terça-feira, 23 de agosto de 2016

fim de tarde rosada

é estranho como no fundo do que é verdade, há a revelação. e revelar-se é como tirar da verdade o que nela é a verdade. é como se tivéssemos prontos para sangrar de verdades. e um verde claro se anuncia sob as árvores. um surgimento no escuro do verde. mansidão. então é isso que a ficção proporciona também: este estado de. estar sob o que se sente. pôr a mão no coração como o sol se põe no céu e vai embora sem dizer muito, mas revelando isso que se escapa. então era isso. seria isso?
sabia que chegaria um dia, não muito apropriada, mas justo. um dia que os astros acusariam o profanado do profano já revelado. aquilo que se repete e é. e também por isso essa disproporção do oco dos nomes das bocas do corpos. nada me pertence, nem meu corpo mais carnal, pele e pelos. nada pode ser senão o que transporta o espírito. e eis que então a gente vê o outro chegar, transpondo também suas luzes e escuridões dimensionais. o karma estendido sobre a nomenclatura. meu nome é andreza, sobrenome nada. priscila no meio do corpo, da voz. disso que comunica. meu nome-nada aborda as estruturas e faces de dentro. as células, os dentes por dentro do que é dente mordendo ele mesmo para se abrir em dente. os olhos arcos e a flecha que liga ao coração ao desejo ao som que leva ao sorriso que vai levando até o nada. o nada do sobrenome. sobre o nome o nada voando as melodias solitárias de som. melando a boca até o caroço que é garganta. soltando e contraindo a linguagem dos mundos. os planetas e plantas irradiados pela energia. eletricidades no meio das pernas. trovões que se puxam como íman. cidade desertica; nada nada nada.

no fundo a única verdade é estar vivo e falar sobre ela como se a comesse: verdadura. enlaçado ao amor, gota a gota, desaparecendo uns nos outros como um céu. 

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