terça-feira, 2 de novembro de 2021

da morte

a morte, se soubéssemos como começa, talvez trocaríamos mais docemente o que parece vida. mas a morte vem aos poucos, nos detalhes, nos descuidos. ela começa antes tantas vezes. ela vem sorrateira, pequena: um gozo e fim. ou uma ternura, sorrisos e depois esquecimentos.. os detalhes que se perdem não se sabe onde, a flor que não faz mais parte, o sorriso que não é mais tão presente, as coisas que de tantas nem damos importância. os dedos teclando ou alisando outros caminhos.

a morte começa cedo

só depois percebemos o morto.

e o morto está sempre para o céu,

está para o que é ir embora,

está para o que é se perder de novo

e ser infinito...


a morte é um voo,

sem pássaro ou nome,

só um voo.

um enorme voo

tempo de chegada.tempo de partida

teve um dia..

fui invadida por tuas palavras
y vestidos reversos
invasão é nudez, agora digo
nuas...
você fez uma espiral de versos
nos meus olhos
por muito tempo tudo o que eu via
era você
contemplei poesia
como quem dança
saltei da solidão
como quem encontra alguém que vale a pena saltar
e você então se me fez perto
mais perto do que eu estava de mim mesma
entrei num fervor de vulcões
sem medo
e minha língua
logo se confundiu na sua
como quem fogo
foge
fui mais fogo
que você verso
porque nunca sobra muito tempo
depois que se queima
a não ser o tempo queimando

e em mim você não queima
mais