a gente nunca sabe quando vão nos plantar
invisíveis
eu te mandei uma carta com um fósforo aceso dentro
não sei se deu tempo de ler
que
antes das chamas
haviam borboletas entre as palavras
y você me falava de sonhos
desenhando no ar as cores
y era lindo porque eu via
eu te desenhei um roteiro abstrato
de solidão y falei "que bom que você não leu"
enquanto me pegava pela cintura
naquela noite nua
y me sussurrava cometas
eu te mandei uma carta
onde nela eu chovia
y você não me respondeu
espero que tenha dado tempo de ler
que nunca fui tão feliz
em uma semana de você
espero que tenha dado tempo
para o tempo
porque alguma coisa aconteceu comigo
enquanto aquelas noites me aconteciam
y eu não posso mais falar de solidão
sem que teu corpo me invada
sem que tuas mãos me soprem aqueles invisíveis
aqueles invisíveis que não sei o nome
mas ousei dizer na carta
que a chama
carrega
pingando
o quando
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