sexta-feira, 28 de abril de 2017

el poema azul

me escreveu abismos
numa xícara azul

y eu tomei

¿para donde bailan las gitanas?

porque fora é
dentro demais

ela dançou três poemas
en mi boca
y se fue
palabradura

baila, niña

baila

que aún
te alcanzo en mi

[convite]

andarilho de mim...

vem na altura dos meus giros
que te preparo um grito
no fim

vem festa y desejo
que te ofereço um caminho
de mim

para que eu te dance
porque eu te ofereço meus ombros
desse meu lugar nenhum

vem, que te dou meu abandono

para que me encontre
para que me chame
para que me encontre

porque eu sou fogo sagrado da dança
sou fogo da tua vinda
eu sou partida

vem,
não vou demorar
mas te deixo um lenço
mas te sopro um vento

porque eu sou
de lá

mas te guardo meus giros
y  com giros y saias
eu vou embora

para te sorrir um recomeço
da porta pra fora
de nós

sábado, 22 de abril de 2017

sense

me fez uma oferta de dor

não fiquei para ouvir muito

pulei a janela da tua vinda,
porque não quero o que não é presença-
sagrada
porque sagrado é o tempo
o encontro
de quem encontra

nua
patrulhei com as lobas
escrevi no uivo um poema
que você nunca ouviu
porque só ouve quem encontra
os uivos
quem come a Lua [uivante]

mas você nunca foi loba demais
para

y a floresta é grande
quando os braços enrolados de silêncio
y caos

minha fome é louca
como a tua

segunda-feira, 17 de abril de 2017

ascendência em Outro

hoje acordei e vi tuas costas
ainda
cada sinal infinito de ser seu
suas curvas

algo me fez ir além..
aquele ataque de tigres
ou a cicatriz das águas

se eu pudesse o tempo das cicatrizes
diria que faz-se o tempo em que se é eterno
é o tempo da madureza
o tempo de ser outro
é o tempo que se lança 
abandono y delicadeza
que se lança em amor
que se lança em outro
por outro
para o outro
que se sangra, põe pra fora o eu
que salta
atravessa
Salva
então vira cicatriz

então o mundo do corpo é sim isso de tatuagens ou cicatrizes

sempre marcas
vivas
inteiras antes de nascer no corpo
muitas vezes invisíveis..
porque há lugares que a gente nunca toca
há lugares em nós que apenas salvam-vidas

o lugar de um beijo de quem se ama,
a morada da língua, as unhas,
a oração dos sexos
 
toda cicatriz é uma febre no corpo y é mistério

aqui, faço uma oração às promessas desta vida,
tuas costas
tua nudez
a mudez dos teus sinais
tua coragem
o mar

como uma oração às tuas costas y às tuas coxas
se pudesse saber o tempo do infinito dessas cicatrizes
eu beijaria 
soprando na língua dos deuses
que teamo
em língua de tigre
em língua de fadas
em língua de chuva
em língua de agora

eu te beijaria
até não entender mais o que é beijo

de nome amor

escrevi poemas em papel de pão
guardanapo
mesa de bar
árvore

seu nome me é
inevitável

invade, escorre,
queima..

que vai fincando..

esqueceu o lenço
esqueceu o sapato
esqueceu o anel
esqueceu o botão que soltou da blusa
esqueceu a blusa

assim não conseguiu esquecer o beijo,
traçou uma lembrança de caminhos
sobre os meus

y por isso sigo voltando...

porque eu esqueço sempre
y a vida a me lembrar
que o amor
é uma promessa invisível mesmo

que vai ficando
colado na bobice invisível
do nosso sorriso

posição piano mudo

é como ouvir o som do piano
mesmo sem ninguém a tocá-lo

quando você me salta
é como não ter pés
é como ser só mãos y bocas
tateando o infinito

é como ser fome
y sem saber
encontrar muitos corpos
até gozar

é como não ter nome
isso de fazer amor na sala
olhar para o piano
dos teus dedos

é como se brotassem asas no chão
um perder-se
de tanto encontro

é como você
em mim..
essa flor
que bica y voa sob minhas peles

domingo, 16 de abril de 2017

posição escuro

artesã de escuros...

