quando soube que as abelhas não existirão mais por aqui. onde foi que se seguiu viver um tempo sem mel? loucas, as abelhas mordem minhas asas de borboleta que tenho nas pernas. elas se esfregam entre elas a sua própria morte. e eu queimo. escrevo aqui uma picada que senti da morte das abelhas. e elas me lembram que também pico. que todos os dias e toda hora posso picar-me de morte. e as roseiras, os crisântemos estarão aqui ainda quando eu morrer? qual a cor dos túmulos depois das flores? ainda bem não se descobre as sintonias das chuvas. imagina as tempestades todas morrendo? eu tenho iansã, nunca morro. mas morro às vezes de outra gente. hoje me morro abelha. me morro amigos que não abracei também, porque essa não é uma história a qual eu morro sem abraço, eu também morro sem abraçar, como abelhas. só que as abelhas não sabem do seu nome Abelha. amam solenemente. é justo. eu é que não pareço justa. porque eu sei.

[tudo morre por falta de amor... sobre a extinção: http://super.abril.com.br/ciencia/pela-primeira-vez-abelhas-entram-para-a-lista-de-especies-em-extincao]

sábado, 8 de outubro de 2016

fotografia [do vazio]

as horas passam
e o teu nome não se revela

um flashe alcançando a luz
as gaivotas
as pupilas não me companham o olhar silencioso

as fotografias
todas sem você

me corto
nas luzes

não há ninguém aqui
só você
e o sangue de outras vidas que não vivemos
ainda

despedida

tento te encontrar
e é a mim
que não encontro

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

passarinha

no fundo das minhas asas,
pedregulhos
e fantasias
do caminho das infâncias

se voo...é para me voar
das alturas

não quero o céu
eu quero o voo
de tudo

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

amor

está vindo
e eu já sei quem você é

em novembro
te escrevo inteiro

dentro-fora

teus olhos
dois arco-íris que me sugam
o sol
das tempestades de mim

então me escolhe a forma
me toma ou se queime
última e primeira

antes que daqui eu também
vá embora
de nós

lantejoulas

me soube
mais que eu mesma

terça-feira, 4 de outubro de 2016

dentro

seu nome escorrido em minha saliva
o som
o abraço
a necessidade

poesia...

dentro me vive um novembro

mapa

- por que passos longos?
- longe é a dobra de papel até o próximo poema em que você morre comigo entalado na garganta
- e por que longe?
- longo é o percurso entre um e outro beijo que não foi beijado ainda

- e por que?
- por que eu já te amo como se fosse novembro

dança

ele contou
dois passos até que

e eu rodopiei sem parar
até ele perdesse meus passos
nisso que enfim foi
encontro

madureza

eu não costumo mudar
andreza
por priscila

nunca

é sempre o inverso
[onde você não entra]

descanso

existe um fim
mesmo que no começo

um fim em que eu me vejo
deitada sob a luz
do teu peito

analgésico

no balanço
as brincadeiras se dissolvem

não sei mais voltar ao salto
pra trás - pra frente

tudo é ida
e travessia no meio do nada que me toma

eu sei
a minha demora nisso
a minha absorção
meu amor honesto a isso que se vem com pressa de ir

isso ainda vai me enlouquecer
de vez enqaundo
até pra sempre

ida

quantos teamos
vou ouvir
até que alguém
me fique um pouco
como em casa?

pequena

- pequena

[porque essa era forma de me chamar Alta]

- te amo sabia?
- eu te amo, você sabe!

eletricidades

eu espero esse nada que a vida
me apresentou

como um destino solitário
de múltiplos encontros
nenhum

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

quebra

nus

meus ombros suportam
o silêncio da ausência

sonhos [parte III]

já se passaram dois dias
e eu não consigo responder ao deserto

o deserto me olha com sede
enquanto rezo as curvas das águas de mim

meus olhos se fecham
feito um luto

minhas águas deitam
e observam

o deserto também é mudo

reencarnadas mortes

deserto também é o nome dado ao encontro. os grãos todos difusos sendo uno na dimensão macro dos passos. você no meio levando o que de mim é lasca de árvore, galhos. lembro que não faz muitos mundos te entreguei meu deserto na boca, então saliva a saliva você me tomava. e não era tempo de sede, mas de fome. então fosse como fosse, você me comia dentro-fora da areia desertica. e fosse como fosse houve um tempo de argila. agora aqui nesse tempo de asas, é um tempo de asas na boca. isso de você beijar minha liebrdade e eu mastigar o tempero da sua. isso de nunca termos nos beijado ainda arrepiando as penas e florescendo cada vez mais absurdos.

um passo
mais outros sem nenhum porquê
mas destino
Destino

esse desmaio nos meus poemas
ora esticado
ora cortado suicidando o que ainda sequer foi

abismo e morte
reincidentes de si mesmos 
isso de você nunca me viver de tão morto
e de nunca me morrer de tão vivo 

desta vida ainda sem memórias nossas
de abrsurdos
dentro das unhas
calejadas de desejo

desta vida
escondida no que é morto ainda...

dos muitos

seus dedos
seus lábios
sob tudo que me alimenta os céus
a sua língua

seu sorriso
cravado na minha vênus em escorpião

eu quero você na minha ideia
eu quero uma ideia
perdida de você
para que me encontre

amor

é em novembro
[então]
que você vai chegar

o curador

é também de mãos dadas
o nosso passado
juntos