sábado, 27 de maio de 2017

corpus

gosto de gente que sabe
que tem corpos
perdidos em
outros planetas

das formas y cores

existe quem quer pertencer
y existe o infinito

eu gosto de pertencer ao infinito

nunca conheci quem vivesse
todos os seus amores
de forma leve

as pessoas são pesadas
não há toque
não há sorrisos sem medo
todos estão na mesma merda de castração afetiva

y eu ando cada vez mais sozinha

só que às vezes coloco alguém
no meio
y às vezes alguém é leve
y vai ficando
entre os voos

sobre um instante y fim

tinha as mãos mais gigantes do mundo

com elas
construiria tudo
que quisesse

imaginei ele construindo um castelo inteiro
sozinha
y um reinado em mim

eu nunca me apaixonei tão rápido por alguém
como me apaixonei por ele com aquelas mãos

foi bem rápido o quando os impulsos me impulsionam a dizer oi..
eu disse oi
depois veio o sorriso.. e putaqueopariu, que sorriso!

tudoissofoimuitorápido

y a namorada dele o abraçou por trás.. queria poder dizer que tudo bem, mas como é que se explica isso de querer escrever sobre as mãos de um desconhecido e continuar vendo o seu sorriso?

a gente perde cada amor pelo caminho.. eu hein!

perdi

transfiguração

tem gente que nos ajuda a transformar nossos venenos em antídotos

como teu sorriso belo
no meu

escorpiã-rainha

nas entrelinhas do meu desejo
está o teu nome
scorpiã
artesã de venenos



parasita

se instalou
lilás
sobre minhas palavras

vagalumeou três dedos
sob minhas pernas

eu não sei onde estou
quando você não está

y parece absurdo te procurar
no que escrevo
quando minhas palavras querem dizer que você se foda

y no fim
me foda também
de novo
y de novo
y de
novo..

porque existe uma história
que não sei porque se insiste em se escrever que meus lábios te esperam

sobre as histórias do IR

a gente nunca sabe quando vão nos plantar
invisíveis

eu te mandei uma carta com um fósforo aceso dentro
não sei se deu tempo de ler
que
antes das chamas
haviam borboletas entre as palavras

y você me falava de sonhos
desenhando no ar as cores
y era lindo porque eu via

eu te desenhei um roteiro abstrato
de solidão y falei "que bom que você não leu"
enquanto me pegava pela cintura
naquela noite nua
y me sussurrava cometas

eu te mandei uma carta
onde nela eu chovia

y você não me respondeu

espero que tenha dado tempo de ler
que nunca fui tão feliz
em uma semana de você

espero que tenha dado tempo
para o tempo

porque alguma coisa aconteceu comigo
enquanto aquelas noites me aconteciam

y eu não posso mais falar de solidão
sem que teu corpo me invada
sem que tuas mãos me soprem aqueles invisíveis

aqueles invisíveis que não sei o nome
mas ousei dizer na carta
que a chama
carrega
pingando

o quando

da lucidez

existe um momento de preocupação no que vejo. como dois arcos se exibindo infinitos.

sombra y luz..

bolhas demoníacas
estourando sob meus olhos
plástico de mãos
fingindo carinho

eu quis dizer também fugindo

meus olhos ardendo
de

um poste
a luz que não existe nele
os afetos afetados

y um desejo enorme de viver medíocre
entre as pequenas luzes que se acendem por não estarmos sós

tão pequenas
quanto a luz que vem sem sombra

porque os sorrisos não são resgatados com pequenas luzes
os sorrisos são das sombras

y tem gente apenas cansada

apesar de ter alguém

formulando
felicidade
em luz sem sombra
luz
inventada

resta apenas dizer que luz
inventada
se desmancha também
numa pequena invenção

onde uma cobra pica
onde as lobas salivam
onde a lua transita imperiosa a noite dos corpos dos amantes
onde a floresta come y chupa os dedos no mais alto de suas árvores
onde o globo ocular amarela, estrelando nomes destinais

ela se desmancha
em verdades
de sombra

onde
o quando..

