se tivesse eu
o tempo das garras
sondaria métricas de escuros
entre os ossos
diria que a vida é açúcar
cristal de estrelas
mel y abelhas
entre os nadas
diria que o sol cabe melhor
nos olhos fechados
y no calor dos corpos
diria que é no corpo do outro
que se amanhece
sobre as pernas do outro,
eu atravessaria minha língua
a procura do nada que o habita
idas e voltas,
porque é assim que se fica
pra sempre
eu sondaria milímetros de mortes
até que enfim um sussurrante ah...
de vida
porque se eu tivesse o tempo das garras
ele não seria meu...
ele seria todo meus olhos sob teu universo
reconhecido,
porque nunca se encontra o Eu em si
é sempre no outro
que se realiza o amor
porque é sempre o Outro,
Eu
então se eu pudesse o tempo das garras,
elas seriam silfos ou fadas,
porque o tempo é só o tempo
que cabe no espaço da minha língua no pescoço da poesia
porque as garras são só dedos
y unhas do desejo que nunca soube falar
porque lá fora [dentro demais para que eu o reconheça]
há sempre uma estação nova
anunciando travessia
Nenhum comentário:
Postar um comentário