meteu no meu dedo um poema
[eu que sempre tive asas afiadas demais para aliança]

meteu no meu dedo o infinito
do teu nome
      pronome

intima sob a noite
girosa ao lado da cama
sopradora de chamas
meteu os teus dedos nos meus
me deu seus escuros

percorreu três ou seis silêncios
talvez nove

no alto, um vibrar de tambores
nosso coração
nossos gemidos entregues à cama
teus dedos / os meus
tamborilam

travessia

íntima, teus dedos claros
sob a entregue escuridão de mim

teus dedos
que me desfaço em inteira

teus dedos-meus
da sua arte de tecer-
me escuros

transcendem

quando chegamos aqui...

daí Ela veio
y me salvou da superfície

me levou pro fundo
do céu

y ainda estamos aqui,
que é lá.

passarinhas

chove no meu quarto
[faz tempo]
agora os teus olhos fechados
nos meus
tuas mãos enlaçadas
nas minhas

esse desejo de te invadir além do corpo
o escuro encontro das nossas asas
sempre abertas
sob a chuva das horas

porque faz tempo que chove no meu quarto
a sua presença

[quando você chegou
a janela já estava aberta
de sol de lua
de colibris]

você pousou
a boca, os olhos os pés-em-asas
os caminhos de céu
desde o primeiro dia que nós...

quando você chegou
eu cheguei
y éramos Toda Lugar
moradas

aí você entrou
fora
eu corri pra fora-
y te vi dentro

y peço que fiques
onde não estou.
onde não estás
onde nós
                sendo...

[voando infinitos]

[do encontro regido pelo infinito]

se soubesse
que do teu beijo
me saltariam estrelas da boca
das costas dos olhos dos dedos do poema
y essa constelação simétrica
no ventre

teria te procurado
nesse encontro..

mas não tem jeito,
quando é Encontro
            Ele É,

antes de você

eu não sabia
que dormir
é encontro

líquidas [duas Luas sob a cama]

você me veio noite
clara
depois de você,
seguidas luas cheias
embebidos sorrisos
[como gosto]

agora esse desejo escorrendo
em minhas pernas

sonhei que fazia amor com o sol
y era luz entrando y saindo
hmmm

o que faço com esse escorrer de luzes branquinhas?

se não era o sol
era você, a minha outra face:
Lua

das flores de nós

ouço um infinito
de que o amor que chegou
veio para amar

terça-feira, 11 de abril de 2017

da bela lua

então eu passo a língua repetidas vezes
sob teu peito

circular é a dança que te quero

traço voltas
y você volta
                    pra cama

percorro o instante
de um doce silêncio dos teus cabelos 

como é que se faz um anel
no seio da vida?

a tua vida me responde:
ele endurece depois recebe

sempre quando se tenta dizer o que acontece depois,
vem o susto de um estouro na boca
[ninguém nunca fala]

um estouro
do que escorre 
y é caos

onde pequenas constelações
trocam passos
com o amor

dos encontros

esse teu sorriso
que me obriga a ser feliz
 todos os dias

a expansão dos dentes

eu não sei de onde vem
isso de sempre te morder quando me percebe o amor que te amo

um desejo de te arrancar as terras
y só existir o que é raiz
florescimento

um desejo de te arrancar as janelas fechadas
os pesos
um desejo de você aberta

y que ela assista da outra janela
o queimar do seu colchão,
da sua toalha
da sua cortina
do seu lençol
da sua rotina

sob a cama de fogo
libertar do voo
o voar

libertar do fogo
o queimar

libertar da língua esse desejo
essa loucura de linguagens

libertar dos dentes
as formas dessa vontade de te encontrar mais

esse desejo de libertar de nós a nossa liberdade

como um amar sem nome

inteiro pelos cantos.
inteiro
               pelos cantos

feline

então você vira
   de costas
me dá um beijo
y o raio sai de novo do meu peito

o raio laser
azul y vermelho
como nossas histórias
inteiras

promessa

eu te olho
y te olho
y te vejo..