segunda-feira, 22 de maio de 2017

desintenção

são tantas chuvas
que me queimam

meus trovões - feito um gozo -
estremecem
sob a luz fina do teu nome

tênue é o porto do encontro
onde duas mãos
livres
escolhem dentre tantos mundos
serem duas
[separadas em uma
se enlaçar]

das linhas invisíveis de um poema

eu saltaria o caminho
dos giros do teu batom
se soubesse onde
florescem
os teus vermelhos

te roubaria um beijo
num pouso
ou numa dança marítima
onde o mar cobriria tua boca em pérolas

te beijaria onde o Mar
é a vida
beleza
outono de primaveras

onde suaves y sem medo
os olhos surfariam
estes invisíveis

y num momento
tão qualquer
mesmo nos beijando
você me beijaria

sexta-feira, 19 de maio de 2017

de quando te sonhei poesia

sonhei que eu tinha uma indústria de canetas personalizadas
y você vinha levar
a sua

era azul
a sua

só a sua
escapavam estrelas ..

quinta-feira, 18 de maio de 2017

da tentativa de se iniciar um relato

a primeira parte de uma escultura que se molda é a parte que não é moldada dentro da gente.. a cintura dela.. sempre

 a cintura dela
 a me recusar
 invisíveis

quarta-feira, 17 de maio de 2017

escorpiã

cospe fogo
nas entranhas tem um nome pontiagudo
< destino >

y me sopra o dragão
na pele

absurdos que escrevo
enquanto sua presença ainda

se.me dissolve
enquanto ela me nasce
escorpiã

terça-feira, 16 de maio de 2017

chove no meu quarto o teu nome

ela era uma escorpiã
com asas

lembro da fogueira ardente
sob o ventre negro
onde nasceria uma filha
da magia

me toco sob a lembrança do fogo
nos dedos

queimo a tempestade do
meu nome
no teu: cavidade de onde me nascem
estrelas
y luas minguam


sobre quando o coração voltou a bater louco

se ela dissesse que
nasci de uma escorpiã,
acreditaria

existem muitas formas de não acreditar
no que se acredita

só depois de ir embora
que esculpi os escuros daquele passado:
ela tinha a boca de escorpião

envenenada,
eu ouvia encarnada

enquanto alguns portais se abriam sob a sombra de uma nuvem
nua
a noite se fez bailado

entre os anéis de saturno
que a Era de Aquário trazia
era uma vez 
de novo..

sexta-feira, 12 de maio de 2017

da mitologia que habita

as asas dos sonhos
não são as mesmas asas que cabem no poema

então lanço meus versos
à poesia do sonho
porque sonhar é não saber, mas infinitamente estar
junto
os cosmos,
as tríades do desejo
você
o poema
o amor

nada pode com o amor

no poema eu posso escolher
o sonho não. o sonho faz amor

inteiro promessa, o sonho
é também a linguagem dos deuses

onde a Deusa voa em direção de si
y me sopra
você :este estar mudo
dentro de mim

você em mim, este É
que sonho
y desperto sorrindo

quinta-feira, 11 de maio de 2017

mapeações

"um casamento não te prende. dinheiro não te prende. o amor dos outros não te prende. o seu amor não te prende. nenhum lugar te prende. nenhum ser humano"

eu nunca perguntaria o que me prende..

então fiquei assim, só

com essas divagações.

Voz

desde ontem
que não paro de te ouvir

em mim

sobre a eterna partida no mapa

me disse tantas vezes "não te prendas". logo eu, que nunca me prendi a nada. que queria mudar isso, fazer história, mesmo não sabendo que nunca seria de mim isso. eu que de tudo voo. até dos amores. disse que não se pode prender ao humano, quando a alma cheia de seres de outros planetas. quando a Deusa chama. hoje a minha tribo tem um nome ida, até o encontro. a minha tribo hoje é o outro. ela disse para dizer adeus. eu que coleciono adeus. que me prendi na poesia para poder alcançar algum encontro que por um momento escrito seja verdade. que sei que por um momento muito sutil dentro de mim também foi. ela disse para eu voltar porque a nossa história nunca vai acabar numa conversa. voltar pra ela, é a unica volta de que se fala. porque nossa história sim não é das palavras. então eu volto. faço o café, beijo sua tatuagem y vou embora. a diferença é que ela sempre soube que eu eu iria embora. mesmo eu mesma indo embora y não sabendo

agora esses versos
líquidos
carregando uma enchente no significado das palavras

agora essa tempestade
que se me
transborda

no fim de um raio
onde Lúcifer me acena
os passos
me esperam
[meus]

desde ontem
que eu floresci meus conceitos
que quero voltar lá

eu disse voo
                    lto

paralelo ao outro

essas guerras
com o outro
.essas guerras de mim.


karma

teu karma é
[de novo]
teu espírito selvagem

mapa

leu,
como nunca antes alguém havia lido,
minhas estrelas

disse que não vou ter casa
nem casamento
e que os amores todos comigo
mas eu com ninguém

disse que não sou gente
disse que aos 28 se pode fazer tudo

y mesmo em pleno voo,
seria preciso voar
mais

porque meu mapa
é inteiro nu

y nunca se sabe onde
é o ponto
g.


segunda-feira, 8 de maio de 2017

mira

no me olvido
tu sonrisa
tu voz
sus manos 

solo no estoy más con las ventanas llena de palomas
para te volar

mira, 
hay recuerdos que no lo sé más

escucha, no quiero 
fica lembrando de ti enquanto escrevo versos

yo te quiero ahora
donde tu nombre es Otra
y infinita
donde volar es voo

lâmina

duas lâminas coloridas
cortando a madeira
das nossas vidas

madeira roxa

fez um lindo anel
roxo
que escorria feito uva
em meus dedos

órbita

eu nunca disse,
mas agora posso dizer com esse amor que se.me..

[nos olhos dela
se escondem
meus anéis de saturno]

por isso também o meu tempo
passado presente futuro
sagrado é o encontro que a gente se encontra
no tempo do tempo
do agora

desde que ela
chegou
que eu só floresço
mesmo no inverno

porque ela sabe da flor

manhã


também é o nome mais belo que se dá
à coragem humana

dos escuros s'curos

estamos sempre a um passo da escuridão das coisas, S. não se pode medir a escuridão pela distância. a escuridão se mede pela fé. fé não tem distância, S. põe um lápis na garganta  l e n t a m e n t e.. escorrega teus medos com  a intenção que o lápis tem de te fazer engasgar. não engasga. segura. vês? a escuridão do lápis é onde você consegue chegar sabendo que ele está entrando.. entrando lentamente até fazer você perder o controle de segurar o lápis, até que ele esteja por um segundo inteiro dentro de você y tudo desmorone. o lápis fora, você tossindo escuros. vês, S? quanto tempo demora? às vezes é não segurar mais o lápis em direção á boca, S. vês. tudo isso é só uma ideia. não levar ele à boca. ficar assim com os olhos espantados d'ele dentro de você. mas repito, S, tudo isso é Fé. pela primeira vez te digo assim FÉ.

agora pega essa taça de vinho y molha teus escuros. você não vai ficar sozinha por muito tempo, S. dobra o joelho. reza. chora. agora imagina que ele não É. vê que ele não está mais aqui dentro da sua boca y agradece.

às vezes o escuro
está embaixo
da roupa

y se diz
pele

nascido de faz tempo

com os olhos cerrados de nós,
viu a bolha gigante que nunca
que não estourava
nunca

passou duas nuvens
y foi embora
choveu
relampeou
y a bolha lá, onde ele estava dentro
todo
inteiro
calculável,
y ela a contar abstrações

tinha algo amarelo quando

buscando a luz
no fim do
verso
um encontro aconteceu,
mas já era tarde

ou parecia caos
de estrelas
nascidas de faz tempo...

quinta-feira, 4 de maio de 2017

[a loba que me uiva]

ouço meu nome
de novo

me cresce um grito
y é uivo
sagrado

avanço as matas de mim
 nasço
renasço
Mulher de Agora
guiada pela Lua

minhas mãos transitam meu peito
meu coração
bate

no espelho
a loba
com cabeça de árvore

se abre
se uiva
            y voa

a loba dragonizada
etérea

salta

y eu acordo Ela

bétula

então eu pulei
y era voo

y você também
veio

bétula
bétulah

guirlanda de amor

silfos dourados
se amando no ar

anunciam essa tua
eterna vinda

tua vinda que
sou
Nós
vindo como um silfo
de se amar