quarta-feira, 29 de março de 2017

de quando me roubei de ti a tua boca

sinto tua boca
sob os desertos de mim 

te recebo em dança
sob meus desertos

... há um som em passos de vento...

desejo de tecer esse abandono
a matéria fugidia,
chegar em você
sempre a tua boca a me dizer que a minha boca é linda
que.. ah...

esta solitude..
tu y yo, 

os olhos fechados
um tecer de abandono...

sinto o amor onde existem apenas sua boca y eu-desconhecida.. sua boca que beijo y beijo y beijo y não me canso de..

y eu me banharia no rio do teu sorriso. este mesmo rio que ontem chovi inteira. você me dá um infinito nos olhos. você é isso: um infinito que se instalou. entrou nas minhas manhãs. invadiu o meu transe geométrico com esse mesmo sorriso que ontem eu acordei mordendo.

desde que fizemos amor sob a sua janela, adiando qualquer abandono de morte. 

me sinto dançando sob teus lábios
imagem que não se vai

y eu dançaria
sob teus lábios
a oração que aprendi numa vida passada,

oração da chuva.
ao som de almas.. 

aos giros
alcançaria as notas dos teus dedos 
no corpo
em que piano

então você lê partitura de almas?

y a vida me responde
She

y um eco de sí..

quarta-feira, 22 de março de 2017

dois infinitos y seus lugares

demora um tempo
y a gente aprende
que
Lumiar é também
um dos lugares
do amor

[a nudez da Fé]

sinto meu olhar
um desfolhar de
piscadas exigentes
sem cor

desejo de ver-te além
dos pássaros do poema

verter os sentidos
as muralhas derramadas sob minhas pálpebras fechadas

sem nome
esse revés re.vela.do
[tua vinda queimando a fotografia
das minhas costas enquanto te revivo aos piscares]

miro o desconhecido da sua pele
quanto corpo sob o não-corpo
miro o que não se revela

sua folha nascendo sob meu poema
o papel do teu nome
rasurado na altura do meu desfolhar
a tua boca murmurando o silencio que se instalou 

a vértebra macia que se estica do
invisível
sob meus olhos fechados de tanto 
te olhar

te olhar: essa procura

y como se me coubessem azuis
acreditar no tempo vermelho

este templo sussurrado em estrelas no céu
uma luz seguindo o vazio
y segurando-o em existência imaginária
eu-jupiter-plutão
sem perde-la
a sussurrar nebulosas
enquanto escrevo

esta chuva ainda nos meus olhos
enquanto chove no meu quarto

y ainda que te perca,

soprar mais este
te-amo
entre as galáxias

sob as gotas que se desmancham em 
novo infinito
ainda que te perca,
piscar uma única
      nua
vez

metricamente nada

ainda que o caos me absorva
de novo
y de novo 
desfolhar-te-me

y levar ao infinito
a palavra-lugar
donde vives segredada

infiniteza
é o nome que te tenho nos dedos, escorrida como um banho que me batizo]

promessa: os meus olhos tamborilam
o tempo
como se te perdesse para te encontrar

ainda que te procure entre as pedras y folhas y fomes
peço
que não venhas nunca,
para que eu te encontre
no céu de alguma 
de alguém
de  

segunda-feira, 20 de março de 2017

despidas de inferno

asfixiada,
você procura o escuro
no meu rosto

aquele antes
do meu nome

y você pergunta se vai passar essa luz
que percorre seu infinito

y se eu disser que
depois dos meus dentes
existe uma mordida
y que teu nome está gravado nela?

dentro: iluminuras, cais, caos, asas
um pedaço do seu vestido azul
endereçando as rodas que fizemos

se eu disser que quando você me olha
é o escuro que me acendo

um sol em áries alucinado
enquanto
a marca dos teus dentes
transcendem também
sob minha pele
nua

y se eu disser que quando me olhas
é a mim que te olho
y queimo..
?

segunda-feira, 13 de março de 2017

lua

porque há
sempre uma nova história
para ser contada

num novo bordado de vestido
ou numa flor debaixo
das pernas

há sempre um lua cheio
para minguar na
boca

y hoje eu sou
ela

domingo, 12 de março de 2017

fotografia vampira

quanto tempo dura o delírio?

as costas nuas
tuas lentes me fazendo contato
os dedos vivos
os dedos atravessados sob
o tempo da carícia

[caminante de curvas]
que curvas da estrada de nós nos levou pra Longe?

ainda me
chove por teus dedos?

aqui, essa inundação..
minhas pernas em porto
meus vestidos sempre chovendo das costas
molhada
à espera
dos teus sempre dedos a me perpetuar tempestades

essa demora
da tua boca na minha
essa demora,

antes na foto p&b
alma acesa em vermelho de você
pulso ardendo
minhas chuvas todas se chovendo

corrente elétrica
metricamente fotografada

costas nuas

meus olhos baixos
sem você

num cenário imaginário
em que ainda chovemos
enquanto a marca dos teus dentes
                                                         me some

quinta-feira, 9 de março de 2017

espalhadas

as pulseiras
que se enroscam
transmutam o mundo
das miçangas
solitárias

y quebram
porque tem uma ordem
de ser
juntas

quarta-feira, 1 de março de 2017

meus passos embaralhados de
arco-íris

tua presença
céu.em.cor

teu nome de cor
no meu sobrenome poético

escorrido sob a lua
que cai na boca
do rio
y integra magicamente
os componentes
insólitos
do meu silêncio

teu nome, girosas vezes
cigana,
compondo um beijo
no meu desejo

um beijo que vem
do tempo
esse em que não nos tocamos
ainda




o caminho sul do teu beijo

existe o rio
que começa na sua boca

y bica

até a minha