terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

?

amei tanto
um objeto qualquer
da estante

era um livro,
é, acho que era

ele me amou,
dizia calado

mas será 
que nos amamos?

chuva

e seu eu disser que
a chuva lá de fora
não é só chuva?

e que se te parecem 
loucas
 as gotas
não se engane,
é mesmo a água do meu grito
que te quer invadir 
penumbras
molhadas
mais abaixo

águas que querem

regar sua 
                 rudez silenciosa
de passado

    tempestade
que me pergunta 

       ainda
   sobre amor
  quando chove


flor calada

remanescência:
grande ato do teu dorso
curvando-se
para o longe

dava dois passos
já te perdia 
nitidamente

e se foi delírio
que calemos
as flores que invadem
o silêncio 

e no voltar da pétala que cresce,
corrompe
cortar de asas da flor

a mesma flor
tão flor
que morre
de silêncio
num copo
afogada
de si.