sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

tigresa

chego devagar
ao seu colo

rasteira, subo lentamente
as camadas que já líquidas
pingam o suor no sofá

sinto teu cheiro
vou devagar
peçonhenta, mas
trigriosa

lambidas no teu pescoço
no teu rosto
no teu...

sexo é bom quando nos invento

y antes que minhas garras te cerquem
devolvo minha saliva
para que qualquer palavra de conforme
de olhos fechados você encontre

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

no tempo do amor y los caminos

meu presente é
este enrolado da tua
na minha língua

crisântemos de fogo
abóbora y fantasia

- "un beso de teamo en tu boca"

me desfaço, sou poeta
me desmancho em loucuras
a tua
a minha que é tua
a tua
que é

 minha
            a tua
vinda do outro lado de mim
mexicana

girando a mudez
das horas

como um feitiço
das tuas saias misturadas
sob as minhas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

solstícios

perguntou o que eram aquelas
pontas
eu disse ponte
porque eu gosto de ponte
eu amo ponte

então perguntou de novo:
o que são esses
ferrões 
nas tuas costas?

y eu disse de novo
ponte

pegou o lenço e perguntou mais uma vez
com um certo desespero na voz:
o que são esses vermelhos?

y o lenço y lençol também se pintaram

y eu disse:
são pontas
são ferrões
são vermelhos em excesso de.

só depois de olhar bem para as minhas costas
é que se viu que era uma ponte
em botões
de flores do olhar dela

: travessia

verano

girava con el sol
la niña girassol

girava
           girava
girava

havia um tempo
[tiempo de bailado en mi boca]
la niña

          girava
girava
          girava

y tu léngua
[amora estourada]
amor feminito
se enrolava en mi saliva

quando acordava
ella sabia

ela sabia
que não precisava
saber

o sol queima silencioso
os dias em que se ama

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ela tem olhos de prender borboletas no infinito

tantas,
amarelas, escarlate
coloridas

presa no estômago da Íris
vermelha como antes a..
pintas pretas

[toda vez que eu piscava Ela,
gozava]

asa-pombagira
de olhares que... asa nua
asa-com-nome
[da que escolheu ser sem destino]

mas eu gostava ela pura de si mesma
desmontando o ar em dois, que nem se sabia
tão despertencida que de Água, de Fogo, de Terra
mas nunca isso que se é
[prisioneira de si mesma]

]deus nos livre
as pedras do nome - ela dizia-
categoria do que se é, sem poder ser o que se pode ser
preso no agora Nada,] 

infinito 
infinito
prisão
gozo
[derrelição[

[tão linda que nem se sabia.. quando eu a amava
como sempre ela nunca me soube
quando me amava - mas se tem nome quando se ama - não sei como]

era assim
a nossa hisória de não encontro:
eu emprestava meus vestidos pro vento
que não era dela
os raios vindos desde o ventre de minha mãe
que também é dela
girávamos em nós sem nos tocar inteiras

meu beijo eletrizava suas asas, que nem era dela
e ela começava a me dançar
o movimento que nem era meu

[amor amor]

tocava uma vibração de vulcões
no salão dourado
tuas asas se lançavam sobre mim
como se fosse nossa
na transa suave do invisível de me olhar
 e não ver nada
nos perdíamos
porque a transa sim era nossa

e foi a única vez que senti amor

sorria
me olhava e sorria
e não me via
eu gargalhava e também não era ela

porque tem coisas que são daqui
[mas tem coisas que não são]
isso de gozar de olhos bem abertos
isso de não esperar que se seja o que se é
isso de abrir os olhos e ver o que se é: Nada
dançando o Todo

porque se for para amar o que É
eu já te amaria sem te existir
porque eu te amaria na primeira foto
para sempre
nunca mais nenhum sorriso escorrendo
de nossas vidas

eu amaria o escuro, se eu te amasse hoje
ou a brancura da loucura

mas acontece que eu gosto
muito das cores
que você não tem
mais

amorte

se o leão me
acena tuas
garras

lanço-me infinita

mordidura de caça
intintuosa da procura
de que me encontrei
pedaço matério
espírito encarnada no
espírito diluido de Mim

porque só
no de quatro, o leão
cabe o meu nome,
despretencioso

salivando
sorrisos de sangue

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

posição céu

se o céu fosse meu
boca aberta
sem futuro
pernas líquidas em algodão
fundida
fodida

eu me entregaria sem gravidade
eu me entregaria
                            boca aberta ao sem.nome
sondaria milímetros de nuvens
na matemática expressa do infinito

y dedos insanos voariam na garganta
do que é medo ou chuva
do que é saliva
y me abriria cada vez mais em vento

porque se o Séu
fosse meu

eu não seria

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

travessia


mañana

mi cuerpo es una casa
encarcerada

habitacion de lénguas
dedos,
sepultura de infinitos

animales silvestres
cobras y abelhas
palomas

borboletas escapadas

mi cuerpo es el fuego
onde
se alojam
ojos
queimando

acenam y piscam
tus sexos mudos

travessia
travessia
abandono

tristes
os lugares se anunciam Outros
muertos
sin nuestros
pies
que bailan nuestra solitaria
canción de amor
amanhecido

] a tua ]

tuas ondas
longe do mar
me arrastam para a cegueira

] a tua ]

derramada no pra dentro de mim
feito um luto
prestes a começar,
só que nunca se inicia,
                porque luto que é luto
nem chega
  ele morre

y mata sem se dizer
                   escuro

domingo, 11 de dezembro de 2016

próximo passo [bailando con la niña]

eu danço seu sorriso,
enquanto me
desnudo
as tempestades

incandescente

não acredito que transamos
de novo,
olhos gotejando o desejo
branco
[aquele desejo que você depositou na taça
no
cigarro
no carro
nas minhas costas]

não acredito que...

não nos tocamos,
como todas as vezes
um ato esquecido de voz
ou toque

um ato, embebido de olhar
sob a noite
no bar

como todas as vezes
eu te desejo mais

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

trechos

como fugir
das labaredas,
se sou feita de ideias y retalhos?

queimo lavando a louça
queimo enquanto você me vem
por trás

então preparo um chá
de ayahuasca
y meu corpo que pergunta:
VEM?

se.me.escorre
de olhos fechados com os meus

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

dos ventos

[a solidão]

estive procurando na estancaria dos teus olhos abertos, o punhado dos olhos fechados. as folhas que antes tão próximas apertando os poemas em dois. o vento escorrendo sob nossos sorrisos também de olhos fechados. os rios que sempre tão distantes dos nossos pés. você se foi e levou os traços invisíveis do que nunc foi ou poderia ser. e eu te amo.invisíveis formas, traços, cores. porque te amo infinito. eu soube no instante da porta: a travessia. dois impossíveis apaixonados, brincando de se perder no meio do caminho do que nunca foram encontradas. y eu gosto dos teus lábios [vazios] de mim. te quero bem, te desejo o melhor. y sei que não se brinca de infinito sem amor. só o amor suspira nos vãos escurosos dos nossos passos distantes de Nós. y escrevo, como quem está catando infinitos. sem congelar no agora o que nunca foi ou será. porque eu sei. de tanto que não disse ou posso dizer: teamo como sempre.

~~~~ ~ ~~~~

[pedaços de mãos em outro]

lembro que esqueci um pedaço dos meus dedos nas tuas mãos, e você me entregou algumas vezes depois do nosso afastamento. é certo que as ternuras se voam, quando a gente acha que está amando outra pessoa, isso de colocar a não em outra, limpa como se houvesse apenas as luzes de um corpo pronto para receber as luzes do nosso corpo-mão.
lembro como esqueci também, de pegar a parte que é tua, dentro das tuas unhas vermelhas de mim. e eu disse unhas pretas porque é como estamos hoje: (sujas de asfalto sob a lua perto). y eu quero te tirar para dançar. como antes, um florido de asas saltam dos meus olhos por te ver. e como eu pudesse ainda de amar como antes, você me faz te amar como antes. este nada abandonado nos cantos ods olhos. e eu até pensei em chorar depois que você decidiu ir embora para viver a história que não é sua, mas que você diz que é. porque eu sei teu abandono. tuas mãos acampadas no escuro dos meus corpos. eu sei que somos feitas do mesmo escuro. e teamo também por isso. porque seria possível camiñar más contígo. sin morir. estamos morrendo mais vezes desde que nos fomos. eu te sei as asas  encobertas de um desejo que nem era seu. e eu entendo as estradas das tuas mãos em pedaços, quebrados os seus poemas de mim. calados como dedos mudos. de outro. porque é assim que a poesia e cala para ser a vida. e espero que você se inspire. porque enquanto o meu nome permear os teus escuros da brancura do teu corpo, hei de abrir o limão dos teus olhos verdes, e chupar como antes criança eu chupava. até que nuas nossos corpos descansem na cama queimada da nossa separação, embora exista existencias [reticencias].

~~~~ ~ ~~~~

[quanto tempo dura o tempo do sem tempo, niña?]

eu te amei ontem. hoje não
sei

[o sol anuncia o fogo que não se apaga]

é a noite que eu
queimo
o teu nome

na mudez
da poesía

~~~~ ~ ~~~~
[concha]

receber uma concha
daquele que vem
aberta
asas

pequenina como uma planta
crescendo sob meu corpo

eu te ofereço vinho
y pão

y o infinito entre as pernas

~~~~ ~ ~~~~

[alegro-me]

eu chorei algumas noites depois de nós. agora eu ainda tento entender o que é viver ausências.

tus besos

se você soubesse
quanto me esqueci no teu sorriso,
voltaria logo
para me entregar
o que desejoso quedou-se por tus
lábios

da fantasia que você me traz

existe um mundo inteiro
que quer odescobrir
contigo

de olhos
bem fechados

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

frestas - ou can't take my eyes off you

sonhei com você.

como sempre meus dedos transpassavam teu corpo. poesía.

teus olhos suados de encontrar. encontrar o que te
pulsa a poesia.

teu pescoço, teus cabelos enroscados nos meus também
ardendo os fios
das nossas alucinações

tua boca
na minha
tuas investidas
nas minhas

onde está o pássaro que te

e investe os dedos nso meus
fundos ocos

desfazedora de traumas

amável é o tempo que te trouxe
e eu não quero te amar
eu não quero te namorar
eu quero vocês entre os dedos escorrida como u meternodestino
[boca ojos]
do que me existe mão
alcance voz
siléncio
[tu siléncio]

infinito. yo quiero infinito para brincar
na rede,
cair na rede

e não consigo te escrever agora em espanhol
porque volto.
porque meu corpo é brasileiro
tenho belas curvas-de-teus-dedos
vem e me mostra
isso que só você..

porque meu deus eu nunca quis tanto
alguém que não quero y quiero
continuar olhar

você disse de novo, amor
de novo can't take my eyes off you

.. antes do beijo. como sempre antes do beijo,
das línguas dançarem as suas paixões

antes mesmo do desejo
eu te desejo

 a ternura transpassando sob meus dedos.
meus vestidos loucos
voando
perto de você

e eu te escrevo
sou feita de dedos
por isso te invado a manhã
como a Lua

e te conto,
nisso que não sei
y é recomeço

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

posição poema

é com a boca
estourada em uvas
que eu e'levo à língua
                                     seus poemas mudos de nome

é com os olhos em jaboticaba
dos
         [abracadabra Crist'alina]
que te derramo sob o colo da minha ideia

é com a boca
cacheada que eu
te tomo
y chupo todas as vezes
dos teus olhos verdes
em nos ver

niña leoa,
borboletando vida
no sumo açucarado
do fogo que te trouxe

é com a mão por dentro do vestido
que te escrevo
en mi