y não sei onde você está
sei sem saber,
que você É

não. não sei,
sinto

então sorrio
para a promessa que me veio

artesãs

eu tiro seu colar.

nuas de nós,
as pedras gemem
[também]

cura

corre sob meu peito
amadourado

uma fenda
que só teus dedos
alcançam

das cicatrizes eternas

lembro a noite
que o tigre te atacou

por um segundo
não era o tigre
sob as águas
era um peixe

vivos porque você sabia salvar
y nadar

energia

é como o mistério do percebimento das coisas. quando sinto uma nota vinda do piano quando ela toca y me olha como se estivesse me vendo pela primeira vez. ou quando toco sua mão, quando beijo sua boca. eu diria muitas coisas que acontecem quando te beijo. sobretudo quando te beijo no banco em frente ao piano. são tantas cores y formas. eu diria que um sol entra na sala y que os raios atravessam a nuca dela y das costas (sempre as costas dela) saem um tanto de asas y pássaros y muito do que não sei mas que me encanta. é como não ter pés y imóvel caminhar com outra coisa que nunca o que É. é como não ter olhos. é como um viver de cores aplumadas em si mesmas entrando e saindo de todos os nossos corpos, dimensionando o som numa transa invisível..

é assim quando te vejo ao piano:

as coisas somem
e tudo existe

um absoluto

feito um vermelho excitado
sangrando delicadamente
louco

feito eterno.

                             feito um sopro...

de alguns todos

o tempo
é só o tempo
quando estou com você

 y ele pode ser 
ordem
futuro
momento

porque o tempo, quando estou você

                               ele é Nada
                                 y inteiro

terça-feira, 4 de abril de 2017

do fanstástico mundo das coisas de nós

se a sua cama falasse
ou se contassem os lençóis sobre o mundo dos nossos lençóis

haveria em respirar
uma realidade sobre asas se colando

haveria um dizer da noite em que dos teus seios
me saltaram duas serpentes se enroscando nas minhas coxas

da noite ainda que
os teus olhos me cobriram de uma fênix aguda
fênix-mãe/ não renascida
fênix primeira-filha - n a s c i d a
preparando sua primeira morte
sobre o meu corpo

e se tudo isso se nos contasse
seriam verdades
de uma presença infinita
do infinito que você me causa

sob o pano de fundo de asas de dragão da nossa ausência infinita
de estarmos longe
y Toda
seriam verdades que não sei
se me voam ou se voei..
mas existem
quando te olho
y só te vejo

do quando / em quando

são tantos pássaros
voando ainda das nossas costas
desde que...

foi assim o dia que te encontrei
dois nomes num de voar os voos
y os pássaros se bicando
se querendo
se voando
se beijando

foi então que o tempo descartou o cinema
as horas nos escorreu para o ponto
embriagadas

há um algo de inevitável
em ter te encontrado

um que me colou ao seu beijo
um que me voou de mim
um que não me silenciou os passos
de te voar
voz ar

sinto forte essa prisão
de te vou
               ar

ela

teus dedos me escrevem poemas
de dentro
do que eu nunca soube

escrever é este escuro
indo y vindo
                    a procura de
                              teamo

até logo

se desenho infinitos nas tuas costas
é porque não sei do que existe

sei que tuas costas tem pássaros
que me voam
y eu Voou..


posição tigresa

se te procuro sob tua cama
y solto os meus poemas
é porque não entendo o farejar
y porque infinitos
eles me-te
caçam

então salivo sob tuas costas,
bebo o néctar que...

y não importa o que existe de olhos abertos
é sempre de olhos bem fechados que te encontro

te Escuro y mordo
 y do que é garras,
abraço

é um possível de nascer mudez
grrrr rawn
é um possível de infinito...

você já viu uma tigresa rindo?

ela deixa marcas,
                              mas sorri...

então fecha os olhos
y vem também