se você ainda ouvisse a minha voz
eu pediria para passar a língua na tua garganta até te lembrar da tatuagem que fizemos com o
infinito
repetidas vezes, chuparia o teu silêncio
até que deles brotassem os teus desejos
lamberia os retalhos dos teus sonhos até que
você sonhasse com o tempo das mãos juntas
morderia a lembrança dos poemas até
você me recitar, me chupar
até você parir a noite
nua
y gritar louca como te vejo: 'sua..'
aí então eu entraria,
templo sagrado do teu eu
até chegar por dentro da garganta
escarlate
onde me esperas
poesia
onde eu meteria, colorida de ti,
todos os seus/meus movimentos
encarnados
num feixe de sonhos amarelos y desejos azuis
y eu meteria meus silêncios dançantes
de você
meteria alguns poemas errantes
prateados
uns retalhos que tínhamos y ficou comigo
das alturas que fomos juntas
un día
no toco de uma das árvores da floresta de ti
pegaria a maçã dourada
concluindo com o nada que
cheio de retalhos são os invernos
y as flores que se escondem em seus infinitos de não nascença
até que nós duas: labaredas de nós
choveríamos estes escuros claros
Uma-duas
até pousarmos juntas no nosso tempo:
pirotécnicas
templárias
é o tempo do sabor
o templo da boca
é o nosso tempo de amor
sem que possa contar,
como uma prece de lobas,
você me uiva em infinitos
lembro y lambo, repetindo a oração
das noite de ombros calados
[de novo y de novo y de novo]
fazemos o amor
co'as curvas de alguns silêncios
encantados
[encarnados]
onde mora um possível de poemas
y escorregam de novo como se brotassem assim
escorridos das tuas
pernas
no alçar voo de brancuras
me enfiando um arco íris de sorrisos
me enfiando tua linguagem passariciosa
em estado elevado de ausência,
essa presença
algo como líquido
escapando do fundo dos ossos de onde nascem as palavras
como o amor das pétalas em todas as rosas
que não nasceram nunca
ainda
sob uma espera de rosas
numa tatuagem livre
no invisível sutil deste
ou de outro amor
Nosso..
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