segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

dos ventos

[a solidão]

estive procurando na estancaria dos teus olhos abertos, o punhado dos olhos fechados. as folhas que antes tão próximas apertando os poemas em dois. o vento escorrendo sob nossos sorrisos também de olhos fechados. os rios que sempre tão distantes dos nossos pés. você se foi e levou os traços invisíveis do que nunc foi ou poderia ser. e eu te amo.invisíveis formas, traços, cores. porque te amo infinito. eu soube no instante da porta: a travessia. dois impossíveis apaixonados, brincando de se perder no meio do caminho do que nunca foram encontradas. y eu gosto dos teus lábios [vazios] de mim. te quero bem, te desejo o melhor. y sei que não se brinca de infinito sem amor. só o amor suspira nos vãos escurosos dos nossos passos distantes de Nós. y escrevo, como quem está catando infinitos. sem congelar no agora o que nunca foi ou será. porque eu sei. de tanto que não disse ou posso dizer: teamo como sempre.

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[pedaços de mãos em outro]

lembro que esqueci um pedaço dos meus dedos nas tuas mãos, e você me entregou algumas vezes depois do nosso afastamento. é certo que as ternuras se voam, quando a gente acha que está amando outra pessoa, isso de colocar a não em outra, limpa como se houvesse apenas as luzes de um corpo pronto para receber as luzes do nosso corpo-mão.
lembro como esqueci também, de pegar a parte que é tua, dentro das tuas unhas vermelhas de mim. e eu disse unhas pretas porque é como estamos hoje: (sujas de asfalto sob a lua perto). y eu quero te tirar para dançar. como antes, um florido de asas saltam dos meus olhos por te ver. e como eu pudesse ainda de amar como antes, você me faz te amar como antes. este nada abandonado nos cantos ods olhos. e eu até pensei em chorar depois que você decidiu ir embora para viver a história que não é sua, mas que você diz que é. porque eu sei teu abandono. tuas mãos acampadas no escuro dos meus corpos. eu sei que somos feitas do mesmo escuro. e teamo também por isso. porque seria possível camiñar más contígo. sin morir. estamos morrendo mais vezes desde que nos fomos. eu te sei as asas  encobertas de um desejo que nem era seu. e eu entendo as estradas das tuas mãos em pedaços, quebrados os seus poemas de mim. calados como dedos mudos. de outro. porque é assim que a poesia e cala para ser a vida. e espero que você se inspire. porque enquanto o meu nome permear os teus escuros da brancura do teu corpo, hei de abrir o limão dos teus olhos verdes, e chupar como antes criança eu chupava. até que nuas nossos corpos descansem na cama queimada da nossa separação, embora exista existencias [reticencias].

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[quanto tempo dura o tempo do sem tempo, niña?]

eu te amei ontem. hoje não
sei

[o sol anuncia o fogo que não se apaga]

é a noite que eu
queimo
o teu nome

na mudez
da poesía

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[concha]

receber uma concha
daquele que vem
aberta
asas

pequenina como uma planta
crescendo sob meu corpo

eu te ofereço vinho
y pão

y o infinito entre as pernas

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[alegro-me]

eu chorei algumas noites depois de nós. agora eu ainda tento entender o que é viver ausências.

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