segunda-feira, 5 de setembro de 2016

flamejante

que bom que você
assinou lá fora
a saída dessa história

porque lá fora eu também

mas aqui dentro..
se eu pudesse sangrar isso e depois limpar
talvez no vermelho alguma coisa pudesse
ser feita
antes que um câncer ou antes que

alguma coisa de morte
se anuncia
grande como foi isso que ainda é vivo

e se eu pudesse ao menos ver os grãos disso
o deserto disso. se eu pudesse ver os ocos
então eu cuidaria para que ao limpar
ainda ficasse o seu nome

porque se eu pudesse, eu nem te amaria mais
para que então descansasse do tormento
e então nos abraçaríamos bem
nos encontraríamos nas esquinas
trocaríamos sorrisos ainda
porque se eu soubesse onde isso se deu
eu poderia pintar bordar voar as dores de lá
para que enfim Você ficasse
só você

mas não sei
porque não me sei
e talvez nisso se faça maior a minha morte de você
porque te vivi
[eu sei, não sou tola, só se morre bem o que se vive bem..]

então deixo você fumar o último cigarro
ao pé da janela
porque até posso conter isso
mas não posso apagar a mancha azul que você deixou nos meus vermelhos

e porque não posso
não sei o que é isso que corre vermelho sobre as minhas veias
de nome sangue
que não quer sangrar mais o teu nome
e que por isso é partida
para que outro melhor te chegue
com ataduras para toda a dor
que o mundo te doa

já disse: desencontrada
é que te encontro mais

porque naturalmente
                                  num espasmo
você também já se foi por mim

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