segunda-feira, 1 de agosto de 2016

sobre o que se esconde depois do olhar do olho encontro

todos os dias olhava pela janela. os ares escorridos. os pássaros. os movimentos.

jogava a semente dos voos:
migalhas de pão

e assim a vida. toda a sutileza ventaniosa no seu olho direito. ao esquerdo, cabiam-lhe as faltas. o todo infinito curvado na lágrima. o olho esquerdo é o problema diria o ginecologista. se ele soubesse do sexo dos olhos. essas infâmias se abrindo em pernas. pintos e bocetas do mundo gozando lágrimas. se soubesse o quanto dói fazer o amor com o olho esquerdo, talvez sim vivêssemos piscando pra ver se estimula essa parte de não ver. essa partitura de flauta tapando os buracos do mundo em piscadas.

piscar o olho esquerdo é ver ele assim, sucu.l.e.n.t.o como suculentas marginais de novembro. é como entrar nas costas disso que é nada, ver o todo. abraçar o todo qu o todo é, como o nada todo que ele é. e não caber.

de não caber é e'feito o olho esquerdo.
pássaro nenhum voa.
luz nenhuma luna.

aberta
a gota da vida

última
inteira

próxima de ser enfim
a sua
          primeira

languida
como os pássaros que pensam
voo

exposta a partícula
que nos liga ao infinito: dor transmutada em sorriso
direito

com uma flor amarela no sorriso
do olho direito

deformidades do agora
que você não entra
mais

porque não entro.

ele se conta

olhar. fundo. inteiro
um quanto dois

sumindo enquanto eu o
conto...

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