domingo, 1 de janeiro de 2017

para minha Tia [com amor y desejo de Paz]

os braços abertos
as chaves no sofá
a almofada de gato
o chão vermelho antigo
sem cera

teus braços sempre abertos
meu allstar de colocar moedas
tuas mãos abertas
teus dedos me prendendo na vida

não pode correr na rua
não pode pular daí
você vai cair
daí pode pular
voa, pequenina...

teu sorriso aberto
tudo bem, pequena
teu coração aberto, 
vamos para lá, depois voltamos

as facas ensanguentadas
os furos na parede
a minha cama desarrumada
meus sapatos perdidos

que horas são, tia?
já chegou?

teus passos ainda correndo para o meu abraço
as férias,
as feiras de bonecas de pano

você dizia "pequenina"
como se eu ainda fosse aquela gigante
você disse sentir orgulho de quem eu me tornei

y tudo o que houve é que eu não pude mais errar os sapatos para você consertar
eu não pude mais correr na rua atrás de bola, para você me chamar
eu não pude cair, sem ter essa boneca enfeitada que sou a me distanciar..

porque não pude ser mais aquela criança,
e talvez eu tenha perdido o dom de te ver assim
também

então voa passarinha,
voa para os braços do céu
voa para os traços das ruas, atrás das bolas coloridas
arruma aqui perto também os teus sapatos
que todo o Seu amor É Seu...
Meu
Nosso

eu te amo, 

y só cabe agora
essas duas desarrumadas que somos - pequeninas - 
só que agora entre o Céu
y a terra

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