quarta-feira, 22 de março de 2017

[a nudez da Fé]

sinto meu olhar
um desfolhar de
piscadas exigentes
sem cor

desejo de ver-te além
dos pássaros do poema

verter os sentidos
as muralhas derramadas sob minhas pálpebras fechadas

sem nome
esse revés re.vela.do
[tua vinda queimando a fotografia
das minhas costas enquanto te revivo aos piscares]

miro o desconhecido da sua pele
quanto corpo sob o não-corpo
miro o que não se revela

sua folha nascendo sob meu poema
o papel do teu nome
rasurado na altura do meu desfolhar
a tua boca murmurando o silencio que se instalou 

a vértebra macia que se estica do
invisível
sob meus olhos fechados de tanto 
te olhar

te olhar: essa procura

y como se me coubessem azuis
acreditar no tempo vermelho

este templo sussurrado em estrelas no céu
uma luz seguindo o vazio
y segurando-o em existência imaginária
eu-jupiter-plutão
sem perde-la
a sussurrar nebulosas
enquanto escrevo

esta chuva ainda nos meus olhos
enquanto chove no meu quarto

y ainda que te perca,

soprar mais este
te-amo
entre as galáxias

sob as gotas que se desmancham em 
novo infinito
ainda que te perca,
piscar uma única
      nua
vez

metricamente nada

ainda que o caos me absorva
de novo
y de novo 
desfolhar-te-me

y levar ao infinito
a palavra-lugar
donde vives segredada

infiniteza
é o nome que te tenho nos dedos, escorrida como um banho que me batizo]

promessa: os meus olhos tamborilam
o tempo
como se te perdesse para te encontrar

ainda que te procure entre as pedras y folhas y fomes
peço
que não venhas nunca,
para que eu te encontre
no céu de alguma 
de alguém
de  

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