sábado, 30 de maio de 2015
domingo, 24 de maio de 2015
amorte
eu tinha um frasco de você
guardado na boca
para quando fosse noite ou dia
em meus dedos
me chupar você em oferenda a mim
percorreria curvas do meu pescoço
e seguraria o coração nos meus peitos cheios
do meu corpo e dos meus olhos fechados desse você sagrado
cravaria-me as unhas
cruzaria-me as pernas
fecharia-me de mim os olhos para todos os outros
porque em mim o seu nome
em cada parte
fincaria-me você ávida e sem volta
como um gozo
no mundo do de dentro dos vestidos
você seria flor,
colibri nascidos pra dentro
e no eu que era você daqueles olhos descaminhos
frescor líquido da memória
escorrido como um esgoto para o nada,
nítida metáfora:
ideia, pensamento, amor
que me curava de você o corpo,
poço a poço
benzimento de fim ternura
cada parte da noite,
escuro a escuro,
na minha boca você,
o meu sussurro
pela manhã
o café, os sonhos descansados na mesa
e o teu nome também
em meu sorriso
estou só, é verdade,
mas te toquei-me esta noite,
e uma parte que não me sei é azul
amorte
guardado na boca
para quando fosse noite ou dia
em meus dedos
me chupar você em oferenda a mim
percorreria curvas do meu pescoço
e seguraria o coração nos meus peitos cheios
do meu corpo e dos meus olhos fechados desse você sagrado
cravaria-me as unhas
cruzaria-me as pernas
fecharia-me de mim os olhos para todos os outros
porque em mim o seu nome
em cada parte
fincaria-me você ávida e sem volta
como um gozo
no mundo do de dentro dos vestidos
você seria flor,
colibri nascidos pra dentro
e no eu que era você daqueles olhos descaminhos
frescor líquido da memória
escorrido como um esgoto para o nada,
nítida metáfora:
ideia, pensamento, amor
que me curava de você o corpo,
poço a poço
benzimento de fim ternura
cada parte da noite,
escuro a escuro,
na minha boca você,
o meu sussurro
pela manhã
o café, os sonhos descansados na mesa
e o teu nome também
em meu sorriso
estou só, é verdade,
mas te toquei-me esta noite,
e uma parte que não me sei é azul
amorte
ciganos: pai e filho, espíritos santos
os pés do meu pai
moram na casa do meu poema
como um destino de
família nenhuma
família nenhuma
e meu poema órfão
sem irmãos tios ou avós
nem pai tem o poema
da casa do pai ou mãe poemãe
nem pai tem o poema
da casa do pai ou mãe poemãe
não tem
meu poema caminha solitário
nas calçadas
e ele tem
o mundo inteiro
nos pés
nas calçadas
e ele tem
o mundo inteiro
nos pés
quando sai de casa e trabalha,
o meu poema se sustenta
de verso, flores, árvores e tudo o que vai
o meu poema se sustenta
de verso, flores, árvores e tudo o que vai
em idas
meu poema só
é
e ele não tem
volta
e ele não tem
volta
mas há casa nenhuma
e pés,
meu pai...
e pés,
meu pai...
segunda-feira, 18 de maio de 2015
sobre mãos e manhãs...
se minhas mãos
fossem manhãs
elas te colheriam ao calor do dia
e deixaria sob tua existência um pedaço seu de sol
e roubaria o girassol dos teus ombros
para enfeitar a lua
se minhas mãos te fossem manhã,
eu te puxaria pro outono,
e te mostraria a loucura do céu desestrelado
desvendaria algumas nuvens
e te contaria a formula do arco-íris de dentro dele,
e eu te acordaria aos beijosmãos
mas minhas mãos só mãos,
e as manhãs estão tão distantes de nós
agora
terça-feira, 12 de maio de 2015
terça-feira, 5 de maio de 2015
poesia
é com a boca cheia
de uvas
que escrevo este poema
no pé dos teus
cachos de
palavras ...
e eu quero dizer alguma coisa que faça
um sentido de líquidos estourados e vivos
e eu quero dizer alguma
coisa vazia que me transformo quando falo
e eu quero me pisar inteira de você
e amor e poesia e ternura escorrendo da boca
ao pescoço
eu quero as palavras deste poema
que você me causa
eu quero, juro,
que
quero você na minha boca
vazias uvas
explosões de uvas
roxeado brilhante no selvagem dente
do verbo
eu quero mesmo
mas ainda estou inteira
boca cheia vulvas
uvas
e teus cachos não são
uva sou
e uivo em lilás
de uvas
que escrevo este poema
no pé dos teus
cachos de
palavras ...
e eu quero dizer alguma coisa que faça
um sentido de líquidos estourados e vivos
e eu quero dizer alguma
coisa vazia que me transformo quando falo
e eu quero me pisar inteira de você
e amor e poesia e ternura escorrendo da boca
ao pescoço
eu quero as palavras deste poema
que você me causa
eu quero, juro,
que
quero você na minha boca
vazias uvas
explosões de uvas
roxeado brilhante no selvagem dente
do verbo
eu quero mesmo
mas ainda estou inteira
boca cheia vulvas
uvas
e teus cachos não são
uva sou
e uivo em lilás
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