quinta-feira, 3 de maio de 2018

o amor em fome

sento ao teu lado
enlaço meus dedos nos
teus
       dedos
que eu já comi

fruta fresca
uva
unha

dedos que já comi dedos

que
já comi serpenteando
que já comi de quatro
que já comi sentada
deitada
que já comi no bar
no banheiro do bar
na sua cama
no corredor
no banheiro

que já comi pura
nas impurezas de mim

e que também bebi quando podia

sobre a boca,
ainda essa fome Amor
e seus avessos

observações no escuro

paralelo aos encontros,
há o sonho

comendo a vida da gente
de magia

quarta-feira, 2 de maio de 2018

a poesia do sonho

é sempre assim a cobra
se
arrastando sobre o meu sexo.

de veneno, só
o gozo que se me escorre
entre

as pernas loucas trêmulas

terra sobre terra
ela avança mais um
cem

metro

e as métricas todas se confundem em teamo

poesia agora
enrolada às canelas

sobe un poco más
e se enrosca na minha cintura
y morde
y morde
y morde

porque essa não é história de veneno
ou morte
de luz ou escuridão

essa é a história de uma tatuagem antiga
uma história de passagem

travessia de mim,
que faz
amor