quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

encontro

um porão
me habita

eu que não habito o porão faz tempo
que conto estórias de fora
que planto flores nos olhos dela
que me plantou um sorriso

ela que me lançou duas ondas
y uma terceira no céu
da boca

elétricas, minhas mãos vão pr'lá
pr'cá
como se fossem dela

enquanto me borda infinitos,
o meu ventre transborda
poesia

ela que teceu cores, sabores
y meu escuro se abriu em...

ela que traçou a rota tecno
xamânica dos colibris

voo entre as estrelas do seu nome,
o caos que mais não sei
e quero olhar

sábado, 18 de fevereiro de 2017

da lembrança..

eu que tenho um frevo
no peito

y revelo
essa dança não é sua,
é dela

das fases

a primeira vez que vi um morto
ele estava vivo

terapia

depositou duas pedras
no meu chacra inferior
y soprou

ali nasceu uma história
que se me
escreve

da tentativa de conter um buraco que..

há um buraco em tudo o que vejo. um buraco que não é solidão ou morte e faz mover. há um buraco, y mesmo que eu esteja triste, ele continua lá onde eu não acesso. difícil respeitar essas regras de linguagem, quando o peito infla a falta. porque existe nesse buraco que há um tudo, uma falta. falta esta que não sei e nunca se soube onde começaria. nunca ninguém disse onde se começa uma falta. seria como dizer onde se começa uma foda, porque a gente sabe que nunca se sabe e já está lá fodendo. depois a gente se fode e tal. mas é sempre essa falta no meio que dá num buraco que é como um orgasmo em tudo quanto existe Nome.

acendi uma vela, respirei algum tempo.não sei o que respirei vela.. uma chama se acendeu no meu peito, e não era ela. o buraco se faz presente.. escorre sobre as chamas do meu corpo que está molhado porque eu na verdade acabei de sair do banho e ainda estou molhada com a cena de sense8. eu não sei, mas parece que quanto mais a gente vai entrando, entrando entrando, mas a gente vai saindo disso que é nada. é como sair e querer estar limpo ou com alguma coisa que dizer disso tudo. então é um fluxo pesado onde não se tem narrador ou mesmo eu lírico, então as palavras se tornam elas mesmas o que deveriam ser no tempo de uma foda em prosa como se estivesse rasgando essa tela em mil e um pedaços de incompreensões que nada se parece com vazio ou nada, porque na verdade está se fazendo corrente infinita de ilusões e que na verdade se fosse mesmo uma ilusão ela nem teria sido seguida de uma verdade que nem é minha ou da minha voz. porque por mais que a gente fale da porra do buraco, o buraco nem é porra. ele é flor germinada de caos que quando nasce nem nasce, morre e vira estrela que no fundo bem no fundo não é estrela nem flor nem da terra nem do ar y nem morre. esse buraco é da aflição do sem nome, é de um não sei inexplicável que mora nele mesmo. então que ele é isso. é isso mesmo.. y vai continuar sendo.. ele, absoluto que pode ser um tanto dele mesmo: absorto. mudo. quando ela, majestosa ou apenas Vida.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

do profundo céu

magia pra mim,
é o que você é capaz de falar,
não de si,
mas do outro

e se o outro for um cometa verde
y tiver estrelas no meio,

é esta magia que quero buscar,
rodeada de um dourado absoluto de escadas

porque eu não acredito muito na racionalidade inteira
ela sempre escorrega
para  a Fé

e é só a Fé
que me rasga o ventre das ideias
o ventre das cores
y o ventre
y fecunda minha poesia

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

chove no meu silêncio [infinito]

escuro é o porto
onde entrego o pico
de mi locura

sei que estão verdes
as nossas manhãs

sei que colher 
é o fruto do sorriso
isso que não se busca
[isso que acontece, y acontece]

então espero
numa chamada de vídeo
a tua vinda

o nosso despertar

recife aberto
para decifrar os desejos do toque
o toque íntimo
das gotas que me caem
enquanto te escrevo

do desejo

desejo de bailar
mis lluvias
sob teus girassóis

corpo dourado, sorriso marcado de
sol

desejo de tecer
sob as horas
um destino-você

tecer sob minhas mãos
os teus dedos

atacar os destinos
una vez más

hay en mi,
pedaços eternos
de ti
                                 cómo gotas
                                 partidas de tu intero
de teamo

cómo gotas
por gotas
en gota

para ti [chove no meu vestido]

existe um fluido do tipo loucura ascendenciando o teu corpo metastasiado. corpo cometa, de estrelas vermelhas adicionado ao meu aquário. y eu poderia te chamar zebra, mas das listras todas, nada acompanharia o teu nome. o teu sorriso sempre colado à loucura do que vejo desde..

tomo um susto,
sua mão me aquece sob a taça de vinho

eu não estou aí,
mas e esse estar permanente nas coisas que vejo?

2 horas de distância do meu tempo
no seu
do seu no meu

é espaço suficiente para vivermos histórias
juntas
no tempo sagrado da nossa ficção

então tiro os sapatos
aparelho o Zoom dos teus olhos nos meus
entrego a chave do meu quarto

y você a brincar de mim

[não estou mais sozinha, é certo]

existe você em tudo que vejo,
desde as 2 horas até chegar na tua
os astros as tempestades as magias o vidro do carro
as sopas os quadros com tuas cores escolhidas

se lisboa fosse aqui,
choveria na minha boca
o tempo de duas horas
tu, romeu
y yo mexicana

meu vestido molhado tem o nosso tempo
reverso

chega e tira de mim este peso
eu te entregaria o porto
mesmo sabendo que ele é
daí

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

dos encontros

cada ponta do rio
dos teus olhos
é um recife
que pinga na minha boca
y faz dançar

chove no teu nome

 qual o grau zero
do teu
nome

chove na minha boca
y é você

encontro e despedida

eternizada na mudez
porque não sou
de palavras

nunca fui de ser

paixão

sinto gosto,
esses cometas
da tua alma
na minha

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

você

tem na boca
a aldeia
da minha vida
futura

él

volto a arder sob teu corpo. corpo-fosso
que não vejo

corpo metáfora
aberto às cicatrizes do tempo

volto a me debruçar sobre o corpo.
ele, calado, me transita como seu me fosse,
eu dobrada sobre a carta-corpo

escritura silenciosa
morena

arrepios me cobrem e não sei dizer se sou isso que
se diz corpo

só sei dizer que
ele é

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

amor

hoje li sua dissertação. você me sangrou. foi a febre da minha vida. encontrar com tua história nas margens "hay que no tener miedo".. eu passaria todos os dias colada à tua voz naquela porta. todos os meus infinitos contígo.

recebo teu abraço. rasguei o cartão postal que só chegou 42 dias depois de.  mas hoje eu sinto uma ternura por você. eu vou colocar aquele vestido preto y vermelho da tua presença. aquele que você gosta quando eu giro sobre você.

y eu entraria en puebla.
rasgaria teu asfalto
bagunçaria teus cabelos escuros sobre mim

até que você ceda essa magia
essa magia que você aterrou voos
nas minhas pontas

onde tudo tudo tudo se faz desejo

pecado



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

posição Fé

ela,
sempre em posição Fé,

sussurrava teamo
só para me ver gozar sob teus dedos entrelaçados
en mis siléncios

dentro, pescou dois
ou três pedaços de céu
y chupou

disse que tinha gosto de trovoada de riscos brancos
y relâmpago

coisas que logo que lembro, esqueço
porque é tudo muito rápido quando se ama

parecia a minha morte:
linha tênue, rabiscado de um florido imaginário de teamo no meio
[era talvez a minha morte dela, de novo]

sussurrava teamo
morte y tempo para  a morte tínhamos também
sussurrava
sem parar, sussurrava umas securas e depois me molhava

só para me ver gozar sob teus dedos entrelaçados no meu desejo

ela se fazia mar

meu corpo tremia
          em oração
                         sempre em posição Fé

essa em que nos esquecemos em outro..

do desejo

a língua que saliva
a fome

é a língua que me mata
o beijo

sem demanda

caminante,
soltava o barbante sem nós

soltava, e ele se misturava
a ele mesmo

nossa história livre de nós


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

chove na minha boca

apagaram-me as labaredas do teu nome

chove na minha boca
y gozo suave
sob o lençol vermelho

também chove na minha janela

ela escorre os cabelos sob meu rosto

é o único escuro que não
tenho medo



chove no meu quarto_ abertura cósmica

chove no meu quarto

a maçaneta parada
sem nenhum ruído que girar

o teu nome mudo
horas que se apresentam
de porta trancada,

passos invisíveis
teu nome de novo
apenas na minha memória sem som

chove no meu quarto,
y sei que
a tempestade sou eu

chove e está tudo seco
bambuzal de raios nas minhas pernas

me cumpro,
sei que chove no meu quarto..
enquanto durmo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

chove no meu quarto _ II

chove no meu quarto,

o teu sorriso nu
me puxa para um beijo

é o tempo da nossa felicidade

fora de casa,
a onça me observa
entre as manchas no pulmão do meu poema

a espera de um ataque
poético

ela sopra uns versos

eu rio

chove no meu quarto,
y agora é você que me come
o riso

invasores

foi então que meteu dois dedos 
sujos de poesia
      en mis ojos

pisquei três vezes, [quantidade exata para expelir metáforas

entrou apenas a verdade das unhas:
arranhoso sincero
travessia de lágrimas que nunca vieram..

transitou chuvas
desertos,
              encontrou no pico duas nuvens enraizadas

na altura da tempestade,
um sorriso
depositou um poema mudo: teamo
em azul
foi então que viu que dentro
não me era dentro]

me escorria um méxico
[enquanto isso]
voo escandalizado de giros:
                                        pérolas desencarnadas em vermelho.
bailado de niña
no esconderijo bordô
volando acerca de mis heridas
girando girando girando..

inexatas,
me mora aún la niña
que tiene de mi todos mis de dentro

tiene las rojuras
[herida y cura]

não esperou muito..
puxou os dedos de volta,
sem nada que poder levar,
chupou os próprios dedos:
                                      minha ausência
                                    esta presença em tua
vida