ontem também foi o dia que eu entendi porque não sou daqui. essa ostricidade no meu ser se deve a respeitar as dores. não, não é uma espécie de amar a dor, é um respeito, entende? acho que agora estou falando com a maura. sim, maura saberia que não se esquece uma bofetada ou um chapéu azul. não se esquece não porque não se quer esquecer. não se esquece porque o chapéu já foi dela na vida futura. já foi, porque é talvez lá na dimensão dos planetas azuis que ela vai lembrar mais. então, sabe, eu sei porque vim parar aqui nisso de ninguém ostra. nisso de sorrisos, nisso de gente feliz ou falsamente feliz, doces e lindas. e é por isso também que me afasto de gente que aparenta feliz, resolvida, porque eu acho que na verdade o contato está de outros planetas. eu estou em outro planeta quando ouço que se tem de ser feliz. sabe. tem de ser feliz é o caralho. vale dizer que as pessoas felizes não me ofendem. elas me ofendem quando dizem que eu tenho de ser feliz. porra, por acaso, você cortou um pedaço da minha pele? do meu nome? do meu rosto? por acaso mil anos de escadarias antigas moram no meio das suas pernas? qual escuridão você não me tocou, para dizer que tenho de ser feliz?
eu realmente me ofendo fácil. e eu só sei escrever isso. porque se eu tivesse de dar voz a isso, eu certamente estaria chorando agora. porque a voz traz lembrança da voz. é um rebuscar de vozes a voz na voz. e eu poderia estar falando de absurdo e nadas, coisas que me coloca em procura do que talvez torne a minha voz menos rouca. mas se apresenta uma roxura na verdade.. e se eu disser que a vida clara só é fascinante para quem nega a escuridão. eu não a nego. eu poderia dizer também que estou feliz a partir de onde meus olhos estão. a alma desconhece intrusos e outras vidas. a alma reconhece a minha vida. então caso você não esteja de encontro com o outro, não se demore nesta fala macia. a beleza também está na capacidade de amar o que não amaríamos.
a escadaria de mármore carrega um rapaz com arma na mão no fim da descida. ele diz bom e não me mata. isso é amor. por amor, ele nem sabe, que por amor ele não me matou. ele ativou em mim também a capacidade de andar nas amrgens disso que pode ser um dia literatura. eu falei um dia que e fico entre lá e cá, porque eu nunca faria literatura, porque os pássaros da minha janela, eles estão lá e eu estou falando deles, voando com eles. é, pode ser até que eu seja uma espécie de ficção disso que eu sinto. e a ficção de mim é o que não tem nome por isso eu vomito. eu te falei que criei uma página de escritora, hilda? eu me sinto uma das mulheres loucas que você disse, maura. eu poderia dizer que dentro de um feixe de luz de loucura, mora o meu absurdo. e o absurdo está lá, mas não é loucura, é uma procura, entende? eu estou me estendendo, ams na verdade eu queria muito dizer que estou bem. mesmo que eu esteja morrendo. que meus personagens não estejam bem, que eles se cortem e que abismados se joguem nos seus mais ocultos abismos, eu também estou feliz. a diferença é que hoje, mais que ontem ou amanhã, nenhum agora é mais ontem. e eu sei que ainda vou te encontrar como num sonho.